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Livro Bege mostra desaceleração da economia dos EUA em meio a redução no consumo

Documento do BC americano apontou que procura por emprego diminuiu, mas mercado de trabalho segue resiliente. No 3º trimestre, PIB dos EUA subiu 5,2% - acima das expectativas

Dólar americano

A economia dos Estados Unidos passou a desacelerar nas últimas semanas – em meio a queda nas vendas de itens discricionários e bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos – diante de uma maior atenção dos consumidores aos gastos, além da queda na procura por emprego.

A análise consta no Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas medidas pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, publicado nesta quarta-feira, 29/11, duas semanas antes da reunião que vai decidir a taxa de juros no país.

“Os consumidores mostraram mais sensibilidade aos preços. (…) E as perspectivas econômicas para os próximos seis a doze meses diminuíram durante o período em análise”, diz um trecho do documento.

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A percepção dos membros do FED é que há uma redução na busca por vagas de trabalho, com um crescimento salarial classificado como “modesto”. Diante desse quadro, há uma “dificuldade em atrair e reter trabalhadores de elevado desempenho e com competências especializadas”.

Em relação a inflação, o Livro Bege trouxe a análise de que os preços tiveram uma “moderação em grande parte” dos distritos, embora ainda permaneçam elevados. Essa perspectiva deve continuar em 2024.

Diante da análise do documento, o mercado financeiro acredita que o Fed deve manter a taxa básica de juros na reunião de dezembro. Há também a expectativa de um afrouxamento da política monetária em 2024.

Nova estimativa: PIB dos EUA sobe 5,2% no 3º trimestre

O Escritório de Análise Econômica dos EUA (BEA, na sigla em inglês) divulgou hoje a nova estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do 3º trimestre. A economia americana avançou a uma taxa anualizada de 5,2%, ante os 4,9% na primeira leitura.

O resultado superou a expectativa do mercado financeiro, que era de 5% de alta. A revisão aconteceu diante de melhores resultados em investimentos não-residenciais, gastos dos governos, investimento residencial e privado em estoques.

Na contramão ficaram os gastos de consumidores e exportações revisados para baixo, assim como o volume de importações.

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Inflação do consumo segue acima da meta

O BEA também publicou nesta quarta-feira o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, que avançou 2,8% a uma taxa anualizada do 3º trimestre. Essa segunda leitura veio 0,1 p.p. abaixo da estimativa inicial.

O núcleo do índice de preços do PCE – que exclui itens voláteis como energia e alimentos e aponta para uma tendência – teve alta de 2,3%, também 0,1 p.p acima da leitura anterior.

Diante desses resultados, o presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, afirmou que precisa ser convencido de que a inflação americana caminha para a meta de 2% ao ano.

Com essa interpretação, o dirigente afirmou que não exclui completamente a chance de uma alta adicional de 0,25 p.p. dos juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) no dia 13 de dezembro.

“Se a inflação cair naturalmente e sem problemas, ótimo, não há necessidade de fazer nada com as taxas de juros se a inflação diminuir. Mas se a inflação voltar a subir, acho que você deve ter a opção de aumentar as taxas”, afirmou.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, a inflação segue em direção a meta, o que traz um conforto monetário para o Banco Central americano.

“Os Estados Unidos caminham para fechar o ano com crescimento em torno de 2,5%, ante 1,9% de 2022), na contramão de tudo e todos”.

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