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Sinal amarelo na atividade econômica mundial

Possível cenário de recessão exige resiliência de investidor

Se você tem mais de 40 anos de idade, certamente vai entender por que a inflação é o efeito mais temido da Covid-19 na economia mundial. Países dos dois hemisférios assistem, preocupados, a um aumento inesperado nos preços de produtos e serviços – mesmo após um aperto monetário. A expectativa de uma nova rodada de elevação de juros de forma global existe, o que faz os mercados financeiro e de capital preverem um cenário de recessão pela frente. 

Primeiro foi o Banco Central Europeu que aumentou sua taxa de depósito em 0,50 ponto percentual pela primeira vez, desde 2011. Depois, veio a decisão do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), que não apenas elevou em  0,75 ponto os juros norte-americanos, como também declarou que a taxa básica poderá chegar a 4% este ano. No Brasil, a Selic já está em 13,75% ao ano.

Para completar, a China, diante da dificuldade de cumprir a meta de zerar os casos de Covid-19 no território, vem mantendo algumas cidades importantes em lockdown, agravando a crise de fornecimento de insumos para indústrias no resto do mundo. Sem matéria-prima suficiente, os produtos ficam mais caros, e o esforço de conter essa alta mexendo nos juros empurra a atividade econômica mundial ladeira abaixo.

Os EUA não estão em recessão, porém, o seu Produto Interno Bruto (PIB) já encolheu por dois trimestres consecutivos, sendo a última retração de 1,6%. Enquanto isso, a cotação do euro caiu a menos de US$ 1 em julho, e países como Turquia, Argentina, Rússia, índia, Alemanha também apresentam indicadores de desaceleração da atividade. 

Esse cenário ativou o sinal amarelo dos investidores, que trataram de revisar as posições de suas carteiras – um movimento que eleva a volatilidade em diversos papéis nas bolsas de valores mundo afora. 

Se você acha que também deve revisar seu portfólio, confira as dicas a seguir antes de vender ou comprar qualquer ativo.

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Não é hora de se desesperar

Antes de tudo, mantenha a calma. Se você tem aplicações em renda variável, lembre-se de que ainda vigora a temporada de balanços do segundo trimestre de 2022, iniciada no fim de julho. Muitas companhias podem trazer novidades importantes neste período, capazes de mexer no valor de suas ações. Além dos lucros ou prejuízos reportados, não deixe de interpretar com cuidado as tendências que os números indicam para os próximos meses e no futuro de médio e longo prazos.

Hora de agir 

Especialistas apontam que a forma mais inteligente de se proteger em meio ao sinal amarelo é descruzar os braços e investir. Há boas oportunidades para quem recorrer às análises dos fundamentos das empresas, que tendem a ficar subavaliadas após quedas abruptas do pregão, comuns depois da divulgação de indicadores econômicos negativos dos Estados Unidos, da Europa ou da China. É nesse movimento que grandes gestores de fundos conquistam uma rentabilidade digna de colocá-los no ranking das melhores carteiras.

Se a renda variável é uma boa aposta para quem consegue esperar por um retorno lucrativo, a renda fixa, por outro lado, atende aquele perfil de investidor que busca rentabilidade nos próximos 12 meses. Isso porque nem a inflação, nem a taxa de juros devem cair tão rapidamente a ponto de prejudicar essa modalidade de investimento. 

O que não pode é se deixar levar pelo efeito manada (quando inconscientemente você segue a atitude de outras pessoas). Entender que o mercado é uma ciência paradoxalmente humana é essencial para tomar suas decisões com sabedoria.

Efeito dólar 

Um dos indicadores de recessão é a alta cotação do dólar nos mercados locais. Aqui no Brasil, não se assuste caso a moeda norte-americana comece a subir daqui em diante. Certamente isso será o reflexo do agravamento da crise, indicando a saída de investidores estrangeiros do país. 

Quanto mais o risco da recessão aumenta, mais natural é que esse capital migre para a renda fixa, fora ou dentro do Brasil. Com o aumento dos juros em países mais seguros, como os Estados Unidos, essa fuga ganha impulso, e a venda dos ativos que estavam nas mãos desse investidor faz a bolsa enfrentar uma sequência de perdas. Antes de achar que é o fim do mundo, preste atenção às oportunidades para adquirir o ativo que você vinha paquerando há um tempo, mas estava caro.

Cuidado com os micos

Nem sempre o que está barato é bom. Afinal, o que vale pouco pode valer menos ainda numa economia adversa. Ao fazer a lição de casa direito, isto é, ao estudar os fundamentos das empresas, você verá que há aquelas que demandam uma paciência maior para entregar ganhos, pois seus resultados estão muito atrelados à recuperação econômica. E se o cenário é de recessão, fica claro que os ativos atrelados àquele negócio (sejam ações, debêntures, fundos de crédito corporativo, por exemplo) não irão reagir tão cedo.

Fundos Imobiliários

O mercado de FIIs no Brasil amadureceu muito nos últimos anos, o que demonstra a resiliência do setor diante de momentos de crise. A recuperação econômica ainda não aconteceu por aqui, mas nem por isso o IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) despencou neste primeiro semestre do ano. Se, por um lado, a inflação aumenta o valor cobrado dos aluguéis, aumentando os rendimentos dessas aplicações, por outro, os juros altos atrapalham o financiamento para compra e construção do segmento imobiliário. Ou seja: vale a mesma recomendação de pesquisar bem as características do ativo, com a busca de uma boa equação no risco x retorno, alta liquidez e estrutura rígida de governança. 

Investir no exterior? 

A queda nas cotações dos ativos nas bolsas estrangeiras será tão violenta quanto aqui no Brasil, em caso de uma recessão mundial. Por isso, valem os mesmos conselhos: para quem tem estômago para assistir à desvalorização no curto prazo, vale a pena procurar pechinchas no exterior. A B3 oferece diversos caminhos (entre BDRs e ETFs) para comprar papéis da bolsa dos Estados Unidos, por exemplo. Para os menos resilientes, os mesmos produtos oferecem ativos mais resistentes a quedas, de indústrias ou setores de utilities (energia, água e gás) e commodities (que vêm lucrando devido à alta da inflação). 

Na dúvida entre investir em ações, FIIs, títulos públicos, focar em dividendos ou ativos estrangeiros, não se engane: considere todos os papéis para montar uma carteira diversificada. Consulte analistas e profissionais que possam ajudar você a passar por esse período – nada é para sempre e a economia, é bom lembrar, opera em ciclos.