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Ata: Copom julga pouco provável uma intensificação do ritmo de cortes da Selic

Colegiado reafirmou as condições que indicariam uma maior confiança nesse processo, como “uma reancoragem bem mais sólida das expectativas"

Mão segurando bloco de madeira
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a avaliação já dada na reunião anterior, de agosto, de que é “pouco provável” uma intensificação do ritmo de cortes da taxa Selic, considerando o atual passo de queda de 0,50 ponto porcentual.

Além disso, reforçou a necessidade de manter a política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante até que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem de expectativas. Na semana passada, o Copom reduziu a Selic pela segunda vez consecutiva, de 13,25% para 12,75% ao ano.

“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o Copom.

“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, repetiu o BC como na ata de agosto.

Nesse contexto, o colegiado reafirmou as condições que indicariam uma maior confiança nesse processo, como “uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”.

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Cenário inspira cautela

Segundo o comitê, o ritmo de 0,50 ponto porcentual conjuga o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência.

O Copom ainda considerou que o cenário inspira cautela. “Não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado.”

Em relação à extensão do ciclo de afrouxamento monetário, o Copom também reforçou a necessidade de manter uma política monetária “ainda” contracionista pelo horizonte relevante. O colegiado repetiu que o tamanho do ciclo ao longo do tempo vai depender da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

“O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.”

Inflação e câmbio

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada há pouco, indicou que a projeção para o IPCA de 2024, horizonte prioritário do BC para o cumprimento da meta de inflação, está em 3,5% no cenário de referência.

A estimativa, que já havia sido informada no comunicado da semana passada, é levemente superior aos 3,4% estimados no Copom anterior, em agosto, e segue acima do centro da meta de 3,0%.

Para 2025, que tem peso minoritário nas decisões de política monetária, a projeção é de 3,1%, um pouco acima do alvo central de 3,0% para o ano, contra 3,0% em agosto. Para 2023, a expectativa do BC no cenário de referência é de 5,0%, também ligeiramente mais alta do que a projeção do Copom anterior (4,9%), e ainda acima do teto da meta de 4,75%, indicando o terceiro ano consecutivo de rompimento do objetivo principal do BC.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 4,90 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC).

Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência. O BC ainda considera a hipótese de bandeira tarifária “verde” na conta de luz para o fim de 2023, de 2024 e de 2025.

*Conteúdo Agência Estado

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