Objetivos financeiros

Menos é mais barato: 6 dicas de consumo consciente para melhorar sua saúde financeira

Hábitos de consumo consciente são essenciais para garantir estabilidade e qualidade de vida

Cuidar da saúde financeira e ter hábitos de consumo consciente são atitudes essenciais para garantir estabilidade e qualidade de vida. Com as finanças bem administradas, é possível evitar dívidas desnecessárias, se preparar melhor para imprevistos e alcançar metas de vida.

Com objetivo de oferecer dicas e reflexões para melhorar as finanças dos leitores, o Bora Investir entrou em contato com diversos especialistas para revelar como ter um consumo mais consciente. As sugestões vão de fazer uma listinha atribuindo notas para a importância dos seus gastos para você à regra de esperar ao menos 24 horas para saber se aquela compra por insumo vale a pena de fato.

Lembrando que uma vida financeira equilibrada reduz o estresse causado por problemas monetários, permitindo o foco em outras áreas da vida. Confira!

O que é consumo consciente?

Consumo consciente é um conjunto de práticas e atitudes que propõem escolhas de consumo mais responsáveis e sustentáveis, levando em conta as necessidades pessoais de cada um.

Para Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, praticar o consumo consciente é uma forma eficaz de melhorar sua saúde financeira sem abrir mão da qualidade de vida.

“Consumo consciente é mais do que economia; é um estilo de vida alinhado à construção de um futuro financeiro sólido”, aponta.

Isso significa consumir apenas o que é necessário, evitar desperdícios e optar por produtos e serviços que sejam produzidos de maneira ética e sustentável. O consumo consciente, portanto, tem um efeito além da saúde financeira, podendo também gerar impactos sociais, econômicos e ambientais.

Como cortar gastos sem comprometer qualidade de vida?

Reduzir gastos que não estão ligados a qualidade de vida é o passo mais importante para ter uma rotina de consumo consciente. Mas, afinal, como identificar esses gastos?

Sérvulo Mendonça, chairman da Holding SM e com experiência de mais de 20 anos na área de Contabilidade de Gestão, destaca que a categorização de gastos deve ser feita de forma individual, pois envolve diferentes fatores, como renda, prioridades e o momento de vida de cada um.

“Um fator altamente relevante é considerar a liberdade econômica do seu momento, e nesse ponto uma simples planilha de dados já pode ajudar, separando os gastos por espécies, como alimentação, lazer, saúde, educação. Se sua linha de lazer estiver muito alta, vale reconsiderar ela inserindo a linha reserva”, aconselha.

Dema Oliveira, CEO da Goshen Land e especialista em investimentos e empreendedorismo, destaca que entender para onde vai seu dinheiro é a primeira etapa, uma vez que pequenos ajustes podem gerar grandes resultados. Para ele, também é essencial categorizar os gastos e reduzir aqueles que não contribuem para sua qualidade de vida ou objetivos financeiros. Por exemplo, assinaturas não utilizadas ou compras por impulso.

Clay Gonçalves, planejadora financeira da SuperRico, dá dicas para essa categorização. “Faça uma lista de todas as despesas, sem se preocupar com o valor. Para cada despesa, escreva o que ela representa em termos de valores pessoais (status, segurança, conforto etc.) e atribua uma nota de 1 a 10, que significa a importância dela em sua vida. Com esta classificação você poderá visualizar melhor o que é mais ou menos importante e começar a diminuir as despesas menos importantes.”

Como ter um consumo consciente?

Dema Oliveira defende o hábito de criar uma rotina que envolva revisar seus gastos e investimentos diariamente. “Assim como em negócios, o planejamento financeiro pessoal é sobre estratégia e disciplina.”

Marlon Glaciano, por sua vez, também aponta que um bom começo é identificar prioridades e desejos de necessidades. “Antes de comprar, pergunte-se se o item é realmente essencial e avalie alternativas, como reutilizar ou adquirir produtos de segunda mão.”

