Mercado

Ibovespa fecha acima dos 120 mil pontos, maior patamar desde abril de 2022

Petroleiras e expectativa sobre tom do Copom estiveram no foco dos investidores do Ibovespa nesta quinta (21)

Em dia de decisão de juros no Brasil, o Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (21) depois de iniciar o pregão perto da estabilidade. Ao longo do dia, o índice mais importante da bolsa foi se firmando no campo positivo, se descolando das bolsas americanas, que fecharam em queda.

A alta do Ibovespa nesta quinta foi de 0,67%, a 120.420 pontos, o maior patamar para um fechamento desde o dia 4 de abril de 2022, quando fechou em 121.279.

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Dólar

O dólar recuou 0,57%, cotado a R$ 4,7679, renovando seu menor patamar em um fechamento desde 1º de junho de 2022.  

A divisa norte-americana chegou a tocar R$ 4,81 na máxima e baixou a R$ 4,766 na mínima. “Rompemos a barreira psicológica dos R$ 5 já faz um tempo”, diz Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

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“Agora, essa região entre R$ 4,70 e R$ 4,80 é um fortíssimo suporte em que os compradores defendem muito a posição”, completa.

Petroleiras

As ações da Petrobras saltaram mais de 4% no dia. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou com restrições a venda da Lubnor para a Grepar, atendendo aos pedidos dos concorrentes, que reclamara, no ano passado, quando o superintendência-geral do órgão de defesa econômica aprovou sem restrições a negociação.

Além disso, as ações da Prio também se destacam, com alta de mais de 4%. As empresas do setor sobem na mesma direção do preço do petróleo no mercado internacional. O preço da commodity subiu 1%. O Brent futuro para agosto também valorizou: +1,61%, a US$ 77,12 o barril.

Copom sob pressão

Os investidores aguardam comunicado do Copom e estão mais interessados no tom do discurso do que propriamente na decisão, que deve ser de manutenção da Selic  em 13,75%. O Comitê de Política Monetária do Banco Central está sob pressão para que passe uma mensagem de queda dos juros ainda nesta reunião.

Líderes empresariais, como Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, e o presidente da Fiesp, Josué Gomes, criticaram publicamente nas últimas semanas a postura do Banco Central de manter os juros nos patamares mais altos do mundo e falaram sobre o impacto negativo na economia real.

“Apesar de a reunião do Copom de 21 de junho de 2023 ter unanimidade na perspectiva  mediana dos agentes para a Selic, sobre a qual é esperada estabilidade em 13,75%, trata-se de uma das reuniões mais importantes dos últimos tempos”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.  

“Avaliamos que o desafio da autoridade será na sinalização, ou ausência de, para a condução do juro. Hoje, o mercado espera um sinal do BC sobre a possibilidade de afrouxamento monetário e a ausência desta sinalização trará um tom hawkish (duro)”, completa o economista.

Arcabouço fiscal mexe com mercado hoje

Além disso, o arcabouço fiscal é outra pauta no radar dos investidores. A pauta está em votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e foi interrompida ontem para que seja dada sequência ainda nesta quarta, segundo expectativa do governo.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, afirmou que o texto deve seguir para o plenário da casa ainda nesta quarta e que o retorno à Câmara para segunda votação deve acontecer no começo de julho.

A nova regra fiscal também é arena de disputa entre Banco Central e governo. A apresentação do texto pelo governo teve a intenção de acalmar o mercado com relação ao fim do teto de gastos, além de sinalizar ao BC de que era possível uma política de juros mais branda diante de uma diretriz para o controle das contas públicas.

Porém, o que se viu até então é a tensão ainda latente entre BC e governo. Depois da apresentação do texto, Campos Neto disse que via o arcabouço como razoável. Nesta semana, o ministro da Economia, Fernando Haddad, disse que a taxa de juros já tinha que ter sido reduzida depois das sinalizações do governo e da melhora do quadro econômico do país.

Nos EUA, Powell despista sobre futuro do juro

O Banco Central brasileiro, como os demais pelo mundo, se atenta aos rumos da política monetária americana. Nesse sentido, em discurso uma semana depois da decisão do Fed de pausar o aumento das taxas de juros, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, anunciou que as decisões a respeito do futuro da política monetária serão discutidas a cada reunião, reduzindo as expectativas de que a instituição pudesse antecipar o destino da taxa básica.

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