Como o endividamento recorde no Brasil mexe com o seu bolso?
Número de endividados teve o terceiro aumento consecutivo; total de inadimplentes alcançou marca histórica. Veja como não fazer parte dessas estatísticas.
O número de famílias endividadas atingiu o recorde em setembro, assim como o número de inadimplentes. Foi essa a conclusão do último levantamento da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o estudo, 79,3% dos lares brasileiros têm dívidas a vencer; trata-se do terceiro aumento consecutivo. Já as famílias com contas em atraso somam 30% – o maior percentual da série histórica iniciada em 2010.
Com os brasileiros cada vez mais tendo que lidar com dívidas, encaixá-las no orçamento virou parte fundamental de um planejamento financeiro. Abaixo estão listadas algumas dicas de especialistas para te ajudar a resolver – e evitar – as contas batendo à porta.
O que é a reestruturação de dívidas?
De acordo com a última Peic, o aumento de endividados se deveu à maior contratação de dívidas entre consumidores de renda média e baixa. Nesse espectro, está um fenômeno conhecido como reestruturação de dívidas, o que na prática significa tomar um empréstimo para pagar outro.
Como o juros do crédito consignado tende a ser os mais baixos do mercado, é comum que ele seja o escolhido para quitar dívidas feitas anteriormente.
Porém, o professora da B3 Educação, André Massaro, lembra que as parcelas previstas no começo do consignado podem ter aumento de valor durante o período de empréstimo, variando de acordo com a redefinição da taxa básica de juros (Selic).
Desse modo, a recomendação de Massaro é fazer um planejamento financeiro antes de contratar o consignado e se certificar se haverá dinheiro para pagar esse empréstimo.
Como fazer um planejamento financeiro?
Segundo Teco Medina – palestrante, escritor e apresentador da Rádio CBN – o grande problema do brasileiro é não ter o hábito de fazer um orçamento pessoal.
A boa notícia é que algo muito simples; para começar, basta anotar numa planilha ou outro tipo de documento o quanto se gasta e o quanto se ganha.
Medina também observa que, enquanto é mais difícil otimizar a renda – tendo em mente que aumentos de salário se dão só uma vez por ano -, o corte de gastos costuma ser o principal meio de balancear um orçamento e evitar as dívidas.
Como se livrar das dívidas?
A recomendação de Júlia Athayde, responsável de negócios no Minhas Economias, é semelhante à de Medina: fazer um orçamento pessoal é o mais importante na hora de controlar dívidas.
Além de contabilizar ganhos e gastos, também é importante entender o fluxo das despesas. Segundo Athayde, é recomendado analisar todas as contas dos últimos meses e agrupá-las por categorias, como moradia, lazer e saúde. Isso permite entender aonde o dinheiro está indo e encontrar oportunidades de economia.
Nesse sentido, outra recomendação é estabelecer limites de gastos para cada categoria, valores que variam de acordo com cada pessoa ou família. Porém, o que sempre deve acontecer é ter despesas menores que os ganhos. Quando isso acontece, fica mais fácil poupar e investir.
Devo investir se tiver dívidas?
Segundo Bernardo Pascowitch, fundador do YUBB, a inadimplência deve ser vista como um impedimento a quem quer começar a investir, já que o juros a ser pago num empréstimo tende a ser maior que o retorno de um investimento.
Já as dívidas não são um impedimento contra o hábito de investir, pois se alguém paga as parcelas de um financiamento ou empréstimo sem atrasos, então essa despesa já está bem ajustada no orçamento.
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