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Indústria fica perto da estabilidade em setembro e patina no ano

Setor extrativo avançou 5,6%, o que evitou um desempenho ainda pior. Juros elevados tem retraído os investimentos das empresas e as decisões de consumo das famílias

Foto: Paulo Whitaker/Reuters
O desempenho ficou igual as estimativas do mercado. Foto: Paulo Whitaker/Reuters

A produção industrial brasileira manteve a tendência de estabilidade vista ao longo do ano e cresceu apenas 0,1% em setembro, em relação ao mês anterior. Em 12 meses, a variação do setor é nula, segundo divulgou nesta quarta-feira, 01/11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em agosto, o setor cresceu 0,2% e em julho caiu 0,3%. No ano, a indústria do país está no negativo, com queda de 0,2%. Em relação a setembro de 2022, o avanço foi de 0,6%.

Produção da indústria – mês a mês

Fonte: IBGE

O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que apesar de marcar o segundo mês no azul, o setor segue com menor dinamismo como nos últimos meses. Com isso, a indústria está 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).

“Para além disso, observa-se predomínio de taxas negativas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 25 ramos industriais investigados”.

O principal impacto para o setor andar de lado tem sido a taxa básica de juros, a Selic, que apesar das últimas reduções segue muito elevada.

“Essa taxa alta tem influência direta sobre as decisões de investimento, por parte das empresas, e de consumo, por parte das famílias. Para além disso, o crédito ainda está caro e as taxas de inadimplência estão elevadas”, explica Macedo.            

Vale lembrar que o Comitê de Política Monetária divulga hoje o resultado da sua reunião, que deve fazer mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, o que leva a Selic para 12,25% ao ano.

Atividades

O principal impacto positivo em setembro ficou com as indústrias extrativas, com alta de 5,6%. Esse resultado veio após a atividade registrar perdas na mesma proporção no período julho-agosto.

O gerente da pesquisa explica que o setor extrativo representa aproximadamente 15% da indústria total e exerce o principal impacto positivo no acumulado do ano.

“O setor de indústrias extrativas, para além da baixa base de comparação, visto que vinha de duas quedas em sequência, ainda foi favorecido pela maior extração de petróleo e minérios de ferro nesse mês”, conclui André Macedo.

Outras contribuições positivas vieram de produtos químicos e de coque (1,5%); e derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).

Pelo lado negativo, as principais influências vieram na redução da produção de farmoquímicos (-16,7%, interrompendo dois meses consecutivos de expansão), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores (-4,1%), após avanços em agosto.

“Pelo lado da indústria farmacêutica, o recuo de dois dígitos desse mês guarda relação importante com o avanço de 30,2% acumulado nos meses de julho e agosto de 2023”, conclui o gerente da pesquisa.

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