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Por que a alta do IBC-Br é importante?

Aprenda a interpretar esse indicador do Banco Central que dá pistas sobre o desempenho do PIB do País

A sigla PIB é uma velha conhecida de muitos investidores. Embora nem todos saibam como se calcula o famoso Produto Interno Bruto, é fácil deduzir que a subida deste índice é um sinal positivo sobre a economia brasileira, do mesmo modo que sua queda representa a retração das atividades da indústria, comércio e serviços do país. 

Nesta semana, porém, você deve ter topado com as notícias sobre um outro indicador, um tal de IBC-Br. É o Índice de Atividade Econômica, divulgado mensalmente pelo Banco Central. O PIB é um índice apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com divulgação trimestral. Em junho, por exemplo, o IBC-Br subiu 0,69%, o que equivale a uma alta de 3,09%, em relação a junho de 2021. Considerando o acumulado nos últimos 12 meses, houve um avanço de 2,18%.

Por que esse indicador é tão importante? Historicamente, ele nos mostra o que esperar da estatística do IBGE sobre crescimento ou retração na produção industrial, agrícola e demais bens e serviços no Brasil. Por isso ele é conhecido também como “prévia do PIB”.  É como se, fazendo uma analogia da economia com o estado de saúde, o IBC-Br fosse aquele raio-X que fazemos logo ao chegar ao pronto-socorro, só para ter uma ideia geral da lesão, enquanto a gente espera a data para fazer uma tomografia, mais sofisticada e precisa. O próximo resultado do PIB só deve sair no dia 1º de setembro, por exemplo. 

Os resultados do IBC-Br também têm o poder de animar ou frustrar as expectativas dos investidores. Dessa vez, a alta de quase 0,7% surpreendeu o mercado, que estimava uma melhora de 0,25% na economia. Segundo o Banco Central, os setores de serviços (+0,7%) e industrial (+0,4%) foram capazes de compensar o mau desempenho nas vendas do varejo (-1,4%) no mês de junho

A subida do IBC-Br também sinaliza uma tendência de um PIB melhor em 2022. O resultado de junho interrompeu dois meses de queda, fechando o segundo trimestre com expansão (+0,57%), ainda que com perda de ritmo sobre o início do ano. De janeiro a março, houve um avanço de 1,12%.

E o seu bolso com isso?

Diante da sopa de letrinhas de índices econômicos polvilhada com estatísticas, o investidor precisa ter calma antes de decidir alterar seu atual portfólio ou fazer novos investimentos. Ainda que os últimos dados do IBC-Br pareçam animadores, é preciso considerar vários outros fatores econômicos não apenas do Brasil, mas do cenário global.

O preço internacional das commodities (matérias-primas) vem caindo, gerando um sinal de alerta para uma possível recessão mundial. A soja, o milho e o minério de ferro são exemplos de produtos negociados a valores semelhantes aos do início do ano.

No Brasil, o ambiente de inflação e juros elevados persiste, porém, neste momento está em curso um programa de benefícios fiscais do governo e outras medidas que ajudam a estimular a demanda dos consumidores.

Outras incertezas para a economia estão ligadas à duração da guerra da Ucrânia, no exterior, e à eleição presidencial de outubro, no contexto nacional. Além disso, há insegurança quanto à eficiência da política monetária para controlar a inflação, o que dificulta antever o tempo necessário para a taxa Selic começar a baixar.

Outro indicador de atividade e expectativas

Na lista dos termômetros para a saúde financeira do Brasil, é importante acrescentar mais um indicador de tendências para a nossa atividade econômica: a Pesquisa Focus. É uma consulta realizada toda semana pelo Banco Central com economistas das principais instituições financeiras sobre suas  expectativas a respeito do PIB, da inflação e da taxa básica de juros. O último boletim, divulgado em 12 de agosto, estimava que o PIB cresceria 2,0% em 2022, mantendo uma expansão de 0,41% em 2023.  

E agora, o que fazer?

Como você pode perceber, não faltam informações para orientar os investidores sobre os rumos da economia – e do dinheiro, já que há diversas oportunidades e produtos disponíveis no mercado de capitais e financeiro. 

Um índice que aponta a retomada da demanda incentiva a busca por ativos atrelados diretamente a comércio e serviços, por exemplo. Já o indicador que mostra uma inflação mais moderada pode ter impacto em títulos que acompanham o IPCA e a taxa Selic, como os papéis do Tesouro Direto

Daí a importância de não só acompanhar esses índices, mas também de ouvir a opinião de gestores e demais profissionais do mercado que têm experiência em agregar os dados e buscar detalhes das estatísticas a fim de compreender onde e por que a economia se fortaleceu ou enfraqueceu.