Objetivos financeiros

ESPECIAL LGBTQIA+: Jovem transforma Selic e CDI em personagens para ensinar economês

Rafaela Aliprandi, de 27 anos, conta trajetória com investimentos e como leva assuntos complexos de um jeito acessível para as redes

Rafaela Aliprandi desmistifica economês para público LGBTQIA+. Foto: Divulgação
Rafaela Aliprandi desmistifica economês para público LGBTQIA+. Foto: Divulgação

“Estou cansada das pessoas não saberem quem eu sou. Eu sou um indexador e, inclusive, eu sou baseada em você!”, diz o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) para a Selic, por telefone. A conversa lúdica é performada pela jovem Rafaela Aliprandi, de 27 anos, em um dos vários vídeos que ela produz nas redes sociais para desmistificar conceitos do mercado de capitais para o público LGBTQIA+ de um jeito simples e acessível.

A interação entre personagens fictícios como a Selic foi a forma que Aliprandi encontrou para levar o conhecimento que ela adquiriu sobre investimentos, finanças e ações para um público que não está acostumado com esses termos, mas que sente vontade de aprender e se inserir no universo financeiro.

Esta matéria faz parte da série Especial LGBTQIA+🏳️‍🌈, uma iniciativa do Bora Investir. Ao todo, são quatro capítulos publicados toda sexta-feira durante o mês de junho, trazendo um olhar singular da população LGBTQIA+ e os desafios que enfrentam no universo dos investimentos e da educação financeira.

💰De poupadora a investidora

Nem sempre o CDI “ligou” para a Selic. Antes de traduzir esse economês às redes, Rafaela Aliprandi precisou ralar sozinha para compreender melhor esse universo. Aliprandi veio de uma família de baixa renda da zona leste de São Paulo e, um dia na sala de aula, teve um contato inesperado com os investimentos antes mesmo de começar a investir.

“Minha professora entrou na sala de aula bastante brava e falou da importância de poupar e investir. No dia seguinte, eu comecei a pesquisar mais sobre investimentos. Desde então, eu que era só poupadora, passei a ser investidora”, conta.

No começo, ela tinha dificuldades de entender todos os termos e suas funções, CDI, CDB, BDRs. Uma sopa de letrinhas que assustava à primeira vista. Mas ela fez uma promessa a si mesma.

“Se eu aprender a investir, eu vou passar para as pessoas de uma forma fácil, já que muitas não têm acesso. Se eu falasse de uma forma difícil, ninguém ia entender. Assim, surgiu a ideia de fazer personagens e artistas LGBTs+ para que ficasse mais fácil a compreensão.”

@valeinvestidor O que é o CDI? Hoje você nunca mais vai confundir com o CDB! #aprendanotiktok #investimentos #curisosidades #humor ♬ Funny – Gold-Tiger

🏳️‍🌈Desafios

Mas por que voltado para LGBTQIA+? A resposta estava nela mesma. “Na comunidade LGBTQIA+, começaram a me questionar sobre como começar a investir. Essas pessoas, geralmente, são expulsas de casa por sua orientação sexual ou transição de gênero e precisam fazer dinheiro para sobreviver.” Segundo ela, um exemplo disso é a comunidade trans e travesti. A expectativa de vida delas é de 35 anos, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Outro desafio que se impõe é o preconceito. Na rua ou no trabalho, Aliprandi conta que não sofreu nenhum tipo de ataque ofensivo, mas nas redes sociais…

“O que eu recebo são comentários dizendo que como LGBT+ eu não teria credibilidade e por ser mulher, também, não poderia falar de investimentos. Só que [o mercado financeiro] ainda é um ambiente majoritariamente masculino. Nas redes eu sinto mais, porém, na Faria Lima nunca me aconteceu nada. As pessoas usam perfis fakes para me atacar. Esse tipo de preconceito que recebo por ser mulher e LGBT+.”

🌈 Perspectivas

Agora como securitária na Faria Lima, Aliprandi conseguiu mudar as perspectivas da sua vida e da sua família. Eles saíram da zona leste da capital paulistana para o coração financeiro brasileiro. Os investimentos que possui no portfólio são parte de todo o esforço que buscou desde que teve contato com o mercado de capitais.

As lições de tudo que aprendeu são boas demais para ficarem contidas. Dentre elas está a facilidade de se começar a investir, desmistificando a falsa ideia de que precisa ser rico para entrar na bolsa de valores.

“Não precisa ser rico para investir em ações. Dá para investir em frações e não em lotes. Eu busco ter 10 ações em setores diferentes. Eu invisto em renda fixa, por onde comecei, mas tenho bastante parte em renda variável. De fixa, tenho Selic, IPCA+, Tesouro. Em variável tenho recursos em fundos imobiliários porque gosto do rendimento mensal. Em ações eu invisto fora também. Isso me gera bastante rendimento anual”, conta.

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