Fed estava dividido quanto a manutenção dos juros nos Estados Unidos, revela ata
Apesar de alguns membros defenderem o aperto na política monetária no mês passado, prevaleceu a decisão de pausar a alta dos juros para avaliar as condições da economia
A ata da reunião de junho do Federal Reserve (Fed) divulgada nesta quarta-feira, 05/07, mostrou que a decisão de manter a taxa de juros no mesmo patamar para avaliar se novos aumentos seriam necessários foi tomada apesar da maioria do colegiado ainda achar necessário mais apertos na política monetária.
Para justificar a sua opinião, esses membros apontaram o mercado de trabalho ainda resiliente e poucos sinais de que a inflação está desacelerando em direção à meta de 2%.
“Alguns participantes indicaram que eram a favor de aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual nesta reunião ou que poderiam ter apoiado tal proposta. (…) [No entanto], a maioria observou que deixar a taxa inalterada lhes daria mais tempo para avaliar o progresso da economia”, informou o documento.
Na sua última reunião em junho, pela primeira vez desde o início de 2022, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) manteve a taxa básica de juros americana no intervalo de 5% a 5,25%. No entanto, sinalizou que deve retomar as altas caso a inflação siga persistente.
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Economia americana e ciclo de alta dos juros
Os dirigentes do Federal Reserve também mantiveram a previsão de uma recessão moderada da economia dos Estados Unidos no fim de 2023.
Diante dessa perspectiva, ‘muitos’ defenderam uma moderação no ritmo de alta dos juros. Mesmo assim, a necessidade de mais apertos monetários ainda neste ano foram dadas como certa.
“Quase todos os dirigentes observaram que, em suas projeções econômicas, aumentos adicionais dos juros durante 2023 seriam apropriados”, diz a ata.
Pelas projeções do BC americano, serão mais duas altas de juros neste ano, o que vai levar a taxa para o intervalo entre 5,5% e 5,75%. Nas estimativas do mercado, os juros só devem subir mais 0,25 ponto percentual até o fim de 2023.
Impactos dos juros americanos no mundo
Os juros mais altos nos Estados Unidos elevam o rendimentos dos treasuries, os títulos públicos americanos considerados os mais seguros.
Assim, quando a taxa avança, os investidores globais migram para esses títulos e retiram dinheiro de ativos de risco, principalmente em países emergentes, como o Brasil.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos caíram após o relatório, assim como os principais índices acionários americanos.