“Mudanças climáticas escancaram desigualdade mundial”, alerta a Nobel de Economia Esther Duflo
No Febraban Tech 2024, economista e professora do MIT destacou os impactos das mudanças climáticas aos mais pobres
As mudanças climáticas estão cada vez mais presentes nos debates econômicos — e não apenas nos ambientais. A vencedora do Prêmio Nobel de Economia e professora do MIT, Esther Duflo, destacou a urgência de ação sobre o tema e alertou sobre como as mudanças climáticas escancaram e aumentam a desigualdade mundial.
Em participação na Febraban Tech 2024, Duflo destacou que as mudanças climáticas não são algo que acontecerá no futuro, mas que as catástrofes já afetam o dia a dia das pessoas.
A economista mostrou dados de como as mudanças climáticas, principalmente, no aumento da temperatura média, atingem a todos. E como seus efeitos escancaram e aumentam a desigualdade entre pessoas pobres e ricas.
“As mudanças climáticas atingem pessoas de todas as nações, ricas ou pobres, mas os pobres são muito mais afetados. Isso porque a população mais carente já está em regiões que são mais quentes atualmente”, diz ela.
Duflo ressalta que os resultados das mudanças climáticas em um médio e longo prazo implicam no aumento do número de pessoas em extrema pobreza. Número esse que diminuiu exponencialmente nos últimos anos.
“Países como Brasil, Paquistão, Índia e os do continente africano são os principais que vão sofrer com a alta das temperaturas. Isso porque são destaques em agronegócio, e se tornando mais quente, passarão por impactos em suas colheitas”, aponta.
Responsabilidade e ações contra mudanças climáticas
A vencedora do Prêmio Nobel ainda afirmou que as mudanças climáticas não são de responsabilidades dos mais pobres, mas sim dos mais ricos. E que isso deve ser cobrado na hora de apontar responsáveis e ações a serem tomadas.
“São os mais ricos que emitem mais gases poluentes. Não podemos tolerar um mundo onde as pessoas indevidas têm responsabilidades sobre as mudanças climáticas”, destacou ela.
Para ela, o primeiro passo na direção de procurar soluções e, principalmente, levantar fundos para essas ações, é entender que o fluxo de dinheiro deve ser novo e criado a partir de alternativas que não sejam suportadas pelos pobres. Assim, segundo Duflo, as nações devem deixar de lado as discussões de quem deveria administrar esses recursos, e encontrar uma maneira sustentável de levantá-los e distribuí-los aos que mais necessitam.
“A minha proposta é que esse dinheiro seja entregue diretamente aos mais pobres e afetados. As políticas de distribuição de renda mostram que os pobres usam a quantia de maneira sábia e isso mostra impacto nas pesquisas de diminuição da pobreza”, completa.
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