Como refinanciar veículos? Vale a pena?
Demanda pela linha de crédito aumentou, mas poucos proprietários de carros conseguem, de fato, o empréstimo. Confira!
Por Marília Almeida
O orçamento mensal apertou porque surgiu uma necessidade urgente? Contudo, você não quer vender o seu carro, pois precisa dele para trabalhar ou outra necessidade especial? Refinanciar o veículo pode ser uma saída.
Mas é necessário diminuir as expectativas. Apesar do aumento da demanda pela linha de crédito, que dobrou em relação ao ano passado, são poucos os donos de carros que conseguem, de fato, o empréstimo. É o que aponta Priscilla Basso, coordenadora de crédito da Melhortaxa. “A condição para refinanciar o carro são as mesmas que para financiar um: precisa ter um bom score, ser assalariado e não ter nome sujo no Serasa”.
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Antes, os bancos aceitavam scores de crédito a partir de 200 ou 300, mas a régua subiu, diz Basso. “Hoje, o mínimo aceito é 400 a 450”. Além disso, aponta, o uso de cartão de crédito e cheque especial são incluídos no nível de endividamento. “As parcelas do refinanciamento do carro não podem ser equivalentes a mais de 30% da renda. Se o proprietário do bem já tem dívidas, as parcelas terão de ser menores do que 30% da renda”.
Como nesta linha de crédito o carro é dado como garantia do empréstimo ao banco, o bem precisa estar, naturalmente, quitado. Todas estas exigências fazem com que, de cerca de 300 pedidos de refinanciamento de veículos recebidos por mês pelo comparador de financiamentos, apenas 3 conseguem, efetivamente, o crédito.
O dinheiro recebido do empréstimo pode ser usado para o que o proprietário quiser: pagamento de dívidas, etc.
Quais são as condições para refinanciar o carro?
Caso o proprietário do veículo passe pelo filtro de exigências para acessar o crédito, encontrará taxas de juros entre 1,49% e 4,26%, conforme o seu score de crédito. Bancos como Caixa e BV, além da fintech Creditas, oferecem o crédito.
O prazo máximo do crédito é de 60 meses, e alguns bancos podem aceitar um valor máximo de carro equivalente a R$ 190 mil. O bem não pode ter impostos em atraso, como IPVA.
Geralmente, o crédito oferecido é equivalente a 60% do valor do carro. Para um veículo de R$ 60 mil, portanto, o crédito concedido será de R$ 36 mil. Para um veículo no valor de R$ 40 mil, será R$ 24 mil.
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Para refinanciar o carro, é necessário que o bem passe por uma avaliação do banco, que utiliza como base a tabela Fipe, e também que seja transferido para a instituição financeira. Esses processos têm custos que devem ser considerados pelo tomador do crédito.
Como o bem é tomado pelo banco no refinanciamento?
Caso três parcelas do refinanciamento do veículo não sejam pagas no prazo, o banco pode entrar com uma ação na Justiça para tomar o bem.
De posse do veículo, o levará a leilão para venda, aponta Ione Amorim, coordenadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). “No leilão, o carro pode ser vendido por um preço menor do que o seu valor de mercado”.
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O proprietário pode ter ainda de arcar com os honorários advocatícios do banco, o que irá diminuir ainda mais o valor recebido.
Por fim, terá de pensar em arcar com os custos de um seguro, pois, caso aconteça algo com o carro, terá de prestar contas ao banco.
Vale a pena refinanciar o carro?
Diante de tantos custos e riscos, é necessário refletir bem se a linha de crédito é a mais adequada à necessidade.
Se o intuito é pagar dívidas caras, como cheque especial e cartão de crédito, é melhor renegociar essas dívidas do que pegar uma outra para quitá-las, conclui Amorim.
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Ou seja, se o motivo não for urgente, pode fazer mais sentido vender o carro e posteriormente financiar outro. O financiamento de veículos novos costuma ter taxas menores, de 2%, em média, aponta a coordenadora do Idec.
“Uma taxa de 2% ao mês significa pagar 24% de juros ao ano. Se for 4% ao mês, são 48% ao ano. Ou seja, ao final do empréstimo será pago mais um carro na forma de juros. A linha é mais barata do que a do crédito pessoal, mas mais cara do que o financiamento de veículo”.
Para quem acredita que todos os custos vão ser quitados no momento em que o banco tomar o bem, Amorim alerta que o banco tomar o bem não necessariamente extinguirá toda a dívida. “Como o bem se desvaloriza a cada ano, o proprietário pode perdê-lo e ainda assim ter saldo da dívida para pagar”.
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