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Ação não é tudo igual: quais os diferentes níveis de riscos em diferentes ações

Saber o perfil da empresa em que se está investindo pode ajudar a montar uma carteira diversificada de ações

Muitos olham para a categoria de renda variável como um investimento de alto risco e voltado para investidores mais arrojados. Mas isso nem sempre é verdade. Dentro da classe de ações, há aquelas mais ou menos arriscadas. Saber disso é essencial para montar sua carteira de investimentos de acordo com seu perfil.

Para João Daronco, analista da Suno Research, uma forma interessante de começar a investir em ações é olhando para as empresas mais sólidas, aquelas com grande valor de mercado e que distribuem parte de seus lucros – ou seja, as conhecidas por pagar dividendos com recorrência.

Há dois grandes motivos para isso: em primeiro lugar, o preço das ações dessas companhias costuma ser menos volátil. Afinal, são empresas que já estão estabelecidas no mercado em que atuam e há menos incerteza sobre suas operações. “Empresas mais sólidas em geral têm maiores vantagens competitivas, são empresas maiores e com maior resiliência”, diz o analista. Além disso, o pagamento via dividendo ou juros sobre capital próprio (JCP) já representa um retorno sobre o investimento do acionista, o que diminui o risco.

Daronco aponta também que há um lado educacional interessante ao se investir nessas empresas. “Fica muito mais fácil para o investidor entender realmente o que é investimento quando a empresa retorna o lucro para ele”, diz.

Entre os setores mais sólidos, o analista cita o bancário, energia elétrica, utilities (serviços de utilidade pública) e telecomunicações. Para escolher as ações mais resilientes, vale também olhar para o acrônimo BESST: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações.

Do lado das ações mais arriscadas, segundo Daronco, estão empresas com menos vantagens competitivas, “seja porque você não tem tantas barreiras de entrada, seja porque o setor muda muito”. De acordo com o analista, dois setores que exemplificam isso são setor aéreo e o varejo.

Existem também as chamadas small caps, que são as empresas listadas de menor valor de mercado. Suas ações costumam ser mais voláteis, mas há, em contrapartida, o potencial de retornos interessantes. “Pode fazer sentido [para a carteira do investidor], entretanto são empresas que geralmente estão em uma fase ainda ‘inicial’ e isso agrega alguns riscos, então é uma escolha um pouco mais complexa de se tomar”, diz Daronco.

Ciclos do mercado de ações

“Quando a gente fala de bolsa de valores, precisa entender a natureza cíclica do mercado. Antes de pensar em comprar e vender ações, é preciso pensar qual o ciclo atual. E isso não quer dizer olhar só para se a autoridade monetária está elevando a taxa de juros”, diz Paulo Martins, CEO e fundador da Anova Research. Segundo ele, é necessário avaliar o sentimento do mercado e buscar entender se os grandes investidores estão acumulando ou se desfazendo de posições em ações.

Nessa lógica, a escolha por investir em ações small caps ou blue chips (aquelas mais consolidadas e de maior valor de mercado) depende também do ciclo econômico. “A ideia de rotação do capital entre setores é muito importante e traz um entendimento de como o dinheiro gira”, diz ele.

Outro ponto importante, segundo Paulo Martins, é entender que não se pode investir “olhando para o retrovisor”, mas sim, tentando antecipar as próximas tendências. “Se a gente passa por um ciclo de aperto monetário, independente de quanto tempo demore, o próximo ciclo vai ser de afrouxamento. Se vou comprar ações de olho no longo prazo, quero comprar aquelas que vão se beneficiar do futuro da queda de juro”, diz.

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