1 em cada 3 brasileiros não se sente incluído financeiramente na sociedade
Falta de acesso a crédito é o principal motivo da falta de inclusão financeira no país
Por mais que 78% da população afirme ter conta em algum banco, 1 em cada 3 brasileiros ainda não se sente devidamente incluído financeiramente, sendo a falta de acesso a crédito um dos principais motivos (73%) para que exista essa percepção.
Os dados são do estudo “Da cédula ao DREX: a evolução do dinheiro em 30 anos”, produzido pelo Mercado Pago em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD).
Especialistas afirmam que para promover uma inclusão financeira não basta apenas o acesso a contas bancárias, mas também a serviços e educação.
“Em primeiro lugar, é fundamental oferecer soluções que, entre outras coisas, promovam também educação financeira para ajudar as pessoas a entenderem melhor como gerenciar seu dinheiro, economizar e investir, além de integrar o tema nos currículos escolares”, afirma Ingrid Barth, Fundadora da Linker e presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Simone Carvalho Santos, economista, CFP® e CEO do Grupo NanoCapital destaca também que é crucial facilitar o acesso a serviços bancários, como contas correntes, cartões de crédito, empréstimos e seguros, especialmente para populações de baixa renda e em áreas remotas.
“A tecnologia também desempenha um papel vital, com o uso de aplicativos bancários e caixas eletrônicos em locais de difícil acesso, garantindo que todos possam utilizar serviços financeiros básicos. Parcerias entre governos, ONGs e instituições financeiras são fundamentais para criar políticas inclusivas e produtos financeiros acessíveis”, ressalta a economista.
A importância da inclusão financeira
Segundo Barth, a inclusão financeira é crucial por várias razões e é um direito essencial, não um luxo. Ela facilita o acesso a serviços financeiros que ajudam as pessoas a economizar, investir em educação, saúde e pequenos negócios, o que contribuiu com a redução da pobreza e melhoria da qualidade de vida da população.
“Além disso, promove o empoderamento econômico ao oferecer às pessoas a oportunidade de participar mais plenamente da economia, com a capacidade de tomar decisões financeiras melhor informadas”, diz.
A CEO do Grupo NanoCapital ainda ressalta que a inclusão financeira estimula o empreendedorismo, pois permite que pequenos negócios cresçam e aumentem a renda familiar, o que gera mais consumo.
“Fora a inclusão social, ao colocar pessoas em situação de vulnerabilidade social em condições de suprir necessidades básicas como saúde, educação e bem-estar”, aponta ela.
Falta de crédito como fator de exclusão
Para Igor Castroviejo, diretor comercial da 1datapipe, plataforma de consumer insights via Inteligência Artificial, boa parte dos motivos para que tantas pessoas não consigam crédito se deve aos modelos tradicionais de avaliação por parte das instituições.
“Infelizmente, as autarquias ainda se fiam em fontes de informações muito superficiais e ultrapassadas, de modo que muitos clientes potenciais passam despercebidos por falta de profundidade das próprias empresas”, diz ele.
Como exemplo, ele cita um estudo do Instituto Locomotiva que aponta serem mais de 4,6 milhões de brasileiros sem conta bancária. Um outro material, chamado de Beyond Borders 2022/2023, mostra que apenas 40% dos adultos do país possuem um cartão de crédito.
“Com isso, são milhões de brasileiros invisíveis aos olhos dessas avaliações e, consequentemente, sem acesso a algo tão importante como o crédito”, pontua Igor Castroviejo.
Como resolução do problema, o profissional sugere que as instituições financeiras invistam em soluções tecnológicas capazes de abranger esses grupos minoritários em suas análises. “Já existem no mercado soluções que fornecem às autarquias dados alternativos valiosos, como histórico de compras online, hábitos de consumo, profissão, histórico de emprego, média salarial e renda familiar desses potenciais clientes, o que pode trazer insights muito bons sobre o perfil de cada um”, pontua.
Para encontrar instituições financeiras que ofereçam mais opções, Simone Carvalho Santos orienta que sejam feitas pesquisas de compração online de produtos e serviços oferecidos por diferentes bancos e cooperativas de crédito.
“Consultar um planejador ou consultor financeiro pode ser útil para obter orientação sobre as melhores opções de acordo com as necessidades individuais. Participar de programas de educação financeira e workshops oferecidos por ONGs e instituições locais também podem ajudar”, destaca ela.
Já a presidente da Abstartups diz que buscar workshops e cursos de educação financeira online onde informações sobre diversas instituições financeiras podem ser compartilhadas também é uma boa prática. Visitar agências de diferentes bancos para obter informações detalhadas sobre os produtos e serviços que oferecem pode ajudar na tomada de decisão.
“Por fim, aplicativos financeiros e serviços digitais que agreguem informações sobre diversas opções de instituições financeiras é outra ferramenta que pode ajudar na escolha da melhor opção”, completa.
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