ESG

Qual o papel dos investimentos no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis?

Especialistas estão otimistas quanto aos investimentos sustentáveis no Brasil em 2024

Copas de árvores com prédios ao fundo
medidas de governança vêm ganhando a atenção de investidores. Foto: Adobe Stock

“A urgência climática é crescente e a consciência é crescente”, afirmou Denísio Liberato, presidente da BB Asset, durante o Latin America Investment Conference, organizado pelo banco UBS em São Paulo. Em painel realizado nesta terça-feira (30/01), ele e Karla Bertocco, presidente do conselho de administração da Sabesp, sócia e diretora de infraestrutura e saneamento na Mauá Capital, concordaram que os investidores têm papel crucial no incentivo e desenvolvimento de soluções sustentáveis no Brasil e no mundo.

Segundo eles, a visão para 2024 é positiva, em particular para investimentos em sustentabilidade. Com a maior previsibilidade da política monetária nos Estados Unidos, onde os juros devem começar a ser reduzidos no primeiro semestre, e a inflação comportada no Brasil, o ano é mais favorável do ponto de vista macroeconômico, afirmou Denísio.

“Estou otimista para 2024”, resumiu Karla. Mas ela tem uma visão um pouco diferente sobre o cenário externo. “A complexidade que vem do exterior é relevante, com eleição nos Estados Unidos, guerras e a disputa entre EUA e China. Há inseguranças lá fora, que reforçam uma posição mais bem-vinda do Brasil no portfólio de grandes gestores”, comentou.

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Isso se traduz em boas perspectivas tanto na renda fixa quando na renda variável. “Do lado do mercado de ações, temos a percepção que esses sinais positivos da macroeconomia abrem espaço para quantidade grande de operações, sejam IPOs ou follow ons. E especialmente os que têm apelo ESG têm lugar mais cativo dentro de alguns portfólios”, afirmou Karla.

Mas o entusiasmo maior, segundo ela, é no mercado de crédito. Karla citou a recente criação das debêntures de infraestrutura, um instrumento de financiamento que busca incentivar o investimento no setor por parte de investidores institucionais. Antes, grande parte do financiamento das obras vinha das debêntures incentivadas, que dão aos investidores pessoa física vantagens tributárias, e apresentavam pouco apelo aos institucionais. “Nem todos os projetos eram claros e fáceis de entender por parte do investidor de varejo, por isso é importante trazer o institucional”.

Governança e financiamentos

Com uma carreira participando do conselho de grandes empresas, Karla Bertocco afirma que nos últimos anos, os critérios ESG têm ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre possíveis fusões e aquisições no setor de infraestrutura, além dos diversos critérios estratégicos. “A gente olha pela pegada de meio ambiente, mas o ponto crucial é a relação da empresa com a comunidade no seu entorno. Mas o principal gargalo tem sido a governança, e mais ainda quando a gente olha para cadeia de suprimentos”.

Do outro lado, Denísio ressaltou também o papel dos investidores na melhoria da governança das companhias e no caminho para estratégias mais sustentáveis. “A melhor governança ajuda a reduzir o custo de capital e a aumentar as possibilidades de financiamento de uma companhia”, afirmou.

Ele diz que nessa questão, a diversidade no conselho de administração das empresas é crucial. “Geralmente, a diversidade é proxy para o bom debate. Se todo mundo for muito parecido e concorda, o conselho tende a ter muito pouco debate, e tem maior chance de negligenciar riscos”.

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