5 principais erros ao planejar sua aposentadoria e como evitá-los
“O principal fator do investimento não é a rentabilidade, como muita gente gosta de acreditar, é o tempo", diz Ricardo Moura, COO da W1 Consultoria
Planejar a aposentadoria pode ser um desafio. Pensar no planejamento de longo prazo, abrir mão hoje de usar um dinheiro que só será utilizado daqui a décadas, saber onde investir e manter a consistência nos aportes são tarefas difíceis. Segundo Ricardo Moura, COO da W1 Consultoria, erros comuns nesse processo podem comprometer a tão sonhada tranquilidade financeira na velhice. A falta de diversificação de investimentos e a ausência de um planejamento claro estão entre as armadilhas mais frequentes. Confira quais são os principais erros e como evitá-los.
1. Não se planejar
O primeiro e mais comum erro é não se planejar ou começar a pensar na aposentadoria tarde demais, quando a data desejada já está próxima. “Um dos pontos principais é não entender a importância de começar cedo. Quanto mais cedo você começa, menor será o esforço necessário para poupar”, afirma Moura.
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“O principal fator do investimento não é a rentabilidade, como muita gente gosta de acreditar, é o tempo. Era melhor que a pessoa colocasse um dinheiro desde os 20 anos na poupança, que não é a melhor opção para isso, mas que colocasse todo mês, do que ela começar a investir em ações ou em alguma coisa mais arrojada aos 40 anos”.
Como evitar: Começar a planejar a aposentadoria o quanto antes é a melhor forma de evitar surpresas no futuro. Mesmo pequenas contribuições ao longo do tempo podem ter um impacto positivo significativo, graças aos juros compostos. Quanto mais cedo você começar, menos esforço será necessário para atingir suas metas.
2. Não entender o produto antes de contratá-lo
A previdência privada é um dos instrumentos mais utilizados com o objetivo de aposentadoria, e traz vantagens na hora de economizar para o longo prazo. O problema, segundo Moura, é que muitas pessoas contratam o produto, mas não entendem suas características. “O VGBL pode ser muito adequado para alguns e completamente inadequado para outros. É a mesma coisa para o PGBL”, diz ele. “A tabela de imposto, progressiva ou regressiva, também faz muita diferença e a maioria das pessoas não se atenta a isso”.
Uma mudança recente na regulação passou a permitir a mudança de tabela de imposto na hora do primeiro resgate, então vale ficar atento.
Como evitar: Entender a diferença entre VGBL e PGBL é essencial. O PGBL permite dedução do imposto de renda para quem faz a declaração completa, mas no momento do resgate, o imposto incidirá sobre o valor total, enquanto o VGBL tributa apenas os rendimentos. Também é importante verificar qual tabela de imposto (progressiva ou regressiva) é mais vantajosa de acordo com seu horizonte de tempo.
3. Não ter uma reserva de emergência
Os planos de previdência privada trazem benefícios fiscais no longo prazo, mas não são bons instrumentos se você precisa do dinheiro no curto prazo. Por isso, outro erro ao planejar a aposentadoria é não ter uma reserva de emergência. Isso porque sem esse colchão para absorver os gastos inesperados, muitas vezes as pessoas precisam fazer resgates no plano de previdência no curto prazo. Nesse caso, o investidor pode ter de pagar uma alíquota alta de imposto e pode prejudicar seu planejamento de longo prazo.
“Para planejar a aposentadoria, é preciso ter o foco de que aquilo realmente é do longo prazo, separar isso numa caixinha e não encostar nela, a não ser que eu realmente não tenha outra alternativa”, diz.
Como evitar: Antes de investir em previdência, crie uma reserva de emergência equivalente a seis meses ou mais do seu custo de vida. Esse valor deve estar em um investimento de alta liquidez, como CDBs de liquidez diária ou fundos DI, que permitam acesso rápido sem penalidades.
4. Escolher mal os fundos onde investir a aposentadoria
Além de decidir entre PGBL e VGBL e qual tabela de imposto usar, é essencial selecionar bem o fundo onde o dinheiro será investido. Isso inclui buscar uma rentabilidade acima do CDI e taxas de administração e performance condizentes com a estratégia e desempenho do fundo.
“Uma taxa alta não necessariamente é um problema. O ponto principal realmente é entender a relação entre performance e taxa. As pessoas muitas vezes escolhem fundos que têm taxas altas mas rentabilidades baixas e estratégias pouco sofisticadas. Uma taxa de administração alta ou a taxa de performance se justificam quando há uma estratégia sofisticada que tem o objetivo de trazer rentabilidades mais arrojadas”, diz Moura.
Nos últimos anos, aumentou a diversidade de fundos de investimentos disponíveis na previdência. “Hoje, temos desde previdência privada extremamente conservadoras, com baixíssima volatilidade, até fundos de previdência privada que têm criptomoedas na carteira”, diz Moura. O importante aqui é escolher um que se adeque ao perfil de risco do investidor.
Como evitar: Escolha fundos que estejam alinhados ao seu perfil de risco e objetivos. Avalie não apenas a taxa de administração, mas também o desempenho e a estratégia do fundo. Uma taxa alta pode ser justificada se o fundo entregar uma performance que compense esse custo.
5. Não se informar sobre as formas de resgatar o dinheiro
Após anos acumulando recursos, chega o momento de decidir como resgatar o dinheiro. A previdência oferece duas opções: sacar o montante total ou contratar uma renda mensal vitalícia com a seguradora.
“As duas opções têm suas vantagens e desvantagens. O maior erro é não compreender quais são elas”, afirma Moura. Contratar uma renda mensal pode ser vantajoso para garantir uma fonte de receita estável, mas tem o inconveniente de que o patrimônio passa a pertencer à seguradora, e não ao investidor, o que pode ser menos interessante em termos de sucessão.
Por outro lado, resgatar o valor total permite manter o patrimônio sob seu controle, mas exige que o investidor saiba gerir o dinheiro sozinho, o que pode ser arriscado. “Nesse momento, o conservadorismo é fundamental. O objetivo deve ser liquidez, geração de renda e segurança, já que você dependerá desse dinheiro para o resto da vida”, conclui.
Como evitar: Avalie qual das opções se alinha melhor aos seus objetivos e necessidades. Se você optar pelo saque total, busque investimentos conservadores que ofereçam liquidez e segurança. Se contratar uma renda vitalícia, certifique-se de que o valor mensal será suficiente para cobrir suas despesas.
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