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Focus: mercado reduz estimativa da Selic em 2023 para 12% e IPCA cai abaixo de 5%

Nova desaceleração na projeção da taxa básica de juros acontece após mudança no regime de metas de inflação e Copom mais aberto a cortes. Inflação deve ficar em 4,98%

Selic, PIB. Moedas e calculadora no celular. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O relatório Focus é publicado todas as segundas-feiras com as projeções do mercado financeiro para a economia brasileira. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Após mudanças de tom do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o início de corte da taxa básica de juros, o mercado financeiro voltou a reduzir a estimativa para a Selic no fim de 2023.

A projeção para a taxa básica de juros desacelerou de 12,25% ao ano para 12% ao ano em 2023. É a segunda vez, em menos de um mês, que o mercado reduz essa projeção. Hoje a Selic está em 13,75% ao ano.

A mudança veio também após o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciar um ajuste no sistema de metas de inflação. Pelo novo modelo, a partir de 2025 o atingimento da meta terá um horizonte de cumprimento mais flexível (meta de inflação contínua).

Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, a projeção do Focus é compatível com o corte de 0,25 ponto percentual da Selic na próxima reunião do Copom em agosto. Isso porque o movimento também se reflete no mercado de juros futuros.

“O janeiro 2026 [DI, juros futuros] está próximo de 10% e tem grandes chances da curva mergulhar. Seria a primeira vez que a gente veria essa curva de juros em um dígito, porque faz mais de dois anos que isso não acontece”.

Para o fim de 2024, a estimativa para a Selic ficou estável em 9,5% ao ano; e em 9% em 2025.

O Focus é publicado às segundas-feiras. Foram ouvidas pelo Banco Central mais de 100 instituições financeiras até o fim da semana passada. O relatório é essencial para o investidor corrigir ou confirmar estratégias.

Expectativas de inflação abaixo de 5%

Os agentes econômicos ouvidos pelo Boletim Focus apontam para a sétima redução consecutiva nas expectativas de inflação neste ano, de 5,06% para 4,98%.

Mesmo abaixo do patamar psicológico de 5%, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue acima do teto da meta definida pelo CMN, o valor de 4,75%. A meta é de 3,25%.

Para Gala, a surpresa do corte nos preços da gasolina pela Petrobras na sexta-feira, como forma de compensar a alta de remuneração dos impostos, também ajudou na queda da expectativa de inflação.

“O mercado já está fazendo as contas e colocando a inflação em 4,75%, que seria o teto da banda. Não é nenhum absurdo imaginar que se possa chegar a esse patamar com essas novidades que a gente teve”, conclui o economista-chefe do Banco Master.

Para 2024, a projeção do mercado financeiro para o IPCA caiu de 3,98% para 3,92%. Para 2025, voltou a desacelerar de 3,80% para 3,60%. Mais do que a desaceleração das expectativas de inflação neste ano, o Copom está de olho na redução do IPCA em prazos mais longos.

Apesar das estimativas estarem abaixo de 4%, elas seguem superiores à meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3% para os dois anos. Ela será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Projeções para o PIB têm leve avanço

Os economistas do mercado financeiro voltaram a elevar, desta vez de forma mais leve, as estimativas para o crescimento da economia brasileira em 2023.

Pelas projeções, o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar para 2,19%, ante 2,18% na semana anterior. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período.

A melhora na perspectiva para a atividade econômica acontece após o forte avanço de 1,9% no PIB brasileiro. O resultado foi puxado pela agropecuária, que avançou 21,6% no período: a maior alta desde o quarto trimestre de 1996.

Para 2024, a previsão de crescimento do PIB subiu de 1,22% para 1,28%. Para 2025, caiu de 1,83% para 1,81%.

Dólar

A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 ficou estável em R$ 5. Para 2024, reduziu de R$ 5,10 para R$ 5,08 entre uma semana e outra. Para 2025, avançou de R$ 5,15 para R$ 5,17.

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