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Copom deve manter Selic em 13,75%; saiba o que esperar do último encontro do ano

Analistas avaliam que o Comitê deve voltar a indicar a retomada do ciclo de ajuste dos juros, caso os riscos fiscais e a pressão da inflação persistam

Faxada banco central do Brasil
O Copom inicia sua reunião nesta terça-feira. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne pela última vez no ano nesta quarta-feira, 07/12. As projeções dos economistas preveem a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, valor que está em vigor desde agosto. A decisão será divulgada após o fechamento do mercado.

O comunicado do comitê deve ser analisado em detalhes diante da piora da percepção de riscos fiscais nos últimos meses e da inflação persistente que segue em patamares elevados – acima do teto da meta do BC tanto neste ano quanto em 2023. Os economistas alertam para os recados que o Copom deve dar em relação a esses temas.

O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que o Copom vai manter a Selic no mesmo patamar e indicar que, por enquanto, entende que é o patamar adequado. Por outro lado, o comitê vai dar um grande alerta para o novo governo de que está atento a parte fiscal do país e vai agir em caso de necessidade.

“Se no último comunicado ele deu uma leve indireta sobre criatividade nas políticas fiscais. Agora ele deve ser ainda mais incisivo, mais duro. O mercado, no passado, tinha mais paciência para isso [riscos fiscais], mas agora não é mais a realidade. Economias desenvolvidas como o Reino Unido tentaram fazer algo mais diferente e o mercado foi para cima muito rápido, exigindo uma precificação de juros bem mais alta”, explica.

A reunião de hoje é a última no governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, Roberto Campos Neto, permanece como presidente do BC até 2024. A lei de autonomia do Banco Central está em vigor desde 2021 e estabeleceu um mandato de quatro anos para presidente e diretores da instituição.

Pressões da Inflação

O movimento de alta das expectativas de inflação neste ano e em 2023 deve se refletir na decisão do Copom nesta quarta-feira.

O boletim Focus desta semana, mostrou que a estimativa do IPCA para 2022 avançou pela sexta semana consecutiva para 5,92% – bem acima da meta de 3,5% e do teto de 5% estabelecidas pelo Banco Central. Para 2023, a projeção para a inflação subiu para 5,08% – também acima da meta e do teto que é de 3,25% e 4,75% respectivamente.

Para o estrategista da RB Investimentos, em caso de aumento da sensação de uma inflação mais descontrolada, com o novo governo trazendo mais medidas inflacionárias, o Copom vai mexer nos juros.

“Nas últimas reuniões, ele não mostrou que começou a discutir corte de juros. Eu acho que ele vai continuar com essa tendência de falar: ‘olha parece que está bem distante esse cenário de começar a discutir juros em queda’. O Copom vai afastar a possibilidade, as precipitações, daqueles analistas que ainda enxergam uma queda nos juros no começo do ano que vem, no primeiro trimestre”, afirma Gustavo Cruz.

Riscos Fiscais

As recentes pressões do mercado financeiro com as contas públicas devem levar a uma sinalização do Copom no comunicado de hoje. A discordância está na forma de como virá a comunicação. Parte dos economistas acredita que o Comitê só deve citar que os riscos fiscais tem impactado as projeções para a economia – o que eles chamam de ‘assimetria no balanço de riscos’. Já outra ala, afirma que o BC será mais duro ao falar dos riscos fiscais.

Sinalizações

As incertezas na economia local e externa deve levar o Copom a voltar a falar em ‘postura vigilante para que a convergência da inflação às metas seja alcançada’. O comitê do Banco Central deve voltar a indicar também que ‘não irá hesitar em retomar o ciclo de ajuste da política monetária caso o processo de desinflação não ocorra como esperado ou que haja uma nova rodada de desancoragem das expectativas inflacionárias’.

Relembre a alta dos juros

O Banco Central começou a elevar os juros em 2021 – após a taxa chegar a 2% ao ano, menor patamar da história, durante a pandemia. Em março daquele ano, o BC passou a subir a Selic em 12 reuniões consecutivas até atingir 13,75% ao ano. Esse foi o mais longo ciclo de alta desde 1999 e deixou a Selic no maior nível em seis anos.

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