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Selic pode cair para 7,8% em 2025 com desaceleração da economia brasileira, prevê OCDE

OCDE projeta um PIB de 3% em 2023, puxado pela agropecuária, seguido de uma perda de ritmo em 2024 e leve recuperação em 2025. Inflação deve seguir em declínio

Gráficos de investimentos. Foto: Adobe Stock
O patamar atual da Selic costuma favorecer investimentos de renda fixa, mas também há boas oportunidades na renda variável. Foto: Adobe Stock

Em meio ao processo de desinflação e desaceleração da economia brasileira no 2º semestre, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou nesta quarta-feira, 29/11, um relatório otimista sobre a taxa básica de juros do país.

Segundo a entidade, a Selic deve continuar uma tendência de queda nos próximos dois anos, com uma taxa de 9,2% até o final de 2024 e 7,8% na segunda metade de 2025.

“Com expectativas de quedas contínuas da inflação e juros reais elevados, são necessários mais cortes”, afirmou o relatório.

Pelas previsões, a inflação deve fechar 2023 em 4,5%, desacelerar para 3,2% no ano que vem e atingir a meta de 3% em 2025. Segundo a OCDE, a baixa nos preços veio diante da antecipação no corte de juros e da normalização na cadeia de suprimentos no pós-pandemia.

Em uma entrevista nesta semana ao B3 Bora Investir, a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, afirmou que o processo de queda dos juros e a desinflação no Brasil devem continuar no ano que vem, mas às custas de uma perda de tração na economia.

Perda de ritmo da economia brasileira segundo OCDE

O chamado “Clube dos Países Ricos” revisou a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 3% neste ano, ante 3,2% em setembro. Para 2024, a entidade projeta uma desaceleração da economia para 1,8% e uma leve melhora em 2025, quando o PIB deve crescer 2%.

“As exportações agrícola devem impulsionar o crescimento em 2023, mas vão desacelerar nos anos seguintes, em meio aos baixos preços de commodities”. As mudanças nas estimativas também levaram em conta uma produção industrial que segue 1,8% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e o setor de serviços em desaceleração por dois meses consecutivos (agosto e setembro).

Por outro lado, o mercado de trabalho segue resiliente, com uma taxa de desemprego de 7,7%, menor resultado desde 2015, o que melhora a demanda doméstica – que segue como principal impulsionador da atividade econômica brasileira.

A queda da inflação e o aumento das transferências de renda – com o Bolsa Família de R$ 600 – também ajudam a manter o PIB num patamar mais alto.

Déficit fiscal e reformas

A OCDE acredita que a política fiscal mais expansionista do governo deve continuar em 2024. No entanto, o Executivo deve conseguir atingir a meta de superávit primário de 1% do PIB exigida pelo novo arcabouço fiscal.

Para chegar nesse objetivo, a organização vê um esforço do governo para aumentar as receitas em 1,5% do PIB no ano que vem, enquanto as despesas subiriam 1% do PIB.

“A implementação do novo quadro fiscal e o cumprimento das metas do saldo primário serão fundamentais para garantir a sustentabilidade da dívida e restaurar a confiança nas finanças pública”.

Sobre a Reforma Tributária, o ‘Clube dos Países Ricos’ vê a proposta como impulsionadora do crescimento.  

“Um sistema unificado de imposto sobre valor agregado simplificará a tributação de bens e serviços e reduzirá os encargos administrativos para as empresas. Além dos impostos sobre o consumo, há também margem para reformar os sobre o rendimento”, prevê a entidade.

Economia mundial em desaceleração

Apesar do início de queda da inflação nos países desenvolvidos, a Organização prevê um crescimento mundial de 2,9% neste ano, caindo para 2,7% em 2024 e com leve recuperação para 3% em 2025.

Segundo a OCDE, o aperto monetário para combater a alta dos preços tem surtido efeito – inclusive com a melhora do PIB em algumas nações mais ricas. No entanto, prevê um comércio mais fraco e redução na confiança nos próximos meses.

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