O que é o PIB e por que ele é importante para a economia do país?
Você sabe o que significa PIB para um país? Entenda tudo sobre esse conceito tão importante para a economia
Uma simples pesquisa na internet sobre PIB trará uma infinidade de notícias tais como: “PIB cai no quarto trimestre” ou “Estimativa para PIB é de alta para o próximo ano”.
Mas o que essas três letrinhas têm a ver com o seu bolso ou com seus investimentos?
No Brasil, o PIB (Produto Interno Bruto) é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o instituto, a performance do PIB possibilita que uma série de análises sejam realizadas.
As informações do PIB, por exemplo, permitem que o tamanho de economias de diversos países possa ser comparado. É possível ainda estabelecer uma análise sobre como o PIB evolui ao longo do tempo, quando se relaciona seu desempenho durante os anos.
Outra possibilidade é a avaliação do chamado PIB per capita, o total do PIB do país dividido pelo número de habitantes nele. Esse dado aponta quanto cada indivíduo de um país teria de parcela do PIB, se todos eles ganhassem uma parte igual. Mas o que tudo isso significa?
Afinal, qual é o conceito de PIB?
O PIB (Produto Interno Bruto) é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em um dado período (em geral, em um ano), segundo definição do macroeconomista norte-americano Greg Mankiw, no livro “Introdução à Economia”. Mas, para que serve conhecer essa soma dos bens e serviços finais produzidos em um período?
“O PIB mede a saúde econômica de um país, sua taxa de crescimento e é usado para comparar o desempenho econômico entre países”, afirma Maurício Takahashi, professor de Finanças, Economia e Métodos Quantitativos da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Apesar disso, Takahashi explica que o PIB não é uma medida perfeita de bem-estar econômico, pois não leva em conta fatores como desigualdade de renda, qualidade de vida e impacto ambiental da produção econômica, por exemplo.
No Brasil, o PIB é calculado pelo IBGE com base em dados produzidos pelo próprio instituto e de algumas fontes externas, como Banco Central, Secretaria da Receita Federal e FGV (Fundação Getúlio Vargas).
De acordo com o IBGE, para que não aconteça uma dupla contagem são somente considerados no PIB bens e serviços finais. Por exemplo, se forem produzidos R$ 200 de soja, R$ 300 de óleo de soja e R$ 500 de margarina, o PIB desse país será de R$ 500, já que os valores da soja e do óleo já estão incluídos no valor da margarina (o produto final).
O IBGE esclarece ainda que os bens e serviços finais integrantes do PIB são estimados no preço adquirido pelos consumidores. Com isso, cada um dos impostos que incide sobre os produtos também é levado em conta para os cálculos.
Muita gente comete o de interpretar o PIB como a totalidade de riquezas que um país possui. Por essa lógica, o PIB seria considerado equivocadamente como uma espécie de estoque de valores, algo como um tesouro nacional. O IBGE afirma, no entanto, que o PIB somente sinaliza uma quantidade de novos bens e serviços que foram fabricados ou oferecidos em um determinado período.
Desse modo, se durante um ano, um país não produzir nada, o PIB dele será igual a zero.
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Como funciona o cálculo do PIB?
“Para o cálculo do PIB, são somados os valores de mercado dos bens e serviços finais produzidos em um determinado período num país, em geral durante um ano”, resume Takahashi. Segundo o professor, esse cálculo pode ser feito de três maneiras:
- Método da produção: soma-se o valor agregado de todos os setores da economia (agricultura, indústria, serviços);
- Método da renda: soma-se a renda gerada por todos os fatores de produção (trabalho, capital, terra);
- Método da despesa: soma-se o valor gasto pelos consumidores, empresas e governo em bens e serviços.
De acordo com o IBGE, algumas das peças que integram o quebra-cabeça que resulta no cálculo do PIB brasileiro são:
- Balanço de Pagamentos – Banco Central
- DIPJ (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica) – Secretaria da Receita Federal
- IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) – FGV
- IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) – IBGE
- POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) – IBGE
- PAM (Produção Agrícola Municipal) – IBGE
- PIA-Empresa (Pesquisa Industrial Anual – Empresa) – IBGE
- PIM-PF (Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física) – IBGE
- PAC (Pesquisa Anual de Comércio) – IBGE
- PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) – IBGE
- PAS (Pesquisa Anual de Serviços) – IBGE
- PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) – IBGE
Qual a diferença entre PIB Nominal e PIB Real?
Agora que vimos o significado do PIB e como ele é calculado, podemos avançar um pouco. Em economia, existe o chamado PIB Nominal e o PIB Real, mas o que cada um desses conceitos quer dizer? “O PIB Nominal considera o preço corrente dos bens finais nos respectivos momentos de apuração. Já o PIB Real é uma medida ajustada pela inflação”, afirma Takahashi, professor do Mackenzie.
Segundo o especialista, o PIB Nominal é útil, no curto prazo, para medir a produção econômica em termos monetários e para fazer comparações entre países em termos nominais. Em contrapartida, o PIB Real mede a produção de fato, “travando” o mesmo preço para a medição ao longo do tempo.
