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Produção da indústria cresce em agosto, mas segue com atividade fraca

Avanço de 0,4% foi puxado pela produção de bens duráveis e de capital. Melhora veio abaixo do esperado pelo mercado. Indústria segue 1,8% longe do patamar pré-pandemia

A produção da indústria brasileira voltou a registrar comportamento positivo em agosto, mas segue com perdas no acumulado do ano, impactada principalmente pelo crédito escasso e pelo alto patamar de juros no país.

A indústria cresceu 0,4% no oitavo mês do ano e recuperou parte das perdas de julho, quando caiu 0,6%. O resultado, no entanto, veio um pouco abaixo do esperado pelo mercado, que era de 0,5%.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 03/10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a agosto do ano passado, a produção industrial cresceu 0,5%. No acumulado do ano, queda de 0,3%.

O analista da pesquisa, André Macedo, afirma que a indústria segue no quadro de “perde e ganha”, ou seja, fica sempre no mesmo patamar. Isso acontece mesmo diante da recente diminuição dos juros pelo Banco Central.

Setores econômicos: como investir e quais os riscos de alguns deles

 “Ainda temos um patamar elevado dos juros, o que afeta as decisões de consumo e investimentos”, ou seja, a Selic ainda alta encarece o crédito e freia o consumo.

Essa perspectiva também é compartilhada pelo head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon.

“Os desafios seguem inalterados, com a perspectiva de menor fôlego da demanda por bens – o que mantém os estoques elevados – e os juros que elevam o custo do crédito e o endividamento”, conclui.

Em agosto, o setor ficou 1,8% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

O economista André Perfeito está mais otimista e acredita numa melhora do setor, diante do aumento da massa salarial e das recentes queda na taxa básica de juros. No entanto, alerta que o cenário internacional pode frustrar essa retomada. “Este processo pode ser moderado pela elevação dos juros mais longos, estes sim mais relevantes para a atividade industrial, que estão sob pressão da elevação dos juros norte-americanos”.

Fonte: IBGE

Setores da indústria

A produção de 18 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE cresceu em agosto, na comparação com julho.

Os principais impactos positivos vieram de produtos farmacêuticos (18,6%), veículos automotores (5,2%) e equipamentos de informática (16,6%).

Segundo o analista do IBGE, as três atividades cresceram após fortes recuos em meses anteriores e com uma base mais baixa de comparação. “Exemplifica um pouco do perde-e-ganha que vem se mostrando a indústria nacional”, conclui Macedo.

O destaque negativo em agosto ficou com as indústrias extrativas (-2,7%), ampliando a retração registrada no mês anterior de 1,6%. No entanto, no ano, esse segmento segue com alta de 5,7%, diante da melhora na extração de petróleo e minério de ferro.

Grandes categorias

Entre as grandes categorias econômicas em agosto, números positivos para os bens de consumo duráveis (8%) e bens de capital (4,3%).

“Esta última categoria é que irá sinalizar de fato uma melhora, mas ainda não é o caso: é verdade que subiu 4,3% no mês, mas havia caído 7,7% e 2,3% nos meses anteriores, logo a recuperação se dá sobre uma base muito depreciada”, explica Perfeito.

O setor de bens de consumo semi e não duráveis também cresceu (1%). O lado negativo ficou com os bens intermediários (-0,3%).

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