Por que o IPCA+6% virou o queridinho dos planejadores
Entenda os motivos que levam analistas a acreditarem que o título de renda fixa atrelado à inflação pode render bom desempenho no longo prazo
Quem investe sempre está à procura dos melhores rendimentos para fazer seu dinheiro crescer. E há um ativo que merece destaque e chama a atenção de planejadores financeiros quando está disponível, segundo especialistas ouvidos pelo Bora Investir. Trata-se da renda fixa atrelada ao IPCA + 6% ao ano.
Em diferentes janelas de tempo de longo prazo, esse ativo é o que mais rende entre diferentes classes — até mais do que CDI, dólar e Ibovespa. Não é sempre que ele aparece, mas atualmente é possível encontrar taxas bastante próximas a ele, inclusive no Tesouro Direto. Entenda, a seguir, se essa pode ser uma opção interessante ou não pra você.
Rentabilidade acumulada de diversos indicadores no prazo de 20 anos (clique aqui para ampliar):
“Um rendimento real [acima da inflação] acima de 5% é muito bom. Você pode achar pouco, mas em qualquer país do mundo é um investimento superatrativo”, afirma Myrian Lund, professora de MBAs da FGV.
Segundo ela, o IPCA+6% serve de benchmark (o objetivo de rentabilidade) para diversos fundos destinados a investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão investidos. Esses fundos tendem a ser mais arriscados do que a renda fixa. “Conseguir isso na renda fixa é muito atrativo”, diz.
Rentabilidade acumulada de diversos indicadores no prazo de 10 anos (clique aqui para ampliar):
Opção é interessante para diversos perfis
Segundo a planejadora financeira Luciana Ikedo, a rentabilidade real de 6% ao ano pode ser interessante para diferentes perfis de investidor, quando se pensa no planejamento de longo prazo.
“Quando eu falo de crescimento esperado para um planejamento de independência financeira ou de aposentadoria, para um cliente agressivo, eu vou buscar no resultado total da carteira uma rentabilidade entre 5% e 6% acima da inflação. Para um cliente moderado, busco mais ou menos 4%, e para um conservador, 3%”, diz.
“Então esses momentos que a gente tem, por exemplo, o Tesouro pagando IPCA+5,5%, ou títulos de crédito privado chegando a pagar IPCA+7%, IPCA+8%, podem ser uma grande oportunidade, quando falo de visão de longo prazo e crescimento real do dinheiro acima da inflação”, diz.
Diversificação ainda é o mantra
Você pode pensar: “Já que essa é uma taxa tão atraente, devo me desfazer dos outros investimentos e aplicar tudo na renda fixa atrelada à inflação?”. Não é bem assim. A taxa de IPCA+6% é uma boa para o longo prazo. E vale lembrar que a renda fixa não é livre de risco.
“O que acontece é que a gente precisa ter uma parte da carteira destinada ao curto prazo, seja para as emergências, seja para as oportunidades”, diz Luciana Ikedo. Também vale diversificar a carteira e buscar oportunidades que possam trazer uma rentabilidade maior no curto e médio prazo.
Volatilidade existe na renda fixa
Uma característica dos títulos de renda fixa atrelados à inflação é a volatilidade nos preços antes do vencimento. Esses papéis são expostos à chamada marcação a mercado, e seu preço varia a cada dia, a depender das expectativas quanto à inflação e juros no País. E quanto maior o prazo, maior tende a ser a volatilidade.
Quem mantiver o dinheiro aplicado até o vencimento receberá exatamente a rentabilidade “contratada” na aquisição do título, mas se tiver de vender antes do prazo, poderá ter um deságio sobre o valor pago, e embolsar inclusive menos do que investiu inicialmente.
O inverso também é verdade: a depender do momento, o investidor pode embolsar bons lucros se vender um título antes do prazo. Mas tenha em mente que não é possível ter certeza de que isso vai acontecer.
Renda fixa não é tudo igual
Importante lembrar que não se deve fazer um investimento olhando apenas para a rentabilidade. Renda fixa envolve riscos e é preciso entender os diferentes títulos de renda fixa.
Tesouro Direto – São os títulos emitidos pelo governo, considerados os mais seguros da economia de um país. Existem alguns vencimentos diferentes oferecidos. Em 05/04, havia papéis para vencimento em 2029, 2035, 2040, 2045 e 2025 e que pagam entre IPCA+5,77% a IPCA+5,97%. O próprio Tesouro garante a recompra a qualquer momento, mas o preço está sujeito à marcação a mercado.
CDB (Certificados de Depósitos Bancários) – São títulos emitidos pelos bancos. Na prática, o investidor está emprestando dinheiro para a instituição financeira, que o remunera com juros em troca disso. São protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio) – Também emitidos pelos bancos, são papéis destinados ao financiamento desses dois setores específicos. Seus rendimentos são isentos de imposto de renda para as pessoas físicas. São protegidos pelo FGC.
CRIs e CRAs (Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Recebíveis Agrícolas) – Emitidos por empresas dos ramos imobiliário e agrícola, são formas de financiar as operações e projetos das companhias. Seus rendimentos são isentos de imposto de renda para as pessoas físicas. Não têm proteção do FGC.
Debêntures – Também são papéis de dívida emitidos por empresas, mas de qualquer ramo. Não há proteção do FGC.
Quer saber como declarar os seus investimentos? Acesse o curso online e gratuito do Hub de Educação da B3.