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Conheça as principais escolas do pensamento econômico

Uma economia funcional é capaz de produzir muitas coisas, menos consensos

Pais da economia
Alguns dos pais da economia. Adam Smith, foto: Etching created by Cadell and Davies (1811), John Horsburgh (1828) or R.C. Bell (1872); Leon Walras, foto: divulgação; John Maynard Keynes, foto: National Portrait Gallery; Milton Friedman, foto: The Friedman Foundation for Educational Choice

Muitas vezes, quem se volta para o noticiário econômico está tentando fugir dos conflitos e da dualidade descrita pelas páginas de política. E, assim que chegam por aqui, essas pessoas têm duas decepções: a primeira é que não dá para entender o debate econômico sem acompanhar a política (e vice-versa). A outra é que também há polarização na economia.

Isso porque, assim como os demais campos do conhecimento, a economia não tem uma bala de prata para resolver seus problemas. E, na falta de uma fórmula mágica, muitos estudiosos e profissionais da área procuraram criar teorias e hipóteses que ajudassem a explicar o mundo e – quem sabe – resolvê-lo através da economia. Daí, a diversidade de linhas de pensamento econômico, que são as diferentes formas de ver a economia.

Um passo antes: o que é economia?

Pode não ser novidade para você, mas a economia é o estudo da gestão dos recursos limitados. Segundo o dicionário da universidades inglesa de Cambridge, que tem uma das faculdades de Economia mais antigas do mundo, a economia é o “estudo das atividades de produção e consumo”. Já segundo o dicionário brasileiro Houaiss, um dos mais vendidos do Brasil, a economia é a “ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar”.

Assim, a definição de economia parte de dois pressupostos: os recursos não são infinitos e é preciso saber geri-los. Afinal, seu dinheiro não é infinito, e sim escasso. O mesmo ocorre com o dinheiro de um país: nenhum Estado dispõe de toda a grana que gostaria, por isso é preciso administrá-la bem

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E, aí, o estudo econômico se divide em duas grandes áreas: a microeconomia e a macro. A micro se dedica ao estudo de como as pessoas ou as empresas gerem seus recursos e lidam com essa gestão. Já a macroeconomia estuda os desdobramentos dessa gestão em larga escala, e examina fatores mais amplos como inflação, crescimento, índices de desemprego etc. 

No final das contas, as duas dependem uma da outra para compor a ciência econômica que, aliás, é uma ciência humana. Sim! Apesar de se valer de cálculos e gráficos, a economia é classificada como uma das humanidades, visto que estuda o comportamento humano. 

Escolas econômicas

Uma escola econômica não é um colégio que gasta pouco mas, sim, uma linha de pensamento acerca da economia. Cada escola reúnes seus fundadores, pensadores e adeptos, e existem muitas delas. Aqui, iremos apresentar as principais, de forma introdutória. Existem muitas outras linhas de pensamento, e mesmo as apresentadas são, somente, um resumo inicial. 

Bora conhecer!

Economia clássica

Quem gosta de História pode achar que essa escola econômica surgiu na Grécia Antiga, mas o termo “clássico” não faz referência ao surgimento da civilização ocidental contemporânea. Ao contrário, remonta a um período relativamente recente, o século XVIII, quando a economia surgiu formalmente. A escola clássica do pensamento econômico surgiu com a publicação do livro A Riqueza das Nações, do autor escocês Adam Smith – tido como pai da economia.

A primeira escola econômica acredita que a economia funciona bem e cresce em um ritmo natural quando pode correr livremente. Daí, vem o nome liberal, muitas vezes associado a esse grupo de pensadores. A hipótese criada por Smith é de que a economia se adapta naturalmente de forma a garantir crescimento e expansão econômica a todos graças à “Mão Invisível do Mercado”.

A ideia é que essa mão iria ajustar as dinâmicas de oferta e demanda sem auxílio externo do Estado. Por isso, a alocação eficiente de recursos seria uma consequência da intervenção mínima do Estado na economia. Para seus defensores, os governos só precisam intervir em algumas áreas específicas, como a proteção da propriedade privada, a promoção do livre-mercado, a saúde da população e a segurança pública, entre outros. Outros nomes da escola clássica são David Ricardo, Jean-Baptiste Say e John Stuart Mill.

Economia neoclássica

Essa escola não tem uma data de surgimento tão clara, mas acontece no fim do século XIX e início do XX. Seus protagonistas são Leon Walras, William Jevons, John Hicks, Alfred Marshall, entre outros. Aliás, entre muitos outros, já que a escola neoclássica tem a habilidade de se manter viva e contemporânea desde que surgiu. Por isso, muitas vezes, é chamada de escola ortodoxa, visto que é a visão mais difundida e ensinada nas faculdades de economia pelo mundo inteiro.

Construída sobre as bases da economia clássica, esse ponto de vista traz algumas ideias novas ao conjunto teórico que compunha o liberalismo de Adam Smith. Algumas delas são a maximização da utilidade, a teoria da escolha racional e a análise marginal, que estuda como os indivíduos tomam decisões escolhendo as melhores opções. Ainda assim, os neoclássicos também absorveram influências de outras escolas, como a Keynesiana.

Escola Keynesiana

A teoria econômica de John Maynard Keynes surgiu nos anos 1930, em resposta a crise financeira de 1929. Na época, os economistas clássicos e neoclássicos estavam em descrédito, já que não sabiam sequer explicar o problema econômico generalizado nem como resolvê-lo.

Então, o americano Keynes propôs que o Estado intervisse não só nos serviços básicos à população mas, também, que intervisse para resolver a crise com estímulos a setores e algumas isenções para os grupos mais afetados. Ainda assim, Keynes não rejeitava as ideias da escola clássica, mas achava que era necessário incluir novos elementos nela para que se tornasse sustentável. Tanto é que parcelas significativas do Keynesianismo foram incorporadas pela escola Neoclássica.

Escola monetarista

Depois que a escola keynesiana se tornou dominante, foi a vez dela ser alvo de uma crítica. Reparou como, na história da Economia, um movimento surge para contrapor ou tentar reparar ou anterior? Agora, foi Milton Friedman que liderou a resposta à economia de Keynes, dominante no pós-guerra. A defesa deste ponto de vista se consolidou entre os anos de 1960 e 1970, quando houve grande inflação nos EUA e na Europa.

A crítica era que o Keynesianismo era menos eficaz do que parecia ser. Por isso, seria necessário retomar alguns princípios da escola clássica, como a não-intervenção estatal para a maioria dos casos. Mas, como o nome sugere, esta teoria sugere que o grande trunfo para contornar quase todos os problemas econômicos é o controle da emissão de papel-moeda.

Escola austríaca

Um dos subgrupos da escola ortodoxa se considerava tão liberal que era capaz de criticar, até mesmo, o liberalismo de Adam Smith. Por isso, a escola austríaca ou escola de Viena, liderada por Ludwig von Misses, Carl Menger e Eugen von Böhm-Bawerk, acredita que o controle de preços, de qualquer tipo, é um problema a ser evitado, assim como a intervenção governamental de qualquer tipo.

Devido a sua crítica a escola clássica, a linha de pensamento austríaca é classificada como uma escola heterodoxa, isto é: que foge ao que a ortodoxia consegue englobar. Pautada em valores individuais, os economistas desta linhagem acreditam que é quase impossível prever o comportamento humano e suas decisões. Por isso, os modelos econômicos seriam de pouca utilidade.

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