Rali de Natal: por que as bolsas tendem a subir em dezembro?
De 2000 a 2022, o Ibovespa registrou alta em 16 anos no mês de dezembro
Dezembro tem uma aura de festividades. É o fechamento do ano no trabalho, a agenda cheia de comemorações com amigos e família, a corrida para comprar todos os presentes antes do Natal, preparação para a ceia… Luzinhas enfeitam as casas e as vitrines das lojas e shoppings, além da multiplicação de papais-noéis pelas cidades. E há uma teoria de que esse otimismo tem reflexos também nas bolsas de valores.
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O evento é conhecido como rali de Natal e não ocorre apenas no Brasil, mas nas diversas bolsas ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, o fato é conhecido como Santa Claus Rally (Rali do Papai Noel, em tradução livre).
O que é o rali de Natal?
O rali de Natal é a constatação de que as bolsas tendem a ter resultados positivos em dezembro – mais especificamente, da semana que antecede o Natal até o dia 2 de janeiro. O fato é visto em diversas bolsas no mundo, e o Brasil não foge à regra.
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Um levantamento feito pelo consultor independente Einar Rivero a pedido do Bora Investir mostra que o Ibovespa, principal índice de ações da B3, registrou alta em 16 dos últimos 22 anos em dezembro.
Apesar do viés de alta, a amplitude do movimento variou bastante de ano a ano. A maior valorização foi registrada em dezembro de 2000, quando o Ibovespa avançou 14,84%. Em segundo lugar, ficou 2003, com alta de 10,17%.
No lado das quedas, a maior desvalorização foi registrada em 2014, quando o índice recuou 8,62%.
Por que as bolsas costumam subir mais no período de rali?
Não é fácil explicar o rali de Natal. “Tecnicamente, não existe um motivo real e plausível para isso, mas o que observamos é que muito desse movimento acaba acontecendo pelos investidores se posicionando e se preparando, montando as suas posições para o próximo ano”, diz Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.
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A esse movimento de ajuste de posições antes do próximo ano, soma-se a maior disponibilidade de renda, com o recebimento do 13º salário e dos bônus empresariais.
Villegas lembra ainda que existe uma tendência de movimento ao longo do ano nas bolsas. “Historicamente as bolsas globais tendem a ter um desempenho mais negativo entre os meses de maio e setembro, e de outubro até abril a gente acaba tendo esse movimento positivo”, diz.
É daí que vem o ditado: “sell in may and go away” (venda em maio e vá embora, em tradução livre).
Existem, entretanto, dúvidas sobre o quanto a teoria do rali de Natal se confirma, lembra Luís Moran, head da EQI Research. “Tem toda uma linha de investigação acadêmica, vários acadêmicos tentando fazer uma análise estatística, e não está claro que o rali acontece”, afirma.
“Eu tendo a achar que é mais ruído do que qualquer outra coisa. Até porque, se existisse, seria muito fácil de explorar, era só comprar [ações] em meados de novembro e ir para casa. Mas se todos fizessem isso, também não haveria rali”, diz.
Haverá rali este ano? Quais são as estimativas?
Para 2023, há dúvidas sobre a trajetória da bolsa nos últimos pregões do ano. O mês de novembro e as primeiras semanas de dezembro foram muito positivas para a renda variável, e isso pode ter antecipado um pouco o rali de Natal, diz Villegas. Em dezembro, o Ibovespa chegou a marcar máximas históricas.
“Isso aconteceu porque tivemos temporada de resultados fortes, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e dados de inflação melhores que o esperado, o que reforçou no mercado o sentimento de que há espaço para o Fed iniciar o processo de queda de juros”, diz Villegas, da Genial.
“O cenário estava bastante nebuloso no terceiro trimestre”, diz Moran, da EQI Research. “A partir de agosto, o mercado começou a duvidar de algumas coisas com relação aos EUA, tivemos eventos políticos importantes, como a quase não renovação do teto de gastos”, afirma. Quando a situação começou a clarear, em outubro, o mercado “respirou aliviado”, resume ele.
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No Brasil, isso abriu espaço para que o Ibovespa acompanhasse o movimento. “É um processo de normalização. O mercado começou o ano precificando um cenário muito ruim [do lado doméstico]”, diz Moran.
Vale a pena aproveitar o rali de natal?
Em primeiro lugar, é sempre importante avaliar o seu perfil de investidor e verificar se faz sentido ter ações no seu portfólio. Além disso, vale a ressalva de que esse movimento de alta perto do Natal nem sempre acontece, “e nem sempre tem uma intensidade significativa”, lembra Villegas.
“É importante o investidor saber que ele pode se posicionar para o rali de final de ano, mas que se não der certo, que isso não interfira na sua estratégia, que não traga para ele uma necessidade de saída antes do previsto, dado que a gente sempre recomenda que o investimento em renda variável tenha um foco de médio a longo prazo”, diz.
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