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7 em cada 10 transações bancárias são feitas pelo celular. Saiba como garantir a sua segurança

Investimento em segurança digital, biometria e criptografia aumentou a confiança da população sobre usar o celular para operações financeiras

Mulher jovem no celular
No Brasil, 7 em cada 10 faz transação bancária pelo celular. Foto: Divulgação

Usar o celular para quase tudo traz facilidades e riscos. Segundo especialistas em finanças, o aparelho passou a ser cada vez mais utilizado para fazer transações bancárias. O investimento em segurança digital, biometria e criptografia aumentou a confiança da população sobre o celular, mas ainda é preciso cuidado por parte dos usuários para garantir a segurança.

Houve um aumento de 251% no volume de transações bancárias por meio de smartphones entre 2019 e 2023, de acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, feita pela Deloitte. Em paralelo, o volume de transações totais dobrou no mesmo período. Esse movimento também alcança os aplicativos financeiros nos celulares, cujo aumento foi de 68% na conversão de remarketing no primeiro trimestre deste ano, conforme o relatório State of App Marketing Brasil 2024, da AppsFlyer.

“Isso explica o fato do brasileiro gostar tanto de aplicativos e estar sempre testando e adotando essa tecnologia. Isso também incentivou os bancos a focar no desenvolvimento desses aplicativos, onde o usuário é mais leal — ele já está com o app instalado e pode receber comunicação via push — e mais rentável”, afirma Otávio Tranchesi, líder financeiro da AppsFlyer. 

Por que fazer transações bancárias pelo celular?

Para a professora de finanças da ESPM Sheila Maia, a praticidade da ferramenta no aparelho eletrônico explica essa tendência, além das características entre as gerações da sociedade. “A geração mais jovem tem uma tendência a adotar tecnologias novas mais rapidamente. Acredito, também, que pessoas que têm estilos de vida ocupados preferem a comodidade e velocidade para fazer transação bancária pelo celular”, destaca ela.

Outro aspecto pode ser observado entre as diferentes classes sociais e condições socioeconômicas. “As classes médias e altas têm mais acesso a smartphones modernos e estão mais familiarizadas com a tecnologia. O que não impede que a camada da sociedade com um menor poder aquisitivo tenha comportamento semelhante quanto ao uso da tecnologia, dada a busca por velocidade e conveniência desse tipo de transação bancária.”

Já Araújo ressalta que esse comportamento pode ser mais visto na classe média baixa por alguns motivos. “Esse é um comportamento que vemos em todas as camadas da sociedade, mas principalmente na classe média baixa, onde o acesso ao computador não é muito comum, sendo as únicas opções de acesso para transações bancárias o celular ou visitar uma agência”, observa.

E a segurança?

Além do comportamento, outro fator relevante nessa equação é o investimento dos bancos nos aplicativos financeiros, como aprimoramento de interface e aumento de segurança digital com biometria, senha e criptografia.

“O avanço da tecnologia e a disponibilização de aplicativos bancários com uma interface intuitiva e segura incentiva os clientes a realizar uma transação bancária pelo celular. Um fato importante é que o sistema bancário tem investido em segurança digital, incluindo autenticação biométrica e criptografia, aumentando a confiança dos usuários em realizar transações pelo celular”, afirma Maia.

Para garantir a segurança, Araújo recomenda um passo a passo para que o usuário não caia em golpes ou fraudes durante a transação bancária pelo celular:

  • O dispositivo deve estar protegido contra ações maliciosas, o que inclui a instalação de um antivírus confiável e a atualização constante do sistema operacional e aplicativos;
  • O usuário deve ter cautela ao navegar na web e baixar aplicações, restringindo-se a fontes e lojas de aplicativos oficiais;
  • A utilização de proteções como senha, autenticação por biometria e métodos de autenticação de dois fatores fornece barreiras adicionais contra acesso não autorizado. 
  • Nunca se deve armazenar informações de login de forma desprotegida no dispositivo;
  • Usar sempre o aplicativo oficial do banco para quaisquer transações.

Afinal, quais são os riscos?

Segundo Maia, o aparelho eletrônico está sujeito a ataques de phishing, o que pode levar a vazamentos de informações pessoais e financeiras a criminosos. “Também pode ficar exposto a vírus que rouba informações da transação bancária. Essas informações podem ser usadas para fraudes financeiras se caírem nas mãos de pessoas erradas”, aponta ela.

Outra fragilidade do celular é no caso de perda ou roubo do aparelho. “Os dados financeiros armazenados podem ser comprometidos, especialmente se medidas de segurança não forem utilizadas.”

Em março, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o aplicativo Celular Seguro para coibir que as informações de um aparelho roubado sejam vazadas. “O aplicativo usa uma tecnologia para comunicar o crime e, ao mesmo tempo, acionar bloqueios do próprio aparelho, dos aplicativos bancários e de eventuais acessos disponíveis no dispositivo móvel”, conforme descrição do programa do governo.

Essa foi a saída encontrada pelas entidades setoriais, agências reguladoras e empresas de telefonia e de tecnologia junto ao Ministério da Justiça para combater o roubo e o furto de aparelhos celulares no País.

“Embora seja verdade que as plataformas móveis em geral possuam controles de segurança robustos, elas permanecem suscetíveis a ameaças. O risco de softwares mal-intencionados, embora comparativamente menor do que em computadores, se mantém presente, com a crescente sofisticação de ataques phishing direcionados a usuários de celular”, diz Araújo.

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