Planejar as compras e estabelecer um orçamento também ajuda a não gastar em produtos ou serviços desnecessários. “Aproveite descontos apenas para o que já estava no planejamento. Evite o crédito impulsivo e prefira pagar à vista, negociando descontos”, indica Marlon.

Dicas de hábitos financeiros para ter consumo consciente

Evite impulsividade

Os especialistas consultados apresentaram um consenso: é recomendável esperar um tempo para uma compra que não está na sua lista de prioridades.

Dema Oliveira defende a prática da regra dos 30 dias para uma compra maior: “antes de comprar algo não essencial, espere um mês para verificar se o desejo ainda persiste.”

Já Marlon Glaciano aponta que até mesmo 24 horas é o suficiente para evitar compras impulsivas. “Pratique a regra do “esperar 24 horas”: ao desejar algo, aguarde um dia para decidir, reduzindo compras por impulso. Invista em qualidade, não em quantidade, focando em produtos duráveis e sustentáveis.”

Faça perguntas a si mesmo

Gean Duarte, economista e especialista em renda fixa da empresa Me Poupe!, argumenta que é fundamental ter clareza sobre seus gastos.

Uma das partes de evitar a impulsividade e reduzir suas despesas é fazer algumas perguntas a si mesmo, como “eu quero?”, “eu posso?”, “eu preciso?”.

Se uma dessas respostas for não, planeje-se para realizar esse desejo no futuro, de forma consciente.

Frederico Avril, sócio da Septem Capital Gestão Patrimonial e Investimentos, indica outras perguntas que podem ser úteis na hora da compra, como a “regra do preço por hora”.

“Se algo custa R$ 100 e você ganha R$ 25 por hora, pergunte para si mesmo se vale 4 horas do seu trabalho.”

Construa um planejamento

Gean Duarte pontua uma das dicas mais mencionadas: o planejamento é essencial para administrar as finanças da melhor forma. E o melhor: não precisa ser tão difícil ou intimidador como parece.

“O planejamento e o orçamento não precisam ser complicados nem diários – uma revisão semanal já resolve. Use ferramentas simples, como planilhas, aplicativos ou até papel e caneta. Com isso, você define um teto de gastos e identifica onde pode economizar.”

Cuidado com o delivery

O conforto de pedir comida por aplicativo com muita frequência pode ser um vilão no fim do mês. Segundo o relatório “Consumer Insights”, da Kantar, que traz resultados analisados durante todo o primeiro semestre de 2024, boa parte da população destina renda para delivery.

“Planeje sua alimentação com marmitas saudáveis – isso poupa dinheiro e contribui para a saúde”, diz Gean Duarte. Caso não tenha tempo para cozinhar com frequência, preparar algumas refeições e congelá-las pode ser uma boa opção.

Programe seu tempo livre

Uma pesquisa recente da SPC Brasil revelou que 36% dos consumidores fazem compras para aliviar o estresse. Ou seja, muitas pessoas caem no hábito de gastos desnecessários, pois gostam da sensação de conquista.

Frederico Avril recomenda que, para evitar isso, passeios gratuitos ou hobbies podem ajudar. Passear em praças, museus, sair com amigos, fazer exercícios físicos ou embarcar em passatempos como leitura ou atividades manuais pode reduzir a ansiedade e gerar a mesma sensação de bem-estar.

Economize custos fixos

Revise seus custos fixos, como moradia. Gean Duarte recomenda que esse gasto não ultrapasse 30% da sua renda.

“Se o aluguel está pesando, avalie mudar para um imóvel mais barato, mas que ainda atenda suas necessidades. Isso pode liberar uma boa parte do orçamento para outras prioridades.”

Outro ponto essencial é repensar os gastos com energia elétrica. Substitua as lâmpadas por LED, economize no uso do ar-condicionado e desligue aparelhos quando não estiverem em uso. Pequenas ações reduzem muito a conta no fim do mês.