ESG

3 formas de investir no meio ambiente pela bolsa de valores

Floresta em pé vale mais de US$ 317 bilhões por ano e investidores podem aplicar recursos em índices de sustentabilidade

Dia do Meio Ambiente é celebrado nesta quarta-feira (5). Foto: Pexels
Dia do Meio Ambiente é celebrado nesta quarta-feira (5). Foto: Pexels

O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta quarta-feira (5), pode ser ressignificado para chamar atenção dos investidores para os impactos de seus investimentos e para a busca de soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Manter a floresta em pé, por exemplo, gera mais benefícios econômicos do que o desmatamento. Na B3, bolsa de valores brasileira, existem opções de ativos que contribuem para o manejo florestal sustentável.

Alguns dos efeitos mais notáveis das mudanças climáticas foram as enchentes sem precedentes do Rio Grande do Sul, que deixaram um rastro de destruição em 90% do estado, com 172 mortos até esta terça-feira (4). Graças ao aquecimento global, a catástrofe climática teve sua intensidade aumentada numa escala de 6% a 9%, conforme estudo do centro de pesquisas World Weather Attribution (WWA).

O que alimenta esse aquecimento são as atividades humanas nocivas ao meio ambiente, como desmatamento ilegal e a queima de combustíveis fósseis, de acordo com os estudos. Por isso, manter a floresta em pé — assim como ensina a tradição indígena — traz mais benefícios à vida. Em termos econômicos, a floresta preservada vale mais de US$ 317 bilhões por ano, segundo estudo do Banco Mundial.

Confira, a seguir, como os investidores podem contribuir para investir em sustentabilidade através da B3.

Títulos verdes

Os Títulos Verdes, Sociais e Sustentáveis são instrumentos de dívida emitidos por empresas, governos e entidades multilaterais negociados nos mercados de capitais com a finalidade de atrair capital para projetos que tenham como propósito um impacto socioambiental positivo.

A partir de novembro de 2018, esses títulos passaram a fazer parte das negociações no mercado de capitais brasileiro.

Já os Sustainability-Linked Bonds (SLB) são instrumentos de dívida que têm como objetivo final fazer com que o emissor alcance metas ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês), que são calibradas a partir de indicadores-chave de desempenho. Esses títulos podem ter suas características financeiras e estruturais alteradas dependendo do atingimento ou não das metas de sustentabilidade pré-estabelecias.

Títulos Verdes
(Green Bonds)
Adaptação às mudanças climáticas, Conservação da biodiversidade terrestre e aquática, Edifícios Verdes, Eficiência energética, Energia renovável, Gestão sustentável das águas e águas residuais, Produtos, tecnologias e processos de produção ecoeficientes e/ou adaptados à economia circular, Prevenção e controle de poluição, Transporte limpo
Títulos Sociais
(Social Bonds)
Acesso a serviços essenciais, Geração de empregos e programas projetados para prevenir e/ou aliviar o desemprego decorrente da crise socioeconômica, inclusive por meio do efeito potencial do financiamento de PMEs e microfinanças, Habitação a preços acessíveis, Infraestrutura básica acessível, Segurança alimentar e sistemas alimentares sustentáveis
Títulos de Sustentabilidade
(Sustentability Bonds)
Projetos com caráter socioambiental
Títulos Vinculados à Sustentabilidade
(Sustentability-Linked Bonds)
Indicador: Gestão de emissões/ Meta: reduzir em 15% a intensidade de emissões de GEE até 2030, Indicador: Gestão de Resíduos/ Meta: 97% de resíduos reciclados até 2025, Indicador: Energia Renovável/ Meta: Atingir 100% de consumo de energia elétrica renovável até 2022

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)

O objetivo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) é ser o indicador do desempenho médio das cotações das ações de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Para investir na carteira, existe um ETF (Exchange traded fund) atrelado ao índice, o ISUS11.

Ao todo, são 78 companhias de 36 setores. O ISE B3 reúne ações e units exclusivamente de companhias listadas na B3 que atendem aos critérios de inclusão do índice. Nesta lista não estão incluídos BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra situação especial de listagem.

Confira as empresas que compõem a carteira do ISE B3 atualmente:

AES Brasil, Allos, Ambev, Ambipar, Arezzo, Atacadão, Auren, Azul, B3, Banco do Brasil, Banco Pan, Bradesco, BRF, BTG Pactual, C&A Modas, Camil Alimentos, CCR, Cemig, Cia Brasileira de Alumínio, Cia Brasileira de Distribuição, Cielo, Cogna Educação, Copasa, Copel, Cosan, CPFL, CTEEP, Cyrela, Dexco, Diagnósticos da América, Ecorodovias, Eletrobrás, Enauta, Eneva, Engie, Fleury, Gafisa, Grendene, Grupo de Moda Soma, Guararapes, Hypera, Iguatemi, Iochpe Maxion, Irani Papel e Embalagem, Itaú Unibanco, Itausa, JSL, Klabin, Lojas Renner, M. Dias Branco, Magazine Luiza, Minerva, Mitre Realty, Movida, MRV, Natura, Neoenergia, Porto Seguro, Raia Drogasil, Raízen, Rede D’Or, Rumo, Sanepar, Santander, Santos Brasil, Sendas, Serena, Simpar, SLC Agrícola, Suzano, Telefônica, Tim, Ultrapar, Usiminas, Vamos, Vibra, Weg e Yduqs.

Ações verdes

Outra opção aos investidores — ainda em desenvolvimento — é a classificação das Ações Verdes (BAV) na B3. Esse projeto reconhece companhias que contam com atividades que contribuem com a proteção do meio ambiente e com o combate às mudanças climáticas. Esta designação especial busca incentivar as companhias, de maneira voluntária, a atuarem de forma alinhada às melhores práticas Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa (ASG).

Podem solicitar a classificação as empresas listadas que tenham mais de 50% da sua receita bruta anual proveniente de atividades consideradas verdes, mais de 50% dos investimentos e despesas operacionais anuais destinados a tais atividades, além de menos de 5% da receita bruta anual derivada de combustíveis fósseis.

O objetivo é ajudar os investidores a direcionar seus recursos para o financiamento de uma economia mais sustentável. Para as empresas, é uma forma de demonstrar de maneira clara seus compromissos com a economia verde, além de facilitar eventual fluxo de capital sustentável potencialmente alocável.

O nome BAV se inspira nos Green Equity Principles, lançados em 2023 pela World Federation of Exchanges (WFE), organização que apoia o desenvolvimento do mercado de capitais por meio de pesquisas, estudos e estatísticas sobre boas práticas de mercado, incluindo finanças sustentáveis e normas internacionais.

O que é ESG?

O termo apareceu pela primeira vez em um relatório chamado Who Cares Wins (Ganha Quem se Importa, em tradução livre), feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004. Desde então, a sigla ganhou destaque por unir as preocupações que as empresas devem seguir para serem certificadas com boas práticas. 

A urgência desse debate se faz necessária em meio às mudanças climáticas, que estão interferindo na saúde humana, de acordo com a Fiocruz, assim como na qualidade da água, na poluição do ar e na propagação de doenças.

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