Prévia da inflação sobe acima do esperado em novembro, puxada por alimentos
IPCA-15, considerado a prévia da inflação, avançou 0,33% no mês e acumula alta de 4,84% em 12 meses - acima do teto da meta de 4,75%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é considerado uma prévia da inflação, subiu 0,33% em novembro, ante uma alta de 0,21% no mês anterior. Essa é a menor taxa para o mês desde novembro de 2019.
Os números foram divulgados nesta terça-feira, 28/11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do esperado pelos analistas do mercado, que indicavam uma alta de 0,29%. Em novembro de 2022, o IPCA-15 foi de 0,53%.
No acumulado de 12 meses, a prévia da inflação ficou em 4,84%, abaixo dos 5,05% registrados no período anterior. Mesmo com a desaceleração, o IPCA-15 segue acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,75%. A meta deste ano é de 3,25% e será cumprida se o IPCA oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?
Apesar dos números mais fortes, o head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon, afirmou que a alta em novembro se deu em itens mais voláteis, como alimentos, o que reforça um processo de inflação benigno.
“As medidas subjacentes e de núcleo permanecem corroborando essa dinâmica positiva da inflação no país. Não altera, portanto, as nossas perspectivas para a condução da política monetária, que é de manutenção do ritmo de cortes de juros de 0,5 p.p. nas próximas reuniões”.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito registraram alta em novembro, com destaque para Alimentação e Bebidas.
Preços dos alimentos voltam a subir na prévia da inflação
O principal vilão da prévia da inflação foram os Alimentos e Bebidas, com ganhos de 0,82% no mês. O grupo também teve o maior impacto no índice, 0,17 p.p.
Após cinco quedas consecutivas, a alimentação no domicílio subiu 1,06% em novembro. Contribuíram para esse resultado as altas da cebola (30,61%), batata-inglesa (14,01%), arroz (2,60%), frutas (2,53%) e das carnes (1,42%).
Vale lembrar que o preço dos alimentos voltou a avançar no IPCA cheio de outubro, com alta de 0,31%, após quatro meses seguidos de queda. O aumento dos preços acontece diante de problemas na produção agrícola, causados por eventos climáticos adversos.
Pelo lado das quedas, ficaram os preços do feijão-carioca (-4,25%) e do leite longa vida (-1,91%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,22%, patamar semelhante ao visto em outubro. Já o lanche avançou 0,35%, após uma queda de 0,11% em outubro.
Fim do ano: o peso nas despesas com viagens
A chegada da temporada de férias escolares, Natal e Réveillon já começou a pesar no bolso das famílias brasileiras.
As despesas pessoais tiveram alta de 0,52% em novembro, ante 0,31% no mês anterior. Essa escalada foi puxada pelos preços de pacotes turísticos (2,04%), hospedagem (1,27%) e serviço bancário (0,63%).
Os preços das passagens aéreas voltaram a avançar, com uma alta de 19,03% – maior impacto individual na prévia da inflação no mês. Houve avanço também nas tarifas de táxi, alta de 2,60%, após reajustes em Porto Alegre e São Paulo.
“Embora tenha havido uma leve alta nos serviços, as mudanças não parecem indicar uma alteração significativa na trajetória da inflação brasileira”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do banco Master.
Apesar desses aumentos, o grupo transportes como um todo cresceu apenas 0,18%, após um avanço de 0,78% no mês passado. Essa desaceleração aconteceu diante da queda nos preços dos combustíveis (-2,11%), puxados pelo etanol (-2,49%), gasolina (-2,25%) e gás veicular (-0,57%). O óleo diesel subiu 1,12%.
Inflação se espalhou por mais itens; núcleo desacelerou
O índice de difusão da prévia da inflação, que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços no período, subiu para 54,8%, ante 47,1% em outubro.
Os núcleos do IPCA-15, medida que capta a tendência dos preços e desconsidera choques temporários, recuaram de 4,84% para 4,57% em 12 meses. O resultado ficou abaixo do teto da meta, de 4,75%.
Esse é o principal indicador observado pelo Comitê de Política Monetária para decidir sobre a taxa básica de juros brasileira.
Acompanhe abaixo a variação dos grupos em novembro
- Alimentação e bebidas: 0,82%;
- Habitação: 0,20%;
- Artigos de residência: 0,24%;
- Vestuário: 0,55%;
- Transportes: 0,18%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,08%;
- Despesas pessoais: 0,52%;
- Educação: 0,03%;
- Comunicação: -0,22%.
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