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Copom mantém Selic a 13,75%; Ambiente externo preocupa, segundo comunicado

Segundo o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o arcabouço fiscal ajudou a alinhar as expectativas do mercado, mas ainda é necessário observar a tramitação da matéria no Congresso e a sua versão final

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A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Foto: Adobe Stock

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar atual de 13,75%. É a sexta vez seguida que a autarquia opta pela continuidade do atual nível de juros para combater a inflação.

“A leitura do comunicado sugere que o Copom não deve cortar os juros na reunião de junho, mas apenas no segundo semestre”, diz o economista e consultor independente André Perfeito.

O comunicado da decisão, que teve votação unânime, apontou a “elevado a incerteza” do exterior, com a quebra de bancos nos EUA e a persistência inflacionária nas principais economia do mundo, como justificativa da manutenção do juro.

Para Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, as mudanças no comunicado sugerem um Bacen que não vê espaço para flexibilização iminente. “Mas abre espaço para cortes adiante com a rolagem do horizonte relevante. Esperamos corte na reunião de setembro, com risco da flexibilização ser antecipada para agosto”, diz. Já o Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) estima que Selic deve encerrar o ano a 12,50%.

A equipe liderada por Roberto Campos Neto indicou que, se o processo de desinflação estiver consolidado, o Bacen vai, eventualmente, reaver o ciclo de aperto monetário. “O conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”, afirma o documento.

Mais cedo, a autoridade monetária dos Estados Unidos, o Federal Reserve, elevou os juros do país em 0,25%.

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O colegiado afirmou que a queda no preço dos combustíveis e a apresentação do arcabouço fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribuiu para a melhora do ambiente de negócios do país. Porém, a regra fiscal ainda não foi aprovada e está sujeita a alterações, disse a nota. Além disso, “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”, enfatiza.

“O jogo ainda não mudou. Temos a apresentação do novo arcabouço, mas as expectativas de inflação ainda estão desancoradas, e por isso o Banco Central decide manter o plano de voo”, avalia Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas. O banco francês estima que o Banco deva começar a cortar juros, somente, no final do ano que vem.

“Ainda que tenha mantido a afirmação de que ‘não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado’, o comunicado adicionou que tal cenário é ‘menos provável'”, completa Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Para a casa, a Selic ficará inalterada em 13,75% até abril de 2024.

Nas projeções da autarquia, obtidas através da Pesquisa Focus, a inflação deve fechar 2023 em 5,7% e, para 2024, o aumento dos preços acumulado será de 3,6%. Neste cenário, a Selic é mantida a 13,75% até o final deste ano. “Caso volte a haver ruído público, isso pode contaminar decisões importantes para o cenário de juros – como a indicação de novos membros para o Bacen e a discussão sobre metas de inflação”, disse Adriana Dupita, economista-chefe para Brasil e Argentina da Bloomberg.

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