Organizar as contas

Com a bandeira tarifária vermelha, como economizar na sua conta de luz?

Conta de luz deve ficar mais cara em todo o País em setembro

Pela primeira vez em mais de três anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o mês de setembro. Com isso, a conta de luz deve ficar mais cara, com um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Essa medida é tomada por causa da falta de chuvas e do menor nível das represas. “Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o País, faz com que as termelétricas, que têm energia mais cara que as hidrelétricas, passem a operar mais”, cita a Aneel.

A agência alerta para a necessidade do uso responsável de energia elétrica. “A orientação é utilizar a energia de forma consciente e evitar desperdícios que prejudicam o meio ambiente e afetam a sustentabilidade do setor elétrico como um todo”, acrescenta a Aneel.

A alteração da bandeira tarifária deve ter um impacto direto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de setembro. Segundo cálculos do economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, o impacto deve ser de uma alta entre 0,45 e 0,50 ponto porcentual. Ele acrescenta que agora aumentam as chances de a bandeira tarifária da energia não ser verde ao final do ano, o que tende a elevar as estimativas para o IPCA cheio de 2024. Um alerta vermelho também para as finanças.

Mudanças climáticas aumentam incertezas sobre custo da energia

As mudanças climáticas podem tornar mais frequente a adoção das bandeiras tarifárias especiais pela Aneel e diminuir a previsibilidade quanto ao custo da energia, afirma Marciliano Freitas, CEO da Desperta Energia. Ele lembra que até agosto, quando a bandeira tarifária estipulada foi amarela, o País convivia com a bandeira verde, e sem alertas de que isso poderia mudar. Em setembro, a mudança já veio diretamente para a bandeira vermelha patamar 2, o nível mais alto de preço.

“Dois meses atrás, estávamos falando que tivemos um ano e meio de reservatórios excepcionalmente cheios, sem problema nenhum. Em 60 ou 90 dias, houve uma forte inversão de sinal. Isso leva a crer que o seguro que temos hoje, que é o volume de energia acumulado nas hidrelétricas, é muito mais volátil do que era no passado”, diz.

Essa alteração rápida do cenário, diz ele, indica que a modelagem está “mais frágil”. “O modelo é baseado em um histórico longo de décadas, e estamos passando por mudanças climáticas bem mais rápidas”, afirma.

Como economizar energia

Em meio à onda de calor e ao aumento da tarifa, consumidores buscam formas de economizar energia para não sentir no bolso um impacto tão grande. Mauro Fukunaga, gerente de planejamento da Safira Solar+, lista algumas dicas:

  • Para quem usa chuveiro elétrico, ajuste a temperatura e reduza o tempo de banho;
  • Em caso de uso do ar condicionado, feche janelas e isole o ambiente. Outra opção é substituir o aparelho por ventiladores de alta eficiência ou aproveitar a ventilação natural;
  • Aproveite a luz natural do dia para iluminação de ambientes;
  • Regule o termostato dos refrigeradores;
  • Retire da tomada os aparelhos eletrônicos em stand-by;
  • Otimize o uso de eletrodomésticos, como aproveitar a capacidade total em lavadora de roupas, lavadora de louças, ferro de passar roupas, etc;
  • Pondere o uso de fornos elétricos, airfryer e similares, considerando o uso do forno a gás;
  • Desligue todos os aparelhos (luzes, ar-condicionado, ventiladores, TV, etc.) de cômodos que não estão em uso;
  • Troque lâmpadas comuns por lâmpadas de LED;
  • Opte por aparelhos com o Selo Procel, que possuem etiquetagem de eficiência em consumo de energia;
  • Instale sensores de presença em áreas de passagem;
  • Instale mantas isolantes para conforto térmico.

Energia solar vale a pena?

Com a queda de custo de instalação e novas formas de acesso, a energia solar tem crescido no País. O Brasil ultrapassou a marca histórica de 40 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia solar fotovoltaica, o equivalente a 17,4% da matriz energética brasileira, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).

Para empresas que atuam no setor, a determinação da bandeira vermelha agora pode impulsionar ainda mais esse crescimento. “Além do aumento do custo pela bandeira vermelha, que já é forte, ainda há a incidência de imposto [sobre a tarifa]. Isso vai gerar um susto na conta, e esperamos um interesse maior pela energia solar”, diz Freitas.

Mauro Fukunaga, gerente de planejamento da Safira Solar+, também vê a perspectiva de aumento da demanda. “Com a troca de bandeira, consumidores começam a prestar mais atenção à despesa com energia elétrica e acabam procurando soluções para otimizar este valor”, comenta.

Para quem tem espaço, dinheiro ou acesso a crédito, a instalação de placas solares em casa pode ser uma opção. Segundo Freitas, o custo de instalação de sistemas solares caiu e hoje o retorno sobre o investimento está estimado entre dois e dois anos e meio.

Já quem não tem essas opções pode contar com o serviço de geração distribuída, modelo que vem sendo chamado de “energia por assinatura”. Nesse caso, não é necessário instalar nenhum aparelho em casa – o cliente apenas contrata a energia produzida em uma usina solar e tem esse valor abatido da conta de energia tradicional.

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