Investir melhor

Existe cenário econômico ideal para começar a investir?

O consenso entre especialistas é de que todo ambiente econômico abre oportunidades, seja em renda fixa ou em renda variável

Azul ou vermelha… Eis a questão. Em Matrix, Neo teve de escolher entre conhecer a realidade (pílula vermelha) ou permanecer em uma ilusão (azul). O mesmo se aplica à escolha entre investir ou não. Investir seria, nesta alegoria, tomar a pílula vermelha e encarar a realidade. O consenso entre especialistas é de que todo ambiente econômico abre oportunidades, seja em renda fixa ou em renda variável, e o ideal é começar o quanto antes. O aspecto essencial a ser pensado pelo investidor é quanto aos seus objetivos financeiros, qual seu tipo de perfil e como equilibrar isso com a construção do seu portfólio de ativos com uma estrutura de produtos que suporte a exposição aos diferentes movimentos do mercado financeiro sem gerar prejuízos.

Azul ou vermelha

Investir o quanto antes seria o mais aconselhável, segundo Antônio Sanches, analista de pesquisa da Rico. Mas sem pressa e tampouco afobação. O primeiro passo é compreender qual o seu perfil de investidor, se é mais conservador, moderado ou mais agressivo. Depois disso, é abrir a carteira e começar.

“Quanto antes a pessoa investir, melhor. Todo investimento tem liquidez, retorno e rentabilidade. Nunca vai conseguir ter as três características juntas. Ele vai ter que abrir mão de uma para ter outra. Numa metáfora, todo investimento é como se fosse uma ferramenta. Tem que entender qual seu objetivo para ter a ferramenta na caixa de ferramentas e para cada tipo de trabalho que vai executar”, afirma.

Qual cenário atual?

Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, destaca que o Brasil passa por um momento de incerteza no cenário econômico. “Acho que hoje estamos em um momento de grande incerteza no Brasil. É um pouco conturbado com os gastos do governo e como o mercado enxerga isso. Eu vejo ótimos retornos em renda fixa, que não conseguimos há bastante tempo. Ao mesmo tempo, os preços das ações estão bem interessantes. A questão que fica é que, hoje, temos grandes oportunidades, tanto em renda fixa e variável. Porém, os resultados dos investimentos podem demorar um pouco por causa do cenário instável [na economia]. A diferença entre uma alocação em renda fixa diversificada com variável vai depender do objetivo de curto, médio e longo prazo desse investidor”, explica.

Segundo Sanches, o cenário ideal é aquele em que o investidor está com a carteira de investimentos pronta para entrar em operação. “Com juros altos, a renda fixa é atrativa. Naturalmente, o conservador e moderado vai ter mais rentabilidade desses ativos. Temos a previsão até 2025 com esses juros, então o investidor consegue um retorno grande. Já renda variável é [mais atrativa] quando empresas geram mais lucros, taxas de juros mais baixas, mercado de ações responde a previsibilidade, como segurança jurídica, mas eleições trazem volatilidade.”

Diversificação

Villegas ressalta que a diversificação da carteira precisa ser ampliada para se prevenir a exposição aos riscos que vêm do movimento do mercado financeiro em razão do ambiente doméstico e, em certa medida, até efeitos do cenário global. 

“A diversificação é fazer uma alocação em que a maior parcela dos seus ativos vai convergir para esse cenário de expectativas que você está seguindo. Mas uma parte dos recursos você pode alocar em um cenário neutro ou em um contrário. Por exemplo, dentro do ambiente de incertezas em que vivemos hoje, sabemos que a taxa de juros tem uma expectativa de queda, mas como o cenário está volátil, o ideal é que o investidor esteja com recursos em produtos pós-fixados para ter um retorno que acompanhe a taxa de juros, o que acaba sendo um investimento mais conservador.”

Por outro lado, ele alerta para o investidor se conhecer antes para não se deixar levar pela emoção durante a operação. Investir em um produtos de perfil mais agressivo do que o seu pode comprometer a saúde da sua carteira de investimentos.

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