Por que uma empresa muda seu ticker?
Mudança acompanha reformulação de negócios
É provável que o investidor experiente saiba de cabeça os tickers das empresas nas quais investe, ou então que conheça aqueles mais divulgados pela mídia especializada ou vistos em relatórios de bancos e outras instituições financeiras. E mesmo quem está começando agora a investir, com certeza já se deparou com algum ticker, tamanha é a sua presença no cotidiano do investidor.
O ticker é o código por meio do qual os papéis de uma empresa são negociadas na bolsa; ele segue sempre o mesmo esquema: quatro letras escolhidas pela empresa, que representam o seu nome, mais um número que identifica o tipo de ação – 3 para ações ordinárias, 4 para ações preferenciais e 11 para units (conjunto de ordinárias e preferenciais).
Por exemplo, o ticker da Petrobras na B3 é o seguinte: PETR4
Porém, há situações em que o ticker de uma empresa de capital aberto muda. No cenário internacional, um exemplo recente dessa situação foi a mudança operada pela antiga Facebook, quando a empresa passou a se denominar Meta. O ticker do Facebook na Nasdaq – que segue regras diferentes dos negociados na B3 – era FB, mas hoje, é negociado como META.
É importante lembrar que as ações da Meta são negociadas na B3 como Brazilian Depositary Receipt (BDR) por meio do ticker M1TA34. O código é diferente, pois não se trata de uma empresa nacional, mas de ações de uma empresa estrangeira negociadas na bolsa brasileira. Mais uma vez, o ticker mostra ao investidor a empresa na qual está investindo e o tipo de ação negociada – no caso, BDR.
A mudança de nome da empresa e, consequentemente, de seu ticker, acontece quando há uma reestruturação no modelo de negócios. No último dia 8, foi comunicado que a antiga CSU Cardsystem, empresa de processamento e gestão de meios eletrônicos de pagamento, mudou seu nome para CSU Digital. A companhia nacional, de capital aberto desde 2006, alterou seu ticker de CARD3 para CSUD3. O novo código entra em operação hoje, dia 15 de setembro.
A reestruturação no modelo de negócios tem como base o lançamento de soluções digitais por parte da CSU Digital. Afinal, o setor de operação da empresa passou por grandes mudanças nos últimos anos, com o advento das fintechs e de novas modalidades de pagamento, como o PIX.
Inovação e tecnologia
No mês passado*, o podcast B3 Convida Empresas conversou com Pedro Alvarenga, diretor de relações com o investidor da CSU Digital. O executivo comentou as mudanças operadas pela companhia e o que esperar do futuro:
“A transformação digital é um movimento anterior à companhia, porque os hábitos mudaram e as pessoas consomem de forma diferente. As pessoas querem processos rápidos que sejam feitos por elas mesmas; o autosserviço virou uma realidade comum. Pensando nisso, queremos ser um player que ofereça a convergência das soluções de serviços financeiros”, afirma Alvarenga.
Além dos meios de pagamento já consolidados, como cartão de crédito e boletos, a CSU Digital oferta novas soluções, como o PIX parcelado e transações via criptomoedas.
Os investimentos em inovação já colhem frutos. Segundo Alvarenga, “foram mais de 150 milhões de reais investidos só em tecnologia, sendo que em 2022 passamos a contar com seis novos clientes. No total, são trinta e oito empresas parceiras que contratam os nossos serviços e muitos deles têm interesse em serviços que vamos oferecer a partir de agora.”
O executivo da CSU Digital também frisa que os novos meios de pagamento acompanham uma transformação observada em nossa sociedade: a inclusão financeira. “Há cerca de quatro anos, havia uma grande parte da população sem acesso a produtos financeiros digitais. E se nessa época os meios digitais representavam 30% do total de transações financeiras, hoje temos mais de 70%. Temos hoje um caminho sem volta, tanto pela praticidade quanto pelo dinamismo trazido à economia.”
*A entrevista foi gravada em 16 de agosto de 2022