Caged: o que você precisa saber sobre o indicador de desemprego
Geração de novos empregos é um dado importante na hora de avaliar como aplicar seus recursos
O Ministério do Trabalho e Previdência divulgou nesta segunda-feira (29) o saldo de empregos com carteira assinada no Brasil, num total de 218.902 vagas criadas no mês de julho. O levantamento é extraído do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Trata-se de um indicador do governo federal que considera apenas as contratações e as dispensas de funcionários informadas pelas próprias empresas e considerando apenas os contratos sob as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Naquele mês, os setores da economia que mais geraram vagas formais foram o de serviços (81.873 postos formais), seguido pela indústria geral (50.503 vagas), o comércio (38.574 vagas), a construção civil (32.082 vagas) e a agropecuária (15.870 vagas). No acumulado dos últimos 12 meses (agosto de 2021 a julho deste ano), foram gerados 2,5 milhões de postos de trabalho.
Com relação aos salários, houve um aumento de 0,8% no valor oferecido aos novos contratados. Na média, o salário estava em R$ 1.926,54.
E o que seu bolso tem a ver com o Caged?
Ficar de olho nos índices de emprego e renda no País é importante para os investidores, que precisam escolher um produto financeiro para alocar seus recursos dentre as diversas opções disponíveis no mercado.
Tanto os números do Caged quanto os indicadores sobre a população ocupada divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são termômetros importantes para medir a recuperação econômica. Afinal, quanto mais gente trabalhando, mais chance de aumentar o consumo, as empresas lucrarem e os seus investimentos renderem mais.
Num cenário de aumento de vagas de emprego, alguns investimentos tendem a ser mais beneficiados do que outros, como é o caso dos ativos de companhias listadas na B3 no setor de serviços – o que mais gerou vagas de acordo com os dados do Caged –, por exemplo: as concessionárias de rodovias, as empresas de telecomunicações, de mídia, de locadoras de veículos, as fornecedoras de softwares e outras.
Quanto mais diretamente ligados à economia doméstica – isto é, negócios que não dependem da exportação nem da variação do preço internacional, como as commodities –, maior a probabilidade de as receitas da empresa crescerem com a geração de novas vagas.
Como os níveis de emprego afetam a renda fixa?
Além das ações de companhias listadas na Bolsa de Valores, os títulos de renda fixa também são afetados pelos índices de emprego e desemprego. O aumento do consumo (gerado pelo maior número de pessoas ocupadas) pode gerar um aumento da inflação no Brasil. A inflação é causada, entre outros fatores, por uma maior demanda versus a oferta de produtos e matérias-primas no mercado.
Em períodos em que o emprego está em alta, os títulos de renda fixa e outros ativos que usam o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) como referência se tornam opções interessantes, já que a inflação tende a subir –elevando a rentabilidade desses investimentos. E mais: se a pressão inflacionária se mantiver, o Banco Central tende a subir a taxa básica de juros (Selic) – o que significa que títulos atrelados a esse indicador também podem oferecer uma maior rentabilidade.
O que a taxa Selic tem a ver com a inflação? Confira em vídeo no hub de educação da B3.
Quanto aos ativos impactados pelo preço das commodities, esses costumam sofrer menos impacto com os indicadores de emprego e desemprego. Afinal, a variação das commodities no mercado é determinada de acordo com o cenário global e, por isso, pouco afetada pelas mudanças macroeconômicas internas.
Por isso, apesar de o emprego e desemprego mexerem com o preço de ativos de algumas empresas listadas na B3, o índice oficial da Bolsa de Valores (Ibovespa B3) não replica a mesma volatilidade, já que sua composição também traz companhias exportadoras de commodities – como a Vale, de minério de ferro, a Petrobras, de petróleo, e a Klabin, de papel e celulose – , que não são afetadas por essas notícias.
Cabe lembrar que, além de uma boa avaliação sobre o cenário econômico do Brasil, estudar as características particulares de cada setor e os fundamentos de cada empresa é uma regra de ouro antes de investir. Se os produtos financeiros desejados estiverem de acordo com o seu perfil de tolerância ao risco, sua expectativa de rentabilidade, seus prazos e objetivos, siga em frente na alocação dos recursos.