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Ata do Copom: maioria vê corte de juros em agosto se inflação seguir em queda

Parte dos integrantes do Comitê defende cautela. Comunicado aponta que ‘flexibilizações prematuras’ podem gerar 'reacelerações do processo inflacionário'

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na semana passada foi marcada por divergências em relação aos próximos passos da política monetária.

Enquanto um grupo menor defendeu cautela, a maioria dos integrantes sinalizou uma possível queda da taxa básica de juros, a Selic, já na reunião de agosto. Para esses membros do Copom, a continuidade da desaceleração da inflação pode levar a um alívio na política monetária.

A informação está na ata da reunião, divulgada nesta terça-feira, 27/06. Na semana passada, a Selic foi mantida em 13,75%, maior nível em seis anos e meio.

“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão [corte dos juros] na próxima reunião”, diz o documento.

Para os integrantes mais cautelosos, a desinflação reflete a queda de itens considerados voláteis e ainda há incertezas se o atual patamar de juros pode dar capacidade para a economia crescer sem gerar inflação.  

A unanimidade na ata veio na sinalização dos próximos passos para a política monetária. Segundo o Copom, eles dependerão da evolução da dinâmica inflacionária.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom pareceu menos preocupado com o atual ambiente econômico. “A ata reforça o comunicado ao sinalizar que sua estratégia está aberta a um afrouxamento gradual da política monetária daqui para frente. Portanto, ainda projetamos a taxa básica de juros em 12% no final de 2023”.

O head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capita, João Savignon, afirma que apesar de a ata ter vindo com um tom mais ameno, houve uma sinalização de que o Copom não vislumbra um ciclo intenso de corte de juros.

“[Houve] um elemento mais duro, que foi a confirmação da elevação dos juros neutros [aquele que nem acelera nem contrai a economia] de 4% para 4,5%”.

Confiança na queda da inflação

Os membros do Copom voltaram a pedir “parcimônia e cautela” na condução da política monetária. Segundo a ata, a queda dos juros “exige confiança na trajetória do processo de desinflação”, uma vez que reduções “prematuras” podem gerar “reacelerações do processo inflacionário”.

Segundo os membros, o corte antecipado da Selic poderia levar a uma “reversão do próprio processo de relaxamento monetário”, o que pode “impactar negativamente não apenas a credibilidade da política monetária, mas também as condições financeiras”.

+ O que é taxa Selic? Entenda como ela afeta seu dinheiro

Confiança nas metas

O Comitê voltou a falar da importância das metas de inflação para a queda dos juros no país. Para os membros do comitê, o mecanismo contribuiu para “um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária”.

Na próxima quinta-feira, 29/06, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para definir a meta de inflação de 2026. Há dúvidas sobre a manutenção do atual patamar de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

Novo arcabouço fiscal

A tramitação do novo arcabouço fiscal também foi citada pelo Copom como uma medida para reduzir “substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal”.

No entanto, o Comitê afirmou que “ainda permanecem os desafios para cumprir as metas de resultado primário [saldo entre receitas e despesas, sem considerar o pagamento dos juros da dívida pública]”.

O Copom voltou a dizer que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”.

Mercado mantém projeção de corte em agosto

O mercado financeiro mantém a projeção de início do corte de juros na próxima reunião do Copom, em agosto.

Para João Savignon, dois pontos importantes fazem acreditar que há espaço para o corte de 0,25 ponto percentual na Selic: a continuidade do processo de convergência das expectativas de inflação, após a decisão do CMN que deve manter a meta [2025 e 2026] em 3%, e a inflação corrente, que deve seguir rodando em níveis muito baixo, com os núcleos mantendo seu processo de desaceleração.

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