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Quanto e onde investir para ter renda de R$ 5 mil por mês?

Ter uma renda apenas deixando o dinheiro ‘trabalhar para si’ é o desejo de muitos investidores. Veja onde e quanto investir para alcançá-lo

renda. Foto: Pixabay
Dividendos pagos em renda fixa não se alteram com queda da Selic. Foto: Pixabay

Quem se interessa pelo mundo dos investimentos certamente já ouviu o termo ‘fazer o dinheiro trabalhar por você’. É esse o objetivo de muitos investidores: juntar e aplicar dinheiro até chegar ao ponto que apenas com os rendimentos destas aplicações seja possível gerar uma renda mensal.

A renda gerada pelos ganhos dos investimentos é chamada de renda passiva, já que é um dinheiro que não vem em forma de pagamento pelo trabalho. Porém, isso não quer dizer que conseguir obter uma renda passiva não exija esforço.

“Quanto é preciso ter investido para ter uma renda de determinado valor” é uma pergunta clássica entre os investidores. Mas segundo Vicente Guimarães, CEO da VG Research, a questão envolve diversos aspectos que dificulta respondê-la de forma objetiva. Contudo, o especialista traçou um cenário no qual é possível atingir esse objetivo.

Onde investir para ter uma renda passiva de R$ 5 mil?

Na visão de Guimarães, o melhor caminho para acumular patrimônio que gere renda passiva é investir em ações que paguem dividendos e fundos imobiliários (FIIs).

Ter R$ 5 mil mensalmente significa uma renda anual de R$ 60 mil. Ou seja, a carteira de investimentos deve gerar dividendos, juros ou renda neste montante. “Isso parece óbvio, mas muitos investidores que dizem buscar a sonhada liberdade financeira investem em ativos que não geram renda e não vão ter resultados assim” diz.

O CEO considera que uma boa carteira de renda variável, focada em ações de dividendos e fundos imobiliários e construída por anos, tenha um rendimento com dividendos (Dividend Yield (DY) médio de 6%, valor que considera conservador. Desta forma a carteira deveria ter R$ 1 milhão para gerar uma renda anual de R$ 60 mil.

“Obter um dividend yield acima de 6% não é complicado. Eu já vi carteiras antigas, formadas ao longo de anos de investimento, com retornos médios de 10%, 15% ou até mais. Quanto maior o tempo de formação da carteira, maior tende a ser o yield médio. Isso ocorre porque a oscilação dos preços médios tende a se reduzir com o tempo, se aproximando de zero ao longo de décadas”, explica.

Guimarães afirma que hoje o yield médio das ações que formam o Ibovespa B3, principal índice da bolsa de valores do Brasil, está na casa dos 11%, com média histórica de 4%. Já o dos fundos imobiliários que formam o IFIX está na casa dos 10,5%, com média histórica de 7,5%. “Vale observar que esses números elevados de yield em relação à média demonstram que os preços das ações e dos fundos imobiliários estão baratos hoje em dia”.

Quanto investir por mês para ter a renda por 10 anos?

Para chegar no valor de R$ 1 milhão e ter a renda passiva de R$ 5 mil por mês durante 10 anos o especialista diz que existem fatores que podem interferir no ritmo dos aportes. São eles:

1)     Metodologia de investimento

É necessário levar em conta que o yield médio da carteira vai variar muito de investidor para investidor, dependendo da dedicação ao longo do tempo, ações e fundos comprados, momento da compra e o preço pago.

Um investidor pode levar poucos anos para montar uma carteira que gere uma renda anual de R$ 5 mil e outro investidor pode demorar muito tempo para chegar a este patamar ou até mesmo nunca chegar a esse montante, explica.

“Eu já vi muitas carteiras com mais de R$ 1 milhão investidos e pulverizado em produtos financeiros distribuídos por bancos e corretoras. O yield médio de algumas dessas carteiras era muito pequeno, menor que 1% ao ano. No final das contas estas carteiras geravam pouquíssima renda passiva” afirma Guimarães.

Por outro lado, ele diz que ações compradas em momentos de estresse de mercado, com preços muito baratos, podem gerar yields médios acima de 20%. Então, a sugestão é focar em ativos que pagam bons dividendos e comprá-los quando estão baratos. 

“Como eu sempre digo: Se você quer produzir leite, você deve comprar vacas leiteiras. Quanto mais barata estiver a vaca leiteira, melhor!”.

2)     Reinvestimento dos Dividendos

Outro fator que acelera muito os resultados é o reinvestimento dos dividendos na carteira. Esse é um dos segredos para gerar a “bola de neve” e o efeito exponencial no crescimento da renda e do patrimônio. 

No começo esse valor é pequeno e ajuda muito pouco na acumulação de capital. Mas, com o passar do tempo os dividendos aumentam e quando menos se espera o valor reinvestido já supera o valor do aporte principal. 

“O reinvestimento pode dobrar e até triplicar os resultados do investidor. Vamos considerar que o investidor irá reinvestir todo o dividendo recebido”, diz.

3)     Inflação

Muitos investidores iniciantes têm uma preocupação enorme com os efeitos nocivos da inflação sobre seu patrimônio. Mas é necessário levar em conta que os rendimentos das ações e dos FIIs tendem, em média, a serem corrigidos pela inflação.

Nos FIIs essa compreensão é mais simples, uma vez que o aluguel dos imóveis que constituem o fundo têm contratos corrigidos pela inflação.

Sobre os dividendos das ações devemos levar em conta que os papéis refletem os lucros das empresas, que tendem, em média, a repassar os aumentos dos seus custos (insumos, mão de obra, serviços) para seus produtos. Isso aumenta a receita, lucros e, consequentemente, os dividendos distribuídos.

Ou seja, podemos desconsiderar a inflação da conta, o que facilita os cálculos sem afetar a precisão das projeções.

4)     Empresas que pagam dividendos também crescem

Vamos considerar que as empresas que pagam bons dividendos tenham crescimento real médio de 3%, valor similar à média do PIB brasileiro dos últimos 50 anos. E que esse crescimento se reflita em uma valorização de 3% ao ano, descontando a inflação.

Vale salientar que é possível obter níveis de valorização maiores comprando ações e fundos certos nos momentos certos.

Faça a conta: uma renda de R$ 5 mil começando do 0

Em suma, segundo o CEO da VG Research, considerando essas variáveis conservadoras, o investidor que não tenha dinheiro guardado precisará de aportes mensais de R$ 5.280 durante 10 anos para obter um patrimônio de R$ 1 milhão que poderá gerar R$ 5 mil mensais de renda passiva.

Deve-se ressaltar que o tempo é muito importante nesta conta. Caso o tempo de investimento fosse de 20 anos o aporte mensal necessário para obter a mesma renda mensal de R$ 5.000 seria de R$ 1.560. Caso o investidor invista por 30 anos, sob as mesmas condições, o valor do aporte seria de apenas R$ 580.

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