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“Vivemos um período de incerteza, volatilidade e com viés inflacionário”, diz Mohamed El-Erian

Presidente da Queen's College e Conselheiro Econômico Chefe da Allianz acredita que a sitação se dá pelo erro dos BCs do mundo classificarem a inflação como transitória, em 2021

A economia global passa por um cenário desafiador e reconhecer o que acontece é primordial para entender o momento. O Presidente da Queen’s College e Conselheiro Econômico Chefe da Allianz, Mohamed El-Erian, afirmou nesta sexta (30/08), na Expert XP 24, que vivemos em um período de incertezas, volatilidade e com viés inflacionário.

Segundo ele, essa situação se dá pela volatilidade da narrativa da maior economia do mundo, os EUA, onde a discussão sobre juros e crescimento econômico “tem feito a economia global viver um jogo de ping-pong”.

El-Erian aponta que essa volatilidade se deu por falhas nas previsões macroeconômicas, quando os Bancos Centrais do ocidente erraram ao classificar, em 2021, a inflação como transitória. Isso, de acordo com ele, deixou os BCs mundiais reféns dos dados para decidir o futuro das economias globais.

“Apesar da evidência das empresas dos custos subindo, os BCs erraram na previsão e ficaram dependentes dos dados. Depender dos dados é olhar para o retrovisor, e decidir o futuro com base no que já passou”, destaca.

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3 perguntas para fazer antes de investir

Para o Conselheiro Econômico Chefe da Allianz, o cenário atual faz com que o universo dos investimentos passe de abundância de liquidez para uma liquidez um pouco mais restrita.

Assim, ele afirma que o investidor precisa se fazer 3 perguntas, que o farão ter um alicerce nesse novo cenário. São:

  • Tenho resiliência? Tenho consciência que posso ter perdas, mas que essas perdas podem e precisam ser recuperadas?
  • Quão aberto sou a considerar diferentes temas e empresas? Há novas oportunidades em diversos setores. Estou disposto a olhar para elas?
  • Quanta agilidade eu tenho para tomar decisões importantes?

IA como motor de mudança mundial

O economista ainda afirmou que a IA é um dos grandes motores de mudança global, assim como as questões energéticas e climáticas. Mas disse que nem a oferta nem a demanda podem ser mal distribuídas para que o crescimento vindo delas não se transforme em problemas sociais, econômicos e políticos.

“A má distribuição do que é produzido cria um problema econômico, político e social, porque gera desigualdade. Temos a sensação que a IA vai mudar tudo o que fazemos, mesmo não tendo a certeza de quando isso acontecerá. Acredito que em 5 ou 10 anos [a IA] será um grande motivador da produtividade”, apontou.

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Potencial do Brasil

Mohamed El-Erian ainda destacou que o Brasil tem todos os benefícios para ser um dos motores econômicos do futuro, como em áreas de segurança alimentar, transição energética e tecnologia. “Todos os atributos estão ali, mas isso exige um olhar otimista e políticas certas das iniciativas público-privadas”.

Ele ainda apontou que há um lado negativo de viver um cenário global inerentemente incerto, que levará a erros e perdas, mas que podem ser recuperadas. Também deixou um cenário otimista para o país: “A parte positiva é que o Brasil ainda vai liberar o seu potencial pleno, e há muito capital externo que entrará no país quando os brasileiros acreditarem que podem liberar esse potencial”, alertou.

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