Mercado

Zona do Euro segue EUA e eleva juros para 3,25% ao ano

Apesar de ser o menor aumento desde o início do ciclo de aperto monetário para conter a inflação persistente, autarquia sinaliza que provavelmente ainda há mais por vir

A semana, marcada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais do mundo, termina com o Banco Central Europeu (BCE) elevando mais uma vez a sua taxa de juros. Apesar de ser o menor aumento desde o início da batalha da autarquia para conter a inflação persistente, o BCE sinalizou que provavelmente ainda há mais por vir.

Nesta quinta-feira, 04/05, a taxa de juros de referência (taxa de depósito) na zona do Euro avançou 0,25 ponto percentual, para 3,25%. A alta acontece após três movimentos consecutivos de 0,5 ponto percentual nas reuniões anteriores. A decisão vai ao encontro das expectativas do mercado e leva a taxa ao maior patamar desde 2008.

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No comunicado, o Banco Central Europeu afirmou que essa e as próximas decisões têm por objetivo levar a meta de inflação para 2% no médio prazo. Também aponta que serão mantidas nesses níveis pelo tempo que for necessário. “O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente de dados para determinar o nível apropriado e a duração da restrição.”

O economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, explica que o BCE está um pouco atrasado na elevação dos juros em relação aos Estados Unidos, pois começou o ciclo de ajustes mais tarde. No entanto, é importante notar que o discurso de dificuldades em levar a inflação para a meta é semelhante.

“O Banco Central Europeu deve levar essa taxa até 4%. Ainda há o discurso que a inflação está alta e o último dado mostra isso: o índice de preços em 7% aponta para uma inflação bastante salgada”.

Novas tensões bancárias e juros EUA

Ainda no noticiário internacional, a repercussão da decisão do Federal Reserve (Fed) de elevar a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual se soma a novas tensões no setor bancário. As ações do PacWest Bancorp, banco regional americano de médio porte, estão em queda livre desde uma reportagem da Bloomberg afirmar que a instituição estuda uma possível venda. O banco confirmou que foi procurado por potenciais investidores.

A angústia do mercado financeiro sobre a saúde dos bancos regionais americanos segue alta desde o início do ano. Nesta semana, o JP Morgan adquiriu a maior parte dos ativos e depósitos do First Republic Bank (FRB), após sua falência na última segunda-feira, 01/05. A quebra do FRB configura a segunda maior para um banco da história dos Estados Unidos e se soma à falência do Silicon Valley Bank (SVB), Signature Bank e Silvergate Bank. Importante notar que o FRB tem cerca de US$ 44 bilhões em ativos, ante mais de US$ 200 bilhões do SVB,

Os bancos americanos menores estão sob pressão após as constantes altas de juros promovidas pelo Fed, o que afetou o preço dos seus títulos e a rentabilidade dos investimentos privados. Em discurso após a decisão de apertar novamente a política monetária, o presidente do Fed, Jerome Powell, voltou a afirmar que o sistema bancário americano é sólido.

“A fala do Powell começa a ser questionável, ainda mais com dois novos bancos na linha de tiro para quebrar. Tem o PacWest, da Califórnia, e o First Horizon, que estava para ser comprado por um banco canadense, e cujas ações chegaram a cair 60%. Caso haja uma nova falência, seria o quinto banco a quebrar nesse choque de juros. É uma situação complicadíssima”, explica Paulo Gala.

Brasil: Selic permanece em 13,75% a.a.

No Brasil, como esperado pelos economistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros, Selic, em 13,75% ao ano.

O comunicado reforçou o pedido de “paciência e serenidade na condução da política monetária” para levar a inflação à meta. Em outro ponto, os membros do Banco Central fizeram acenos à equipe econômica do governo em relação aos progressos na política fiscal.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, as falas do Copom mostram que o comitê deve manter o cenário de Selic estável para os próximos meses. “Em nossa visão, à medida que a inflação global desacelere e a demanda doméstica perca força, o Copom iniciará um ciclo de flexibilização gradual no segundo semestre. Antevemos um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de agosto, seguido de sucessivos cortes de 0,50 ponto percentual até a Selic atingir 11% no primeiro semestre de 2024”.

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