Alimentação minimalista: 6 passos para comer melhor e gastar menos
A alimentação minimalista é um dos gastos mais importantes do orçamento, e também um dos mais negligenciados.
Por Guilherme Naldis
No Brasil, uma pessoa gasta, sozinha, uma média de R$ 618 para se alimentar durante um mês. Segundo a pesquisa +Valor, publicada em 2022, os gastos médios mensais com alimentação no País representam 50,9% do valor do salário mínimo. Mesmo que a inflação esteja caminhando para a estabilidade, a comida ainda está cara. Por isso, é necessário ter uma estratégia para comer bem e barato, como na alimentação minimalista,
Neste cenário, a educadora financeira Naiane Souza afirma que desperdiçar comida é mais que um pecado: é uma ofensa ao próprio bolso. “Na situação atual, a questão da sustentabilidade com a comida deixa de ser uma preocupação ambiental ou social. É algo muito mais direto: é financeiro!”, disse.
Por isso, ela sugere a adoção de uma alimentação minimalista. Não se trata de uma dieta restritiva ou de uma greve de fome, mas de uma visão mais responsável e organizada sobre a comida. Bora conhecer!
Minimalismo: a filosofia que pode melhorar sua relação com o dinheiro
O que é uma alimentação minimalista?
Uma alimentação minimalista considera que a comida, assim como as outras partes essenciais da nossa vida, precisa ser respeitada, mas não pode ser protagonista de nada.
Por isso, é necessário abrir mão dos vícios e conhecer novas possibilidades de gerir a relação com os alimentos, tanto em relação ao paladar quanto à parcela do orçamento destinado a eles.
Por que adotar uma alimentação minimalista?
Segundo Souza, a falta de controle sobre os gastos alimentares pode gerar problemas de saúde física e financeira. “Em alguns casos, até 40% da fatura do cartão de crédito é gasta com delivery, que é algo que vicia. Normalmente, essas compras são impulsivas e não matam sua fome, mas sua gula. E isso acontece por falta de tempo e organização”, explica.
Assim, além de gastar melhor com a sua alimentação, é possível ingerir comida de melhor qualidade. “Quando a gente se organiza para comer, o fast food deixa de ser uma opção, já que a gente sabe que sai caro e não é bom pra saúde”.
Mesmo na correria do dia a dia, é possível colocar tudo em pratos limpos e separar o joio do trigo. Veja, abaixo, como organizar sua alimentação para comer melhor e mais barato!
1. Frequente feiras livres
Quem mora nas grandes cidades pode optar por comprar diretamente de quem produz, frequentando as feiras.
As feiras oferecem preços melhores e alimentos mais saudáveis, proteicos e nutritivos. “Os produtos pertencem a um produtor que vive perto da cidade e vai oferecer um produto melhor, quem sabe orgânico, e por um preço muito mais acessível que comprar em um supermercado”, afirma a especialista.
Vale a pena visitar o fim da feira. A expressão denota algo ruim, mas, no meio das frutas e verduras mais feias, estão alimentos próprios para o consumo. E, o melhor: mais baratos!
2. Coma o bastante (nem mais, nem menos)
Essa dica vale para o bolso e para a pança: a comida não deve empanturrar, apenas saciar. Segundo Souza, o hábito de encher o prato pode ser um problema financeiro e gerar dores de cabeça futuras.
A primeira é o peso na consciência decorrente do desperdício, que é moralmente reprovável, segundo a especialista, visto que vivemos em um mundo em que pessoas morrem de fome. A outra é o desperdício de dinheiro, visto que está se pagando por algo que será descartado. A terceira são os desdobramentos na saúde de curto, médio e longo prazo: Souza afirma que não há motivo para comer muito e se sentir mal depois, muito menos prejudicar a própria saúde por isso.
3. Entenda a origem e o destino da alimentação
A essência do minimalismo é pensar em toda cadeia produtiva e nos impactos que o produto tem.
“A comida não chegou no prato magicamente. Há toda uma indústria e um mercado por trás e escolher quais negócios nós queremos consumir e apoiar é muito importante”, diz.
4. Não tenha medo de reutilizar
A reutilização já é naturalizada quando se fala do destino correto do lixo. Mas você sabia que é possível reutilizar também os alimentos?
“Quando a gente tem um arroz ou salada sobrando, por que não usar a criatividade e a internet a nosso favor em vez de jogar comida fora? É uma excelente oportunidade de aprender uma receita nova, em que se reutiliza aquele alimento”, exemplifica a especialista.
Para ela, o congelador é um aliado poderoso na hora de poupar alimentos e manter sua qualidade. Assim, é possível fazer uma refeição preparada durar por muito mais tempo e ser acessada no futuro, só precisando de uma requentada. “E, com isso, a gente economiza não só dinheiro, mas tempo, que também é um pilar minimalista”.
5. Faça listas (e as siga)
Mais do que fazer uma lista de compras, é preciso fazer uma lista de compras assertiva. Cada pessoa e cada família tem sua média de gastos com alimentação. Por isso, é preciso que cada família conheça o que come e seu orçamento para torná-los compatíveis.
“Uma pessoa que mora sozinha tem uma alimentação completamente diferente de quem é casado e tem filhos. Então, essa lista de compras tem que ser real. Não porque você pegou na internet ou porque o pessoal tá falando que você precisa comer”, aconselha Souza.
Com a lista de compras, é possível procurar as opções mais saudáveis e prioritárias, além de buscar os melhores preços. Além da famosa pesquisa de preços, é possível encontrar novas formas de comprar comida boa e barata, como serviços de entrega de orgânicos realizados por pequenos produtores.
6. Planeje um cardápio
Se planejar os gastos é necessário para ter uma boa relação com o dinheiro, planejar seu menu vai ajudar a lidar melhor com a comida. A partir da lista, é possível imaginar e projetar o que será feito durante a semana. Às vezes, o cardápio vem antes da lista. Em outros casos, as compras precedem o menu.
O que importa é lembrar de usar sempre a criatividade e a organização para comer bem e encontrar o necessário no que já existe. “E aí, a gente vai também aprendendo a substituir os alimentos de acordo com a estação, que também é uma premissa bem minimalista. As comidas da época são mais baratas, fáceis de achar e estão mais gostosas”, conclui.
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