“Sem o efeito de aumento de preços, a quantidade produzida pode ser melhor calculada. Portando, isso permite entender o crescimento econômico para longos períodos”, afirma Takahashi. O cálculo do PIB Real utiliza um índice de preços para ajustar a produção econômica pelo efeito da inflação. Um dos índices de preços mais comuns usados para calcular o PIB Real é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Por que é fundamental para um país conhecer o seu PIB?
Conhecer o PIB é fundamental para um país tanto no curto prazo como no longo prazo. De acordo com o professor do Mackenzie, as principais razões para isso são:
No curto prazo:
- Monitorar a economia: conhecer o PIB permite acompanhar a “saúde econômica” de um país. O crescimento ou queda do PIB é um indicador de como os ciclos de negócios estão se comportando.
- Orientar as políticas monetária e fiscal: se o PIB estiver em queda, o governo pode adotar políticas para estimular a economia, como redução de impostos e aumento dos gastos públicos.
- Estimar o orçamento privado: as empresas calibram suas estratégias de negócio conforme suas premissas, como a expansão para novos mercados ou a redução de custos em tempos de crise.
No longo prazo:
- Planejar desenvolvimento econômico: o crescimento do PIB pode ser usado como um indicador de sucesso para as políticas públicas adotadas.
- Atrair investimentos estrangeiros: investidores tendem a escolher países com forte ou potencial crescimento econômico e perspectivas de lucro a longo prazo.
- Medir o bem-estar social: o aumento do PIB pode, em tese, levar a um aumento da renda e do padrão de vida da população.
“É importante considerar que é a produtividade que favorece o crescimento de um país. Da mesma maneira, crescimento não é desenvolvimento. Esse último mais atrelado a indicadores sociais”, acrescenta Takahashi.
Quais os benefícios para e economia quando o PIB cresce?
O crescimento do PIB pode trazer benefícios tanto no curto prazo quanto no longo prazo. As afirmações a seguir representam possibilidades e não necessariamente relação de causa e efeito, de acordo com o professor do Mackenzie.
- O país começa a sair da recessão
A recessão é a desaceleração da economia por um tempo prolongado. Quando o PIB cresce, isso significa que o país está deixando um período recessivo para trás. No curto prazo, a alta do PIB pode levar a um aumento das receitas e dos lucros das empresas.
Já no longo prazo, a alta do PIB gera aumento da competitividade. Isso pode resultar em maiores investimentos em inovação, em qualificação da mão de obra, em máquinas e equipamentos, o que favorece ao tão almejado aumento da produtividade e da eficiência.
- Melhora da distribuição de renda
Quando a economia cresce há mais dinheiro disponível e maior renda per capita. No curto prazo, a alta do PIB gera aumento do emprego. Afinal, as empresas podem contratar mais funcionários para atender à demanda por seus produtos e serviços.
Já no cenário de longo prazo, o PIB em crescimento é capaz de se refletir em um aumento do padrão de vida da população em geral. Existe a possibilidade de isso se transformar em melhorias na educação, saúde, habitação e infraestrutura.
- Afasta o fenômeno de estagflação
A chamada estagflação é a combinação de estagnação econômica, formada pela retração do PIB e aumento do desemprego, com uma inflação alta. Ou seja, é uma tempestade perfeita capaz de gerar uma perigosa cascata de efeitos negativos no longo prazo.
No curto prazo, o aumento do PIB gera aumento da oferta de produtos e serviços. Com isso, os preços caem, o que ajuda a controlar a inflação, um dos componentes da estagflação. No longo prazo, um PIB em alta não permite que a estagflação se estabeleça.
- Aumento da renda per capita
Com um PIB em alta, no curto prazo, mais pessoas estão empregadas e a renda das famílias pode aumentar. Isso permite que haja um aumento do consumo e, por consequência, uma maior demanda por bens e serviços.
No longo prazo, o PIB em crescimento pode resultar na redução da pobreza do país. Com uma economia fortalecida existe a tendência de que mais pessoas tenham acesso a empregos e renda. Isso pode colaborar para a diminuição dos índices de desigualdade.
Qual foi o PIB do Brasil em 2022?
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o PIB do Brasil foi de R$ 9,9 trilhões em 2022. Ainda segundo o instituto, isso significa um crescimento de 2,9% no acumulado de quatro trimestres em relação à igual período anterior.
Com esse resultado positivo, a economia do país cresceu pelo segundo ano seguido. Em 2021, o PIB registrou alta de 5% após uma retração acentuada de 3,3% em 2020 com os diversos efeitos da pandemia de covid.
O IBGE explica que o PIB é apenas um indicador considerado síntese numa economia. Os dados presentes nele auxiliam na melhor compreensão de um país, mas não incluem alguns importantes pontos, como, por exemplo, indicadores de educação, saúde, distribuição de renda e qualidade de vida.
O instituto acrescenta que, com isso, um país específico pode apresentar um PIB menor e sua população ter um padrão de vida alto, da mesma maneira como outro pode ter um PIB considerado alto, mas possuir um padrão de vida das pessoas relativamente mais baixo.
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