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Compreender vícios de pensamento pode facilitar decisões de investidores

Pesquisadora israelense Tali Sharot falou no MKBR22 sobre papel do inconsciente nas escolhas do dia a dia

Homem com expressão pensativa
A tendência de subestimar notícias negativas pode impactar a formação do portfólio de investimentos. Foto: Adobe Stock

Ter consciência de como cérebro interage é fundamental para compreender que alguns vícios de pensamento influenciam bastante na tomada de decisões. Isso é válido também para as escolhas no mercado financeiro.

A tendência de subestimar notícias negativas pode impactar a formação do portfólio de investimentos. Essa provocação da neurocientista e pesquisadora israelense Tali Sharot foi um dos destaques do painel MKBR22, evento organizado pela ANBIMA e pela B3, nesta quarta-feira, 21.

Integrante do corpo docente do UCL (University College London) e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Tali explora os recursos oferecidos pela neurociência para desvendar o comportamento das pessoas na tomada de decisões diante de crenças arraigadas, conhecido como viés de confirmação.

“Em 80% da população mundial, é possível verificar o viés de otimismo. Isso acontece quando o cérebro busca mais notícias boas do que negativas. Então, a comunicação mais eficaz precisa destacar o que deve ser feito para se ter um resultado melhor. Isso vale para tudo, inclusive para informações sobre investimentos”, diz Tali.

Situações estressantes mudam padrão cerebral

Segundo a neurocientista, em situações de estresse, no entanto, há uma mudança de padrão. Tali explica que, após eventos de cunho muito negativo, como um ataque terrorista ou uma queda muito acentuada na bolsa de valores, o estresse elevado dispara um gatilho, e o cérebro passa a dar mais atenção a notícias negativas.

“Quando o indivíduo está estressado, o funcionamento do cérebro muda bastante. Ao estimar o risco em situações estressantes, a absorção de informações boas e ruins pode chegar ao mesmo nível. Verifica-se, no entanto, uma hiper vigilância para absorver informações negativas”, afirma Tali.

É esse comportamento que leva as pessoas a quererem vender ativos após uma queda acentuada na bolsa. De acordo com a neurocientista, esse padrão do estresse afeta mais pessoas de meia-idade, enquanto adolescentes, adultos jovens e idosos têm maiores níveis de otimismo.

“Com o viés de otimismo mais alto, adolescentes e adultos jovens tendem a se arriscarem mais no mercado de ações”, ressalta Tali. “Com mais consciência, entendemos bem mais o comportamento humano e como o mercado pode se comunicar, usar as informações”, completa.

De uma forma geral, o centro de recompensas do cérebro fica mais ativado quando o investidor verifica que fez uma escolha boa sobre um investimento ou encontra informações que confirmem essa aposta, explica Tali.

*Conteúdo do portal de notícias do MKBR22.

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