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Copom deve manter juros em 13,75%; mercado espera sinalização de queda em agosto

Economistas aguardam tom mais suave do Copom diante de projeções mais comportadas da inflação. no entanto, Copom deve continuar vigilante

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Mercado espera que a taxa Selic seja mantida pelo Copom. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% na reunião do Copom desta quarta-feira, 21/06, não é novidade para o mercado. A expectativa é de que o Comitê inicie um corte gradual de juros a partir de agosto.

Mas por que o comunicado após o encontro é tão aguardado pelos analistas? A explicação está no tom que os membros do Comitê devem adotar sobre a melhora das projeções de inflação. Será esse tom que dará sinais mais claros sobre o rumo da taxa de juros no país.

O economista-chefe da XP, Caio Megale, e os analistas Rodolfo Margato e Alexandre Maluf, acreditam num ajuste na comunicação do Copom diante da recente melhora nas perspectivas de inflação, mas com ressalvas.  

“Como as projeções de inflação continuarão acima da meta, o comitê tende a manter a ‘guarda alta’, sem se comprometer com a próxima decisão”.

Copom e as expectativas de inflação

O último boletim Focus do Banco Central mostrou uma redução nas projeções de inflação para este ano de 5,42% para 5,12%. Ainda assim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,75%.

No prazo mais longo, que é descrito pelo Copom como ‘horizonte da política monetária’, também houve uma desaceleração. Para 2024, a projeção do mercado financeiro para o IPCA caiu de 4,04% para 4%. Para 2025, também houve um recuo de 3,90% para 3,80%. Os índices estão bem mais próximos da meta, que é de 3% para os dois anos.

Mesmo com essa perda de ritmo, os analistas da XP acreditam que o Copom deve manter a visão de que a política monetária precisa continuar restritiva, ainda que não necessariamente no grau atual.

“Acreditamos que o comunicado ainda trará a mensagem de que, apesar de ser um cenário menos provável, o Copom não hesitará em retomar o ciclo de ajuste monetário caso o processo de desinflação não prossiga conforme o esperado”. 

Copom e a atividade econômica

O Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 1,9% no 1º trimestre. O resultado foi puxado pela agropecuária, que sofre pouco impacto da taxa básica de juros.

Por outro lado, setores como a indústria, o varejo e os serviços já têm sido impactados pela Selic mais alta. Essa perda de dinamismo é mais um fator que mostra o impacto da política monetária restritiva adotada desde agosto de 2022.

“As projeções para o PIB de 2023 aumentaram por conta principalmente de choques positivos de oferta, como a produção agrícola recorde. Por sua vez, os números mais recentes das vendas no varejo, produção industrial e receitas de serviços indicam desaceleração gradual e mais espalhada”, explicam os economistas da XP.

Copom e o cenário externo

O cenário externo mais favorável, com os juros em patamares elevados nos Estados Unidos, também tem favorecido a entrada de dólares no Brasil, o que ajuda a desacelerar a inflação.

“A melhora do cenário externo, com o risco atenuado de recessão nos países desenvolvidos e de alastramento de riscos sistêmicos no sistema financeiro internacional, também contribuiu para essa previsão mais otimista para a atividade econômica”, explica o coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA, Fernando Honorato.

Expectativas para o corte de juros

As surpresas baixistas na inflação corrente e a queda do dólar frente ao real, se somam a perspectiva de redução do risco fiscal a partir da aprovação na Câmara do novo arcabouço. A nova regra para colocar as contas públicas em ordem deve passar pelo Senado nesta semana.

Diante desse quadro mais benigno, é quase unânime a expectativa dos analistas para um corte da Selic a partir de agosto. “Nosso cenário base considera um corte de 0,25 p.p., seguido de cortes de 0,50 p.p. até a taxa Selic atingir 11% no 1º trimestre de 2024”, conclui o time da XP.

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