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‘Prévia do PIB’ cai 0,64% no 3º trimestre e confirma desaceleração da economia

Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central veio abaixo do esperado pelo mercado. Juros elevados e condições climáticas adversas contribuíram para perda de ritmo

A atividade econômica brasileira voltou a perder força em setembro e encerrou o 3º trimestre no negativo. É o que aponta o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta sexta-feira, 17/11.

O IBC-BR registrou queda de 0,06% em setembro, na comparação com o mês anterior. Essa foi a segunda baixa em sequência, já que em agosto o indicador havia tombado 0,81%. O resultado veio abaixo da alta de 0,1%, esperada pelo mercado.

Diante da queda no último dado mensal, a prévia do PIB acumulou perdas de 0,64% no 3º trimestre, o que mostra a desaceleração da economia esperada pelos analistas.

Essa piora foi puxada pelo setor de serviços, que registrou queda em agosto e setembro. Além disso, os resultados ruins da indústria contribuíram para a desaceleração.

O economista-sênior do Inter, André Cordeiro, explica que a piora da atividade reflete os juros em patamares elevados, o endividamento das famílias e a política de gastos do governo mais restrita.

“A renda disponível das famílias está menor e apesar do início de queda da Selic, a parcela de gasto com juros ainda é muito elevada. Por mais que a inadimplência tenha começado a cair, a concessão de crédito segue desacelerando, ou seja, os bancos não estão animados de tomar risco neste momento”, diz.   

Os primeiros seis meses do ano foram positivos para a economia brasileira. No 1º trimestre, o PIB cresceu 1,9% impulsionado pela agropecuária. Os números dos três meses seguintes também surpreenderam, com avanço de 0,9%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do 3º trimestre será divulgado no dia 05 de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Economia em 2023 e 2024

No acumulado dos nove primeiros meses de 2023, o IBC-Br avançou 2,77% e, nos 12 meses até setembro, o crescimento foi de 2,5%.

Para o 4º trimestre, o economista-sênior do Inter acredita que o processo de desaceleração da economia deve continuar, diante das incertezas internacionais e da questão climática que tem afetado o agronegócio brasileiro.

“A balança comercial está positiva, mas a demanda internacional mais enfraquecida – principalmente pelo lado da China – pode nos afetar. A gente tem visto também condições climáticas mais adversas, que muito provavelmente vão impactar a agropecuária de maneira negativa”.

O mercado financeiro estima uma alta de 2,89% para o PIB neste ano, segundo o relatório Focus. Já para 2024, a expectativa é de um crescimento menor, de 1,50%.

“A gente antevê uma manutenção desse cenário sem recessão, com a continuidade do processo de desinflação e o BC cortando juros para 9% até o final de 2024. Apesar do governo ter decidido manter a meta [déficit zero], o risco fiscal existe, ainda mais num ano de eleição. E estamos também mais dependentes do cenário externo, que hoje é de grande incerteza”, conclui André Cordeiro.

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