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Como os jovens devem investir: dicas para construir patrimônio a partir dos 20 anos

Com planejamento e paciência, é possível traçar objetivos e batalhar para alcançá-los a médio e longo prazo, contando com o efeito dos juros compostos sobre os rendimentos

Élida Oliveira, especial para o Bora Investir

Quem consegue ter algum dinheiro para começar a investir a partir dos 20 anos tem a seu favor um aliado importante nos rendimentos: o tempo. Com planejamento e paciência, é possível traçar objetivos e batalhar para alcançá-los a médio e longo prazo, como fazer uma pós-graduação, comprar um imóvel próprio ao atingir determinada idade, ou começar a construir uma renda complementar para uma aposentadoria tranquila.

E, para começar a investir, não é preciso ter grandes valores. O Tesouro Direto, por exemplo, permite aportes mensais a partir de R$ 30.

“Começar a investir aos 20 anos é uma das melhores decisões que você pode tomar, pois o principal aliado do jovem investidor é o tempo. Ao iniciar cedo, os juros compostos têm mais tempo para trabalhar a seu favor, permitindo que seu dinheiro cresça de forma exponencial”, afirma André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Confira abaixo sete dicas para começar a investir a partir dos 20 anos:

1. Identifique gastos e faça um planejamento

A dica que todos os educadores financeiros dão para todos que querem ver o dinheiro trabalhando a seu favor é cortar gastos. E, para cortar, é preciso primeiro identificar por onde o dinheiro vai embora.

Depois de definir quais são os gastos essenciais, o investidor deve vasculhar sua conta bancária para encontrar os demais gastos. Podem ser lanches, saídas noturnas, shows, roupas, e outros itens de consumo. Em seguida, é preciso traçar o objetivo financeiro e verificar o que dá para eliminar de custos.

Mesmo que todos os gastos pareçam necessários, se o jovem tiver objetivos e souber onde vai chegar cortando aquele custo, fica mais fácil deixar de destinar o dinheiro para esses fins e investir.

“É fundamental criar um orçamento, identificar as fontes de renda, despesas e estabelecer objetivos claros que guiem as decisões”, afirma Rocha.

2. Escolha entre banco e corretora (ou use os dois)

É possível investir por meio de um banco ou por corretora. Nos bancos, a maioria das opções de investimentos pode estar atrelada àquela instituição. Nas corretoras, as opções são mais variadas. 

Se tiver dúvidas, dá para começar a investir nas duas plataformas e, com o acúmulo de patrimônio, escolher entre uma via ou outra para concentrar os seus ativos.

“Abrir uma conta com um assessor ou em um banco com gerente de investimentos é essencial para começar a investir, já que esses estabelecimentos oferecem diversas opções de investimentos. Além disso, é importante pesquisar e entender as diferentes opções disponíveis, como ações, fundos imobiliários, títulos do tesouro, entre outros”, afirma Rocha.

3. Estude a renda fixa e variável 

Na renda fixa, a rentabilidade pode ser prefixada, atrelada a algum índice de mercado ou híbrida. Em alguns casos, há prazo de vencimento desta contratação. Na renda variável, o rendimento muda de acordo com o mercado.

Dentro da renda fixa, há opções de títulos e fundos diversos. Entre os títulos de renda fixa, podemos destacar os CDB (Certificado de Depósito Bancário), títulos do Tesouro Direto, LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), LC (Letra de Câmbio) e LF (Letra Financeira), e debêntures. Entre os fundos, podemos citar os de bens imobiliários, títulos bancários e cotas de outros fundos.

Na renda variável, as opções mais buscadas são as ações, fundos imobiliários (FIIs), os fundos de índices (exchange traded funds ou fundos de índices ou ETFs), os recibos de ações estrangeiras (Brazilian depositary receipts ou BDRs), os fundos de investimentos (que podem ser fundos de ações, internacionais, multimercado, cambiais ou de ativos como ouro ou criptomoedas).

“A poupança pode ser um ponto de partida, mas oferece baixa rentabilidade. Por outro lado, opções como CDB e Tesouro Direto são mais seguras e apresentam uma rentabilidade maior. O Tesouro Educa+, um produto do Tesouro Direto, é uma excelente escolha para quem deseja continuar os estudos, combinando segurança com bons retornos financeiros”, afirma Rocha.

Em geral, o investidor iniciante opta pelos produtos da renda fixa, até se sentir mais confortável, e depois parte para explorar a renda variável. 

Segundo Rocha, o tempo que os jovens têm a favor deles ajuda também na resiliência a perdas. “O tempo está ao seu favor para lidar com eventuais altos e baixos do mercado. Isso permite explorar oportunidades de investimento que ofereçam potencial de crescimento mais elevado, balanceando cuidadosamente o risco com uma visão de longo prazo.”

Saiba mais: Quais as diferenças entre renda fixa e variável? Entenda

4. Considere o pagamento de taxas e impostos

Investimentos como ações, CDBs e fundos de investimento estão sujeitos ao imposto de renda, então é importante levar isso em conta ao planejar seus investimentos. 

Além disso, algumas corretoras e tipos de investimento cobram taxas de administração e corretagem, que também devem ser consideradas para garantir que seus retornos sejam realmente vantajosos, alerta Rocha.

5. Faça uma reserva de emergência

O primeiro esforço financeiro para acumular recursos deve ser direcionado à reserva de emergência. Esse montante deve ser aplicado em um investimento de alta liquidez, ou seja, que possa ser resgatado no mesmo dia ou de um dia para o outro. 

O valor da reserva de emergência deve corresponder aos seus gastos relativos a seis meses de despesas – dessa forma, se houver algum imprevisto, sua reserva deverá cobrir a falta de entrada de dinheiro.

“É essencial ter uma reserva de emergência para imprevistos. Além disso, considerar a previdência privada pode ser uma boa opção para complementar a aposentadoria no futuro, na estratégia de segurança financeira a longo prazo”, afirma Rocha.

7. Conte com a ajuda dos juros compostos

Rocha explica que, quanto mais tempo o dinheiro estiver investido, mais ele crescerá devido ao efeito dos juros compostos. 

Saiba mais: Qual a diferença entre juros simples e juros compostos?

Além disso, o investidor pode potencializar os ganhos ao longo do tempo ao reinvestir os lucros obtidos.

Rocha cita como exemplo de investimento um fundo imobiliário que paga dividendos mensais de 0,8%. Nesse cenário, ao investir R$ 1.000 inicialmente, o investidor receberá de retorno R$ 8 no primeiro mês. Ao final de 10 anos, reinvestindo os dividendos, o valor acumulado poderia ser de R$ 2.000, considerando os juros compostos sobre os dividendos reinvestidos.

Este valor é uma estimativa e pode variar dependendo do desempenho do fundo e das condições de mercado ao longo do tempo.

7. Diversifique

Após montar a reserva de emergência e pensar em construir uma previdência privada para complementar a aposentadoria no futuro, o jovem deve pensar em diversificar seus investimentos para trazer maior segurança a longo prazo.

Diversificar significa ter diferentes classes de ativos em sua carteira de investimentos – dessa forma, se um investimento se desvalorizar devido a uma determinada condição de mercado, outro poderá se valorizar, equilibrando as perdas.

Quando houver flutuação de mercado, o crucial é manter a calma e a paciência. Rocha explica que as variações são parte natural do processo de investimento. 

“Não se deixar levar por quedas momentâneas é fundamental para tomar decisões mais racionais e evitar reações impulsivas. Além disso, diversificar seus investimentos é essencial para reduzir os riscos, evitando concentrar todo o capital em uma única oportunidade”, afirma Rocha.

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