Profissional freelancer: 9 dicas para se preparar e viver a profissão
Quer ter flexibilidade para ter a própria rotina e participar de projetos dos quais goste? Veja o que considerar para realizar essa transição
Por Marília Almeida
Ter flexibilidade de horários e fazer projetos dos quais goste sem ficar “amarrado” a uma empresa é atraente mesmo na era do trabalho híbrido. E ser um profissional freelancer é um regime de trabalho que permite alcançar este objetivo.
Mas trabalhar para diversas empresas de forma pontual envolve riscos. O principal deles é a queda na demanda pelo trabalho, especialmente em períodos de crises da economia. Consequentemente, se tornar freelancer exige uma preparação financeira para que a ausência de rotina não se torne um pesadelo recheado por dívidas.
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Como se preparar financeiramente para ser um profissional freelancer
É a preparação financeira que irá tornar mais fácil obter controle emocional em momentos de baixa de oferta de trabalhos. Afinal, não há nada mais nocivo para uma trajetória profissional do que a ansiedade provocada pela falta de renda, aponta Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira certificada pela Planejar. “Pela pressão de fechar negócios, o profissional tem grandes chances de tomar uma decisão indevida”.
Veja abaixo as dicas de planejadores financeiros e quem optou por encarar a vida como freelancer para não passar apuros nesta transição:
1. Pesquise e seja realista
Antes de tomar qualquer decisão que vá mudar, e muito, a sua vida financeira, é indicado pesquisar e falar com outros profissionais de sua área de atuação, indica Guimarães, sócia da HCI Invest.
É importante saber quanto se paga por cada trabalho em empresas diferentes, quanto tempo demoram para realizar o pagamento pelo serviço, quais as dificuldades em conseguir trabalhos e se a sua área de atuação tem demanda por esse tipo de trabalho ou não. “Dessa forma, é possível estimar o risco da mudança e vida”.
Ter uma boa rede de contatos, inclusive um entre os quais você possa recorrer em momentos difíceis, já que tem maior demanda por freelancers, ajuda, e muito, a ter mais conforto financeiro para fazer a escolha.
2. Crie uma reserva de emergência
Ponderou todas as vantagens e desvantagens, mas deseja seguir em frente? Criar uma reserva de emergência que permita manter o padrão de vida por seis meses a um ano é o primeiro passo para quem deseja se tornar um profissional freelancer. Os recursos devem ser aplicados em investimentos líquidos e de baixo risco.
O profissional deve encarar o movimento como uma transição de carreira, ainda que vá atuar na mesma área e setor. Portanto, ter uma reserva financeira é fundamental, diz Guimarães, da HCI Invest.
“O ideal é ter dinheiro para cobrir custos por pelo menos um ano, que é o tempo máximo no qual as pessoas conseguem se recolocar no mercado”.
Eliane Tanabe, planejadora financeira certificada pela Planejar, aponta que o profissional que não tem uma reserva de emergência vive “apagando incêndio”. “Quando não tem projeto ele estoura o cartão. Até que vem o dinheiro a mais e ele paga o cartão e os juros. Mas logo vem outro sufoco”.
3. Inclua plano de saúde e outros benefícios na conta
Uma grande empresa costuma oferecer diversos benefícios a seus profissionais, como plano de saúde, vale refeição e alimentação, auxílio internet e fundo de previdência. Como freelancer, você não terá acesso a estes benefícios. Por isso, esses gastos devem ser incluídos em seu orçamento mensal.
Alguns deles, como plano de saúde, terão potencialmente um custo maior do que o valor que seria subsidiado pela empresa. Portanto, faça pesquisas de preço de cada um deles, e se prepare para pagá-los.
4. Organize o orçamento e tenha disciplina
O trabalho como freelancer demanda uma organização do orçamento mais rígida do que a de um trabalhador CLT, aponta Guimarães, da HCI Invest.
Especialmente nos dois primeiros anos, até se consolidar na atuação neste novo regime de trabalho, é necessário reduzir despesas fixas.
Além de reduzir despesas fixas, é indicado não ter muitos gastos variáveis nos primeiros anos, como viagens, presentes e idas a restaurantes.
“É necessário estimar o pior cenário em relação aos ganhos e verificar se você conseguirá sobreviver com esse valor”, diz Guimarães.
5. Prefira ter um planejamento anual
O profissional freelancer precisa aprender a lidar com as altas e baixas da demanda pelo seu trabalho. Como existe essa sazonalidade, nada melhor do que ter um planejamento anual, e não mensal, para lidar com ela.
É o que indica Eliane Tanabe, planejadora financeira certificada pela Planejar. “Entenda como você gosta de viver e qual o custo disso. A partir daí você saberá quanto de renda precisa ter por mês”.
Com esse valor em mente, some tudo o que ganhar no ano e divida por 12. O resultado deve ser suficiente para cobrir esse padrão de vida.
6. Tenha controle emocional
Um regime de trabalho movido por altas e baixas na demanda por trabalhos exige um bom controle da ansiedade, aponta Tanabe.
“Muita gente, quando finalmente recebe um valor mais alto do que a média por um trabalho, deseja gastar com uma viagem porque tem o sentimento de merecimento. Mas é necessário pensar duas vezes e entender que pode ser difícil obter o mesmo valor nos próximos projetos”.
7. Usou a reserva? Recomponha o valor
O freela demorou mais do que o esperado para realizar o pagamento? Basta usar a reserva de emergência.
No mês seguinte, ganhou o dobro da renda? Não se anime, recomponhe o valor da reserva. Caso contrário, ficará cada vez mais difícil guardar o valor em um cenário de renda volátil.
Se entrou dinheiro a mais, e a reserva de emergência está intacta, aplique para atingir objetivos financeiros, como a aposentadoria ou a compra de uma casa, diz Tanabe, da Planejar. “O profissional precisa ser capaz de gerar sobras. A reserva financeira para um ano é o valor mínimo recomendado. Tudo o que puder ser investido a mais, melhor”.
8. Prefira pagamentos mensais
Quem tem mais dificuldades para se organizar pode optar por freelancers que durem alguns meses.
Neste caso algumas empresas podem optar por pagar 50% do valor do serviço no início e os 50% do restante ao fim do projeto. Mas Guimarães, da HCI Invest, aponta que é preferível receber pagamentos mensais. “Caso contrário, será necessário administrar muito bem o dinheiro para que dure até o final do projeto”.
9. Diversifique os trabalhos
Em um período de seca de trabalhos, por que não pensar em criar uma nova fonte de renda?, provoca Tanabe, da Planejar. “A pandemia mostrou que um setor inteiro pode parar, e quem depende apenas dele ficará totalmente sem renda. Portanto, busque realizar trabalhos diferentes do que está acostumado como forma de se preparar para períodos extremos”.
Ela dá como exemplo quem trabalha no setor de eventos. “Fazer shows, eventos corporativos e casamentos não é diversificar: todos estão dentro do mesmo setor. Tente começar a fazer bolo, dar aula ou ter um site de comércio eletrônico também”.
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