Como as carteiras se diversificam no atual cenário de incertezas?
Painel do MKBR22 discutiu como os investidores devem enfrentar o cenário atual pós-pandemia
Se há um tempo os investidores viveram um cenário tranquilo de inflação controlada e juros baixos, os últimos dois anos trouxeram a pandemia e a guerra na Ucrânia. Estes e outros acontecimentos impactaram na economia e política mundial, influenciando também o mercado financeiro.
Diante dessas novas circunstâncias e suas consequências que ainda se prolongam, investidores precisaram readequar suas carteiras e rever estratégias. Um dos painéis apresentados hoje pelo MKBR22, evento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com a B3, trouxe especialistas para discutir como os investidores devem enfrentar esse novo cenário. Confira a seguir alguns dos principais pontos abordados.
Protagonismo da Renda Fixa
Segundo uma das convidadas do painel, a influenciadora digital Marilia Fontes, a principal mudança observada nos últimos dois anos foi a readequação de carteiras em favor da renda fixa. O período da pandemia tornou necessárias medidas de estímulo econômico por parte de governos, o que injetou dinheiro na economia e aumentou o consumo da população.
O quadro provocou a alta da inflação e dos juros. Foi esse o caso observado no Brasil e também ao redor do mundo, como nos Estados Unidos, onde também houve medidas de estímulo e consequente alta da inflação. Porém, enquanto o Brasil já começa aos poucos a se recuperar, o cenário mundial deve conviver com taxas altas por mais tempo.
Com o aumento das taxas de inflação e dos juros, tornaram-se vantajosos os investimentos em renda fixa pós-fixados pelos dois indicadores. Segundo levantamento da Anbima, a renda fixa foi responsável por 96% das emissões do mercado de capitais em agosto – a maior participação para um mês desde setembro de 2018.
Em relação às debêntures, um dos produtos da renda fixa, o volume captado foi de R$ 180,2 bilhões em 2022, contra R$ 137,5 bilhões de janeiro a agosto de 2021 – naquele período, a Selic estava em 5,25%.
Educação financeira
Outra participante do painel, Luciane Effting, head da Área de Distribuição de Investimentos do Banco Santander, destacou como o período da pandemia favoreceu novos aprendizados, graças à proliferação de conteúdos digitais voltados às pautas de finanças e investimento. Segundo Effting, uma maior quantidade de informação circulando trouxe mais segurança aos investidores, sobretudo aos iniciantes.
Por outro lado, ela também destacou como assessorias profissionais são muito importantes para o investidor, seja ele experiente ou iniciante. Effting afirmou que os investidores que se saíram melhor no advento da pandemia foram os mais bem assessorados, uma vez que puderam readequar suas carteiras – no geral, passando da renda variável para a fixa – com mais rapidez.
Renda fixa x Variável
Mais um convidado do painel, Fernando Miranda, responsável pela área de investimentos no Nubank, ressaltou a importância da educação financeira. Segundo Miranda, os brasileiros estão começando a entender que investir é essencial para a conquista de objetivos. Destacou também que a rotina de investimentos pode ser de grande ajuda para a superação de problemas típicos da sociedade brasileira: a dificuldade de poupar e de se planejar financeiramente.
Miranda também afirma que, mesmo com o protagonismo da renda fixa observado nos últimos anos, a renda variável continua a ser uma opção. Alguns números corroboram a visão do especialista; segundo levantamento da B3, de agosto de 2021 ao mesmo mês de 2022, foi registrado aumento de 40% de novos investidores no mercado de ações. Ao todo, 4,4 milhões de pessoas investem na bolsa.
Os três especialistas concordam que o mercado financeiro está se dinamizando. Eles citaram como exemplo a criação de novos BDRs e fundos de investimento.
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