“É importante ter noção de realidade em relação ao dinheiro”, diz Lucas Silveira, da Fresno 

De Porto Alegre para os palcos de todo o mundo, Lucas Silveira, vocalista da Fresno, participou do B3 Convida e falou sobre sua trajetória, o começo da banda, assim como sua relação com dinheiro, desde a infância até no relacionamento com sua família e filha. 

Lucas lembra que sua dinâmica com dinheiro na infância era bem “unilateral” – ele queria ter, mas essa não era a realidade. Ele conta que apesar de não passarem dificuldade, a vida dele e dos irmãos não era de luxos, com sua mãe os criando sozinha após se divorciar do pai. 

Porém, ele diz que ainda tinha um certo contato com as finanças da casa, já que funcionava como um ‘office boy’ de sua mãe, pagando contas e tirando extratos quando a mãe precisava.  

“Os anos 90 era uma época bem caótica economicamente, mas como era office boy da minha mãe, eu posso dizer que tinha uma proximidade maior com as economias da casa. Eu ia tirar o saldo que minha mãe pedia e via o extrato no negativo, e a vida toda era assim, mas sobrevivemos e hoje ela é aposentada”, falou. 

O vocalista da Fresno contou também que começou a ter alguma independência financeira quando começou a trabalhar, por volta dos 20 anos, já durante a faculdade de publicidade. 

“Eu fui ter alguma independência financeira quando comecei a trabalhar numa produtora de jingles, onde eu conseguia ser meio músico, porém para vender coisas. Foi quando abri minha primeira conta no banco”, relembra. 

Educação financeira em casa 

A realidade diferente em que vive hoje, comparado à sua infância, faz com que Lucas viva uma dinâmica diferente como marido e pai. Por isso, ele destaca a importância de passar uma imagem realista do dinheiro para a filha. 

“Nós buscamos aprender e ser melhores, e por isso, procuro colocar para minha filha o valor das coisas. Sei que posso dar uma vida mais confortável do que eu tinha, e aí entra o desafio de não dar tudo de mão beijada e mostrar que as coisas não vêm facilmente”, aponta. 

O cantor afirma que busca trazer a noção da vida e da realidade, mesmo que aos poucos, já que a filha tem 9 anos, e que o interesse sobre o assunto vai surgindo com o amadurecimento. Mas ele conta que ela já tem acesso a coisas que não teve nesta idade, como uma conta bancária. 

“Colocamos dinheiro de trabalhos de publicidade que ela participa. Ela não pode pegar o dinheiro para sair gastando, mas sabe que tem uma conta, quanto tem. Assim, vou tentando explicar o custo-benefício das coisas, e que a maioria das pessoas não tem as mesmas condições que temos. É muito importante ter uma noção de realidade quando se fala de dinheiro. Porque a bolha é enorme, então, é muito difícil trazer e mostrar as realidades, mas vou tentar mostrar aos poucos”, ressalta o cantor. 

Lucas ainda diz que aprendeu e aprende sobre autocontrole, e que acha que é o mais difícil em relação ao dinheiro, pois atualmente é muito fácil comprar, gastar e consumir. “É preciso fazer essa reflexão, de fazer as compras com responsabilidade, sabendo que não vai faltar na frente. É importante dar o exemplo também”.  

Início da Fresno e a internet como alavanca 

Em sua participação no B3 Convida, o cantor da Fresno lembrou também do início da banda, e de como a internet serviu como alavanca da carreira na música.

“Sempre estive imerso na febre dos computadores e da internet, então quando montamos a Fresno, era óbvio para mim que precisava colocar as músicas na internet. Começou dessa forma e para mim não foi uma ideia, era uma coisa óbvia”, diz. 

“Na época não tínhamos como gravar as músicas, estávamos no terceiro ano do ensino médio, e ainda era difícil produzir as músicas, então no começo era eu com um gravador e um violão, fazendo as músicas e subindo na plataforma o que seriam as músicas da Fresno”, lembrou ainda.  

Lucas contou que ele e os integrantes da banda não tinham dinheiro para investir na música de primeira, então a internet foi o caminho. “A música alternativa cresceu com o movimento global, mas também com as pessoas que gostavam de descobrir novos movimentos ‘underground’ na internet, e assim foi com a Fresno”. 

Ele ainda conta que o primeiro show que deu lucro, o dinheiro foi usado para comprar cases para as guitarras. “No começo, tudo que entrava colocávamos de volta na banda para crescer. Tivemos o privilégio de começar a banda para nos divertirmos, e não com obrigações, o que nos deixou mais livres para escolher os caminhos”. 

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