Dólar, ouro e imóveis: o que é reserva de valor e como montar uma
A reserva de valor pode ser uma proteção contra choques econômicos e crises. Veja como montar uma!
Por Marília Almeida
Em momentos de choques econômicos, alguns ativos se desvalorizam menos, ou não desvalorizam. Por características próprias, como escassez, liquidez e valor consolidado, em geral eles também oscilam menos, e compõem a chamada reserva de valor.
Na visão de especialistas, todo investidor deve incluir essa reserva na carteira, especialmente os que investem grande parte de seus recursos na renda variável.
A reserva de valor é diferente da reserva de emergência, que tem como objetivo proteger o investidor contra gastos imprevistos. Também é diferente de investimentos que protegem contra a inflação, geralmente ativos de renda fixa indexados a índices de preços.
Quer saber mais como aumentar a proteção da sua carteira? Veja o que é a reserva de valor e quais aplicações podem compô-la:
O que é reserva de valor?
A reserva de valor tem como objetivo proteger a carteira de investimentos de perdas que costumam ocorrer nos ativos de renda variável, como ações, em momentos de crise econômica.
Para isso, as aplicações que a compõem precisam ter correlação negativa com índices de ações. Ou seja, se a bolsa subir ou descer, ativos que fazem parte da reserva de valor não vão subir e descer junto. Essas aplicações têm um funcionamento próprio e oscilam por motivos diversos.
Quais aplicações podem compor a reserva de valor?
Ativos que são escassos, têm liquidez, são menos voláteis e mantêm seu valor ao longo do tempo podem ser incluídos na reserva de valor. A indicação de especialistas é que representem de 5% a 10% da carteira de investimentos.
“Quanto mais o investidor aplicar em renda variável, maior precisa ser a sua reserva de valor, como forma de proteção contra essa volatilidade”, diz Marcio Bandeira, assessor de investimentos da corretora Guide.
Veja abaixo as aplicações que podem ser incluídas na reserva de valor:
Ouro
O ouro é o ativo mais recomendado para formar a reserva de valor. É possível encontrar fundos que investem no metal precioso e também ETFs referenciados em índices do ouro na bolsa de valores, como o GOLD11.
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Moedas
Apesar de não ser um bem escasso, já que governos podem aumentar sua disponibilidade no mercado, moedas fortes como o dólar, o euro e a libra podem ser incluídos na reserva de valor.
“Ainda que não se saiba se o dólar continuará a manter seu valor daqui 20 anos, atualmente ele pode, sim, ser considerado como reserva de valor. Com a ressalva de que seu valor precisará ser monitorado no longo prazo”, diz Bandeira, da Guide.
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A aplicação em moedas pode ser feita via fundos cambiais ou por meio da compra direta da moeda em corretoras de câmbio, que podem ser armazenadas em uma conta corrente.
Imóveis
Imóveis também podem ser considerados como uma reserva de valor. Contudo, têm algumas desvantagens em relação às outras aplicações, como menor liquidez e alto valor. “Diferente das outras aplicações, que são acessíveis, para adquirir um imóvel o investidor terá de imobilizar uma boa parte do seu patrimônio”, diz Henrique Castro, professor da Escola de Economia da FGV-SP.
Os chamados fundos imobiliários de tijolo poderiam, então, ser considerados como reserva de valor? Na visão de Castro, não, pois sua correlação com a bolsa não é negativa. “Fizemos estudos que apontam para uma correlação positiva entre os FIIs e a bolsa. Se a bolsa registra queda, os FIIs também registram, ainda que menor. Essa característica impede que os FIIs cumpram o objetivo da reserva de valor, que é proteger a carteira contra oscilações da renda variável”.
Criptomoedas podem ser consideradas reserva de valor?
Os especialistas concordam que criptomoedas se enquadram em apenas uma das características da reserva de valor: são recursos escassos, pois as moedas virtuais foram projetadas com limite máximo de 21 milhões.
As similaridades param por aí: além de não ser um recurso com valor consolidado, e há incertezas de que poderá perdurar ao longo do tempo, as moedas são extremamente voláteis. “Não é que o ouro ou o dólar não oscilam, mas a bitcoin oscila mais”, diz Castro, professor da FGV. “Não recomendamos como reserva de valor na corretora”, conclui Bandeira, da Guide.
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