Investir melhor

O que você precisa saber antes de começar a investir?

Não acreditar em ganho rápido e fácil e entender a sua capacidade de correr riscos estão entre as orientações

O dilema de “fazer o dinheiro trabalhar para você” circula nas rodas de conversas e atrai investidores iniciantes e até de perfis arrojados. O caminho para isso, no entanto, requer cuidados e exige atenção, segundo especialistas. Em geral, o objetivo é alcançar a tão sonhada independência financeira.

Segundo a pesquisa do Serasa Experian, 40% das mulheres empreendedoras têm a independência financeira como principal objetivo para empreender. Questionadas se já conseguiram alcançar essa meta financeira, 55% delas confirmaram positivamente.

O Bora Investir conversou com dois especialistas em investimentos e pesquisa para entender os desafios dessa trajetória. Confira.

Não existe milagre

Daiane Mohr, planejadora financeira e especialista em investimentos da Warren, afirma que não existe milagre no mercado financeiro e qualquer fala a respeito de conseguir dinheiro em determinado período de tempo, com retornos exorbitantes, pode ser golpe.

“Se alguém te prometer rentabilidade garantida, pagamentos mensais mirabolantes e etc, fique longe. Isso não existe. Se alguém encontrar uma fórmula mágica de ganhar muito dinheiro é pouco provável que saia distribuindo por aí essa ideia.”

Além disso, Mohr elenca algumas estratégias a serem perseguidas por qualquer investidor aspirante a viver com autonomia e tranquilidade nas finanças.

O mercado financeiro não deixa ninguém rico. O que te deixa rico é o seu trabalho. Então, se dedique a ele, gaste menos do que ganha, tenha uma estratégia e seja resiliente por muitos anos. Isso te leva à independência financeira”, destaca.

Fator tempo

Conforme Mohr, mais importante do que o valor investido é o tempo para que esse recurso se multiplique no longo prazo.

“Ele [tempo] é a única variável dessa fórmula que não tem como ajustar. Você não pode comprar tempo, não tem como voltar atrás, o que passou passou. Porém, pelo fato de estarmos no Brasil e vivermos numa economia de juros compostos, onde você ganha rendimento sobre o rendimento que já teve, essa mágica acontece.”

Ela traz exemplos. “Vamos lá: R$ 40,00 por mês são R$ 480,00 por ano. Por 70 anos, são R$ 33.600,00 de investimento. Porém, [se a pessoa investir] o resultado dessa conta no final de 70 anos é aproximadamente R$ 17 milhões. Sim! R$ 17 milhões! Então, já quero trazer o primeiro ponto importante. Não é o quanto você guarda, mas sim, por quanto tempo. Tem pouco para começar? Comece.”

Antes de investir, pesquise bem

Já Antônio Sanches, analista de pesquisa da Rico, alerta para três fatores a serem observados pelo investidor antes de aplicar recursos em um ativo financeiro.

“Uma forma do investidor não cair em cilada é conhecer três características. A primeira é a liquidez e, a segunda, a rentabilidade esperada pelo investimento. Na renda fixa isso fica muito claro, ainda mais quando falamos de ser metrificado, se será 100% do CDI ou 110% do CDI. Na renda variável, o investidor pode fazer alguns cálculos para ver essa rentabilidade. Por fim, é olhar para o risco que se está correndo.”

“Se ele souber responder essas três perguntas, já têm o que precisa para fazer seu investimento, seja em renda fixa, fundo imobiliário ou em ações”, diz.

Capacidade de correr riscos

Antes de todas as recomendações, vem a famosa composição da reserva de emergência. O papel dela é justamente evitar que o investidor resgate o valor de outros investimentos antes do prazo de vencimento para cobrir algum imprevisto.

“Se você está iniciando os investimentos e ainda não tem uma mínima reserva de emergência, você pode até ter perfil arrojado, porém não tem capacidade. A chance de precisar do dinheiro aplicado em algum momento da sua vida é enorme e pode ser que você precise sacar em um momento ruim. Aí você tem uma decepção com a renda variável, mas na verdade, você não respeitou a sua capacidade”, explica Mohr.

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