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BC eleva previsão para o PIB e reduz para inflação; CMN discute mudanças na meta

Após a divulgação do Relatório de Inflação, Roberto Campos Neto, presidente do BC, afirmou que predomina a “visão de deixar a porta aberta” para cortes dos juros

No dia em que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai discutir uma possível mudança no modelo da meta de inflação, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC) trouxe desacelerações nas expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste e nos próximos dois anos.

A publicação do Banco Central reduziu a estimativa dos preços em 2023 de 5,8%, em março deste ano, para 5% neste mês. O resultado ainda permanece acima da meta (3,25%) e do teto (4,75%) definidos pelo CMN.

“Destaca-se, no cenário de referência, a redução da probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior em 2023, que passou de cerca de 83% no relatório anterior para 61% neste relatório”, afirmou o BC no documento.

Na semana passada, o mercado financeiro estimou que a inflação deve encerrar 2023 em 5,06%.

Para 2024, a estimativa do BC para o IPCA recuou de 3,6% para 3,4%. Já para 2025 houve uma leve desaceleração na projeção, que passou de 3,2% para 3,1%. As duas expectativas mostram que a inflação está bem próxima da meta para os dois anos, que é de 3%.

Cortes na Selic pelo BC

Em entrevista à imprensa após a apresentação das estimativas do Banco Central, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, falou sobre um possível corte na taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária em agosto.

Segundo Campos Neto, a avaliação majoritária do Copom foi de “deixar a porta aberta” para um possível corte dos juros. Essa é a primeira declaração do banqueiro sobre uma possível redução da Selic.

“Nós temos dois instrumentos de comunicação. A função do comunicado é expressar uma opinião de consenso. Já a ata tem o objetivo de explicar o que foi discutido na reunião. Quando você tem uma reunião bem dividida, como foi a última, explicamos [a divergência] na ata. O que predominou foi a visão de deixar a porta aberta [para corte da Selic]”, afirmou.

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Reunião do CMN e mudanças na meta

O Conselho Monetário Nacional é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet, e pelo presidente do BC.

Os três se encontram nesta quinta-feira, 29/06, para discutir uma possível mudança no modelo das metas de inflação, além de definir a meta de 2026.

O modelo adotado hoje é de ano-calendário, ou seja, o CMN define uma meta de inflação para cada ano. No entanto, Haddad tem defendido que a meta seja contínua, não limitada ao período de um ano.

“Só o Brasil e mais outro país, acho que Turquia, que usa meta calendário”, disse o ministro em entrevista a Miriam Leitão na Globonews. Importante pontuar que as decisões do Conselho são tomadas por maioria simples de votos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje que o Brasil não pode ser “tão rígido” com sua meta de inflação porque, caso contrário, poderá ter dificuldade para alcançá-la.

“A gente tem que ter uma meta que a gente alcance. Alcançou a gente pode reduzir e fazer mais um degrau. É para isso que a política monetária tem que ser móvel, e não fixa e eterna”, disse à Rádio Gaúcha.

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Produto Interno Bruto

O Relatório Trimestral de Inflação elevou de 1,2% para 2% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto neste ano. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período.

A melhora na perspectiva para a atividade econômica acontece após o forte avanço de 1,9% no PIB brasileiro. O resultado foi puxado pela agropecuária, que avançou 21,6% no período: a maior alta desde o quarto trimestre de 1996.

Apesar do aumento, a projeção do BC está abaixo do mercado financeiro, que vê uma aceleração da economia para 2,18% neste ano.

“Apesar da alta na estimativa para a variação anual, a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica [taxa de juros]”, concluiu o BC, no relatório.

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