Notícias

Nobel de Economia: o que os prêmios dos últimos anos revelam sobre os desafios da economia moderna

De bancos e crises financeiras à desigualdade de gênero e ao papel das instituições, os últimos laureados pelo Nobel de Economia ajudaram a entender como decisões humanas e estruturas sociais moldam o crescimento econômico

Ao longo dos últimos dias, a Real Academia de Ciências da Suécia tem divulgado os mais recentes laureados do Prêmio Nobel de 2025. na próxima segunda-feira, será divulgado o vencedor (ou vencedores) do Nobel de Economia.

Renda+ foi pensado até para quem ganha pouco e busca uma boa aposentadoria, diz Nobel de economia

As pesquisas realizadas pelos laureados dos últimos anos traçam um panorama abrangente sobre o funcionamento das economias modernas — e suas fragilidades. Nos últimos três anos, os laureados abordaram temas que vão desde a estabilidade do sistema bancário, passando pelas diferenças de gênero no mercado de trabalho, até o papel das instituições no desenvolvimento das nações.

“Não vejo chance de uma crise global, mas talvez uma crise nos EUA”, diz Paul Krugman

Em comum, as pesquisas destacam como as decisões políticas, sociais e individuais moldam o crescimento econômico e influenciam o bem-estar das populações.

2024: o papel das instituições na prosperidade das nações

O prêmio mais recente foi concedido a Daron Acemoglu e Simon Johnson, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e James A. Robinson, da Universidade de Chicago, por estudos sobre como as instituições são formadas e como afetam a prosperidade das nações.

Os economistas mostraram que o sucesso econômico e prosperidade de um país dependem, em grande parte, da qualidade de suas instituições políticas e econômicas. Segundo suas pesquisas, sistemas inclusivos, que promovem o estado de direito e a participação ampla da sociedade, geram crescimento mais sustentável. Já instituições extrativistas, que concentram poder e recursos nas mãos de poucos, tendem a perpetuar a desigualdade e o atraso econômico.

“Mudanças climáticas escancaram desigualdade mundial”, alerta a Nobel de Economia Esther Duflo

O grupo também demonstrou que as diferenças entre países ricos e pobres têm raízes históricas: durante o período colonial, sociedades em que o objetivo foi explorar recursos e populações locais ficaram presas a estruturas extrativistas e instituições fracas. Já onde se formaram instituições mais inclusivas, a prosperidade se expandiu ao longo do tempo.

“Reduzir as vastas diferenças de renda entre países é um dos maiores desafios do nosso tempo”, afirmou Jakob Svensson, presidente do comitê do Nobel, quando foi feito o anúncio dos laureados.

2023: Claudia Goldin e a trajetória das mulheres no mercado de trabalho

Em 2023, o prêmio foi para a economista Claudia Goldin, da Universidade Harvard, pelo seu estudo sobre as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

Goldin fez uma reconstrução histórica inédita da participação feminina e dos salários ao longo de mais de 200 anos, revelando como fatores econômicos, sociais e culturais moldaram a desigualdade de gênero.

Sua pesquisa mostrou que a presença das mulheres na força de trabalho não cresce de forma estável ao longo do período estudado, mas seguiu uma curva em formato de “U”: caiu com a transição do campo para a indústria no século XIX, e voltou a crescer com o avanço do setor de serviços e da educação no século XX.

Ela também destacou o papel decisivo da pílula anticoncepcional, que permitiu às mulheres planejar carreiras e adiar a maternidade. Ainda assim, o hiato salarial persiste — especialmente após o nascimento do primeiro filho, quando desigualdades dentro da mesma ocupação passam a se aprofundar.

“Graças à pesquisa pioneira de Goldin, sabemos muito mais sobre as barreiras que ainda precisam ser superadas”, disse Svensson na ocasião.

2022: bancos, crises e as lições da Grande Depressão

O Nobel de 2022 foi para Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve, Douglas Diamond e Philip Dybvig, por pesquisas sobre o papel dos bancos na economia, especialmente durante crises financeiras.

Segundo a academia sueca, os estudos do trio ajudaram a compreender como fazer com que os bancos sejam menos vulneráveis – e como o colapso de instituições financeiras pode exacerbar crises.

Diamond e Dybvig desenvolveram a teoria que explica por que bancos existem: ao reunir depósitos de muitos poupadores, eles conseguem oferecer liquidez imediata aos correntistas e, simultaneamente, conceder empréstimos de longo prazo. Mas essa estrutura também cria o risco de corridas bancárias, quando boatos sobre insolvência levam muitos clientes a sacar seus recursos de uma só vez. A solução, mostraram os autores, está em mecanismos de proteção como o seguro de depósitos e o papel do banco central como provedor de liquidez de última instância.

Bernanke, por sua vez, analisou a Grande Depressão dos anos 1930 e demonstrou como a quebra dos bancos agravou a crise: com o colapso do sistema financeiro, informações sobre crédito e investimentos se perderam, dificultando a retomada econômica.

Segundo o comitê do Nobel, “os laureados melhoraram a capacidade da sociedade de evitar crises graves e resgates caros”.

Quer simular investimentos no Tesouro Direto? Acesse o simulador e confira os prováveis rendimentos da sua aplicação. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.