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Educação impulsiona IPCA de fevereiro que avança 0,84%

É o quinto mês consecutivo no positivo, segundo o IBGE. Em 12 meses a inflação sobe 5,60% – bem acima do teto da meta de 4,75%

IPCA; inflação. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O resultado ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, acelerou para 0,84% em fevereiro, depois de subir 0,53% no mês anterior, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 10/03. É o quinto mês consecutivo de alta e o maior resultado desde abril do ano passado (1,06%).

O valor veio acima das expectativas do mercado de alta de 0,78%. Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, apesar do resultado relativamente próximos às projeções, não há alívio para as preocupações do Banco Central com a inflação ao consumidor.

“A média dos núcleos de inflação mostrou elevação de 0,73% em fevereiro ante janeiro, com a métrica de média móvel de 3 meses anualizada e dessazonalizada – importante para avaliação da tendência de curto prazo – subindo de 5,77% para 6,57% no período, muito acima da meta de inflação de 3,25% para este ano”.

IPCA – VARIAÇÃO MENSAL

Fonte: IBGE

Em 12 meses, a inflação ficou em 5,60%, uma perda de ritmo na comparação com o acumulado até janeiro (5,77%). No entanto, o valor segue bem acima da meta (3,25%) e do teto da meta (4,75%), definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No ano, o IPCA já avança 1,37%.

Para Caio Megale, a tendência de desinflação observada no ano passado parece perder força, com a inflação ainda em níveis elevados. “Isso não é uma boa notícia para o Copom, à medida que se aproxima a reunião de março”.

IPCA – VARIAÇÃO 12 MESES

Fonte: IBGE

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE pelo segundo mês consecutivo, apenas Vestuário teve variação negativa em fevereiro (-0,24%), depois de cair 0,27% no mês anterior. “Esse grupo vinha apresentando sucessivas altas há muito tempo. É natural, portanto, que os preços comecem a baixar”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Reajuste das mensalidades

O maior peso no resultado da inflação no mês passado veio de Educação – avanço de 6,28%. Segundo o IBGE, essa foi a taxa mais alta desde fevereiro de 2004 (6,70%). O grupo representou 0,35 ponto percentual do total do índice no mês.

Segundo Pedro Kislanov, a alta elevada reflete os reajustes de mensalidade praticados no início do ano. “Fevereiro é sempre muito marcado pela educação, pois os reajustes efetuados pelos estabelecimentos de ensino na virada do ano são contabilizados nesse mês. Normalmente, essa alta de educação fica indexada ao próprio IPCA, ou seja, o reajuste das mensalidades é baseado na inflação do ano anterior”, afirma o gerente da pesquisa.

O ensino médio registrou a alta percentual mais relevante (10,28%), seguido do ensino fundamental (10,06%), pré-escola (9,58%) e creche (7,20%). O maior peso, no entanto, veio do ensino fundamental – com impacto de 0,15 ponto percentual no índice do mês.

Segundo o IBGE, houve altas relevantes também no ensino superior (5,22%), cursos técnicos (4,11%) e pós-graduação (3,44%). Os cursos regulares, que reúnem todas essas categorias, subiram 7,58%.

Saúde, aluguel e energia também alavancam IPCA

O segundo grupo que mais impactou na inflação em fevereiro foi Saúde e cuidados pessoais, com avanço de 1,26% após a queda de 5,86% em janeiro. O resultado foi puxado pela subida nos preços dos itens de higiene pessoal, que tiveram alta de 2,80%. Os perfumes também tiveram alta de 7,50%, e produtos para pele subiram 4,54%.

Os planos de saúde avançaram 1,20% diante da incorporação das frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.

No grupo Habitação, que subiu 0,82% em fevereiro, a contribuição mais importante veio dos preços de energia elétrica residencial – com alta de 1,37%. Os preços do aluguel residencial também avançaram e registraram alta de 0,88%. Ambos são aumentos sazonais que costumam pesar nesta época do ano.

Segundo o IBGE outro destaque de alta de preços foi a taxa de água e esgoto, cuja alta de 0,87% decorre de reajustes em Salvador (11,08%), Fortaleza (3,54%), Belo Horizonte (1,67%), Campo Grande (1,27%) e Brasília (1,13%).

Transportes e Alimentos sobem menos

A desoneração dos combustíveis terminou no último dia de fevereiro. Portanto, não teve impacto na inflação do mês. Assim, o grupo Transportes subiu 0,37% e foi puxado pela alta da gasolina (1,16%) – único combustível que subiu em fevereiro. Já o etanol (-1,03%), gás veicular (-2,41%) e óleo diesel (-3,25%) tiveram quedas expressivas, segundo o IBGE.

Outro destaque foi a redução expressiva de preços de passagens aéreas: queda de 9,38%.

O resultado do grupo Alimentação e bebidas (0,16%) foi influenciado pela desaceleração na alimentação em casa, que passou de 0,60% em janeiro para 0,04% em fevereiro. Segundo o IBGE, houve queda mais intensa nos preços das carnes (-1,22%), batata-inglesa (-11,57%) e do tomate (-9,81%).

Pelo lado das altas, o vilão foi o leite longa vida (4,62%), cujos preços voltaram a subir após 6 meses consecutivos de quedas. 

Veja abaixo as variações de cada grupo em fevereiro:

  • Alimentação e bebidas: 0,16%
  • Habitação: 0,82%
  • Artigos de residência: 0,11%
  • Vestuário: -0,24%
  • Transportes: 0,37%
  • Saúde e cuidados pessoais: 1,26%
  • Despesas pessoais: 0,44%
  • Educação: 6,28%
  • Comunicação: 0,98%

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