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Campos Neto e Gilson Finkelsztain: o que o Banco Central e a B3 esperam da economia brasileira?

Em encontro hoje no Auditório do Estadão, em São Paulo, o presidente do Banco Central e o CEO da B3 comentaram a expansão do mercado de capitais

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Foto: Cristiano Mariz / VEJA) e Gilson Finkelsztain, presidente da B3 (Foto: Cauê Diniz / B3)
Gilson Finkelsztain e Roberto Campos Neto participam de evento promovido pelo Bora Investir e Estadão (Foto: Cauê Diniz / B3)

Nesta segunda-feira (23/10), o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se encontraram para um evento promovido pelo Bora Investir e pelo Estadão, no auditório do Grupo Estado, em São Paulo. O presidente do BC discorreu sobre o cenário econômico no Brasil e no mundo. Para ele, um impacto dos juros altos que ainda é pouco discutido é a queda da liquidez.

“O grande grupo de países desenvolvidos pagava 0,6% do PIB ao ano para rolar a dívida antes da pandemia. Agora, esse número subiu para o nível entre 3,5% e 4%”, afirmou ele,

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“Isso tem um efeito de encolhimento da liquidez. O custo para pequenas empresas rolarem suas dívidas nos EUA saiu de 3% para 10%. Temos visto grandes empresas fazendo emissões a 6% ou 7%”, disse Campos Neto. Segundo ele, essa liquidez vem, em parte, das empresas, mas sai também dos mercados emergentes.

Sobre o Brasil, o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, explicou que a inflação brasileira acompanha os movimentos globais e, às vezes, se move por dinâmicas internas próprias. Ele justifica o apontamento com fatores políticos no País e geopolíticos do restante do mundo, dada a abertura comercial do Brasil que varia com o tempo.

Expectativas positivas para o mercado de capitais

O CEO da B3, Gilson Finkelsztain, comentou que as perspectivas para o mercado de capitais brasileiro são promissoras. Segundo ele, a expansão nos últimos anos se deve a três fatores principais. O primeiro deles é o ambiente macroeconômico do Brasil, que amadureceu, na visão dele.

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“Isso passa por um fiscal mais responsável, com inflação controlada e juros mais baixos”, disse. Outros fatores que contribuíram foram a digitalização e uma mudança geracional sobre educação financeira, que tem atraído os mais jovens para a bolsa.

Parcelamento sem juros no cartão de crédito

O evento contou com a mediação de Adriana Fernandes, repórter especial e colunista de economia do Estadão. Questionado por ela sobre as possíveis mudanças nas regras do parcelamento sem juros, Campos Neto comentou: “é uma função importante para o lojista, mas o parcelamento sem juros cresceu demais. 15% de todo o crédito que existe é parcelado sem juros”, afirmou.

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Segundo ele, esse cenário acabou por fazer crescer a inadimplência, que por sua vez fez aumentar os juros do rotativo do cartão de crédito, em uma bola de neve.